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A genética influencia a resposta e os efeitos colaterais dos remédios

Reação a medicamentos utilizados em áreas tão diversas como cardiologia, gastroenterologia e psiquiatria é mediada pelo nosso genoma e um gene em específico

Por Marcelo Sady, biólogo especialista em genética*
14 dez 2021, 10h39
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  • Você já se perguntou por qual motivo aquele remédio que controla tão bem a ansiedade e a insônia da sua amiga, ou ainda trata o refluxo ou a micose do vizinho, não faz o menor efeito em você?

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    A verdade é que a eficácia, bem como as reações adversas, de diversos tratamentos farmacológicos depende de muitos fatores. Há aqueles associados aos próprios medicamentos (capacidade de absorção, distribuição e metabolismo) e aqueles que dizem respeito ao nosso organismo.

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    Nesse segundo grupo, temos a idade, o gênero, o estado de saúde, a etnia e, claro, os genes. A variabilidade genética interfere na resposta ao remédio e em seus possíveis efeitos colaterais. Estima-se que ela seja responsável por até 95% da variação na disponibilidade e nos efeitos de alguns fármacos dentro do corpo.

    Muitas vezes, isso acontece em razão de polimorfismos, que são variações nas sequências genéticas, de um gene, o CYP2C19. Isso influencia como o organismo vai reagir a medicações frequentemente usadas na gastroenterologia, na cardiologia, na psiquiatria, na oncologia e na micologia.

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    Uma revisão publicada em 2018 confirmou que as alterações relacionadas a esse gene desempenham um papel importante na eficácia e no uso seguro de muitos medicamentos.

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    No caso de problemas gástricos, o gene CYP2C19 está envolvido no metabolismo dos inibidores de bomba de prótons, que agem bloqueando a etapa final da liberação do suco gástrico (é o caso do omeprazol e congêneres). Essa resposta pode influenciar, assim, o tratamento de gastrite e refluxo e a prevenção de úlceras e outras complicações.

    O gene CYP2C19 e a enzima codificada por ele também participam da ativação e atuação do clopidogrel, medicamento para fins cardiológicos, podendo gerar mais ou menos reações adversas a depender do alelo (a forma alternativa do gene) que a pessoa carrega.

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    Esse trecho do DNA também afeta o tratamento com antidepressivos e a terapia de reposição com metadona, usada para dor aguda e crônica, bem como a profilaxia com voriconazol, um agente antifúngico.

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    Raciocínio parecido se aplica ao tratamento do câncer de mama. Dependendo do alelo, ficou demonstrado que a paciente pode ter melhor sobrevida e maior tempo livre da doença quando tratada com tamoxifeno, medicamento que ajuda a impedir o crescimento do tumor e é um complemento às cirurgias e à quimioterapia.

    Por conta de todas essas implicações, uma solução seria a introdução de testes farmacogenéticos na prática médica. Essa estratégia seria uma forma de minimizar os resultados negativos de alguns tratamentos, potencializar o número de pacientes com benefícios e reduzir os custos desnecessários ao sistema de saúde.

    * Marcelo Sady é pós-doutor em genética toxicológica e humana e diretor-geral e consultor científico da Multigene

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