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A constância na terapia ainda é um grande desafio para os pacientes

Abandonar a rotina de consultas compromete um trabalho que leva tempo para trazer seus melhores resultados

Por Beatriz Brandão, psicóloga*
7 abr 2024, 10h00
terapia-constancia
A terapia precisa de tempo e constância para trabalhar as questões psicológicas do paciente. (Montagem: Veja Saúde/Veja Saúde)
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A busca por apoio psicológico tem se tornado cada vez mais comum à medida que as pessoas reconhecem a importância de cuidar de sua saúde mental. Na pandemia, por exemplo, a Associação Brasileira de Psicologia da Saúde revelou que 83,5% dos psicólogos receberam uma demanda maior de pacientes entre 2020 e 2021.

No entanto, nem mesmo o período de perdas pela Covid-19 e de mudanças drásticas na rotina de isolamento social foram capazes de acabar com o único desafio persistente no campo da psicoterapia: a falta de constância nas consultas.

Para ter uma ideia, o “Panorama da Saúde Mental 2023”, feito pelo Instituto Cactus e o AtlasIntel, revelou que, entre as pessoas que fazem psicoterapia no Brasil, 56,9% frequentam as sessões há mais de um ano. 

Apesar de ser a maioria, a pesquisa mostrou que o maior grupo que marca presença nas consultas são jovens e mulheres acima dos 16 anos. Enquanto isso, apenas 16% dos homens adultos frequentavam a terapia em 2022, segundo levantamento do Instituto Ideia.

+Leia também: Empresas, juntem-se à causa da saúde mental no trabalho

Mesmo que a presença na terapia seja reforçada pelos profissionais desde a primeira sessão, muitos pacientes deixam de comparecer regularmente às consultas ou apenas interrompem o tratamento prematuramente.

A verdade é que ainda existe um tabu em relação à busca de ajuda psicológica. Isso leva as pessoas a subestimar a importância de um compromisso regular com a terapia e a abandonar o tratamento antes de colher os benefícios, já que as expectativas irrealistas de obter resultados rápidos servem apenas para provocar a frustração.

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Entre os principais desafios da presença nas sessões, destaco:

  • O estigma cultural, já que algumas pessoas são relutantes simplesmente pela vergonha de buscar ajuda.
  • A falta de compreensão concreta sobre a terapia, suas alternativas e seus resultados.
  • A experiência negativa em consultas passadas. 
  • As barreiras práticas, como falta de tempo ou dificuldades financeiras.

Seja qual for o motivo, a frustração de não conseguir alta é um medo iminente nas pessoas. Então, por que insistir em continuar com as consultas?

Em primeiro lugar, a psicoterapia envolve a construção de um relacionamento de confiança entre o paciente e o psicólogo, que exige a dedicação de ambas as partes. A terapia requer um compromisso contínuo para que os diagnósticos sejam investigados, as técnicas sejam abordadas e que os resultados sejam alcançados.

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A consistência nas sessões também permite abordar questões de forma progressiva, acompanhando a evolução do paciente ao longo do tempo. Seria lindo se a psicoterapia fosse um processo rápido. Aliás, seria lindo se toda área da saúde fosse tão prática assim. 

Mas, na maioria das vezes, são necessárias várias sessões para compreender os desafios emocionais do paciente, reavaliar estratégias clínicas, prepará-lo para o dia a dia e, se for o caso, reajustar medicamentos.

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Do contrário, a interrupção frequente do tratamento pode levar a um ciclo de recomeço, onde o paciente precisa relembrar e reintroduzir questões já discutidas, retardando o progresso terapêutico e, principalmente, resultando em mais desencanto pelo processo.

A constância em consultas de terapia é o primeiro passo para que o paciente se sinta mais à vontade para explorar suas questões pessoais ao lado do terapeuta e, fortalecendo esse vínculo de cuidado com a saúde mental, aprenda a direcionar seu comportamento e suas dificuldades.

*Beatriz Brandão é psicóloga especialista em Psicologia Clínica

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