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A Black Friday e os gatilhos para ansiedade e compra compulsiva

Período de descontos e ofertas pode desatar comportamentos compulsivos, com prejuízo ao bolso e ao bem-estar mental, alerta psicóloga

Por Fabiana Cristina de Souza, psicóloga*
Atualizado em 26 nov 2020, 10h09 - Publicado em 26 nov 2020, 10h02
o que quer dizer black friday
Compradores compulsivos sofrem ainda mais em períodos de promoção. (Ilustração: VEJA SAÚDE/SAÚDE é Vital)
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Um dos dias mais aguardados no ano por lojistas e consumidores, a Black Friday marca o início da temporada de compras natalinas. Em 2020, há a expectativa de que o evento seja a maior edição digital da história entre os brasileiros, que estão comprando muito mais pela internet desde o início da pandemia. Só em setembro, de acordo com relatório da Conversion, as maiores lojas virtuais do país registraram 1,21 bilhão de acessos, mantendo uma média que levou o e-commerce a outro patamar.

No entanto, à medida que muitos brasileiros usufruem dessa facilidade pela primeira vez, é preciso diferenciar o que é compra necessária do que pode ser o início de uma compulsão. Às vésperas da Black Friday, muitos desses consumidores que tiveram essa primeira experiência de compra online vão viver a expectativa de aproveitar o período de grandes descontos também pela primeira vez.

Embora seja obviamente um momento estratégico para adquirir aquele item desejado por um bom preço, também é uma fase de alerta para quem já exagerou algumas vezes nas compras online, inclusive porque a imensa variedade de itens e descontos pode ser um gatilho para desenvolver uma compulsão por compras.

Promoções como a Black Friday podem afetar o público interessado em adquirir um ou mais itens. Esse tipo de evento mexe com as pessoas, que acabam comprando itens desnecessários, pelo simples fato de estar em um valor vantajoso, sem avaliar sua real necessidade. É importante ficar atento ao seu orçamento e às suas demandas e pesquisar se o valor do produto está mesmo abaixo do que o padrão. Tudo isso para não cair no deslumbramento das promoções e acabar com as contas no vermelho.

Geralmente, uma pessoa com transtorno compulsivo por compras é inibida da sensação de prazer — isso faz com que uma compra nunca seja o suficiente. Ela sempre precisará de mais, mas nunca estará satisfeita. É totalmente o contrário da sensação prazerosa de comprar itens que preencham desejos ou sonhos de serem conquistados. Para o compulsivo, não há limite. Por isso, a compulsão é tratada como um distúrbio, podendo causar desconforto psicológico, inquietação e sintomas de depressão.

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Mas o que acontece na cabeça do compulsivo? Uma região chamada amígdala, localizada em uma parte profunda do cérebro, entende sinais sensoriais do ambiente e os interpreta como alertas, nos deixando na defensiva. Além disso, o hipocampo, ligado à memória emocional, sofre quando a ansiedade ocorre por momentos longos e intensos. Ele vai reduzindo de tamanho, o que provoca, com o tempo, problemas de concentração.

O cortisol, a noradrenalina e a adrenalina, substâncias que causam tensão e taquicardia, são liberados e se mostram a combinação perfeita para que crises de ansiedade aconteçam. Ou seja, a amígdala identifica a necessidade de algo e cria um estado de alarme, ao passo que essas moléculas são as responsáveis pela intensidade da resposta compulsiva.

É preciso estar atento a sintomas que denotam um nível grave de ansiedade e compulsão por compras. A ajuda médica e psicológica é a melhor saída para tratar o transtorno que assombra a vida dos brasileiros, já considerados o povo mais ansioso do planeta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para evitar a ansiedade e a compulsão por compras, é preciso estabelecer limites e disciplina e buscar alternativas de relaxamento, como técnicas de respiração profunda, pausas diárias para desestressar, meditação e ioga.

* Fabiana Cristina de Souza é psicóloga, mestre em saúde, interdisciplinaridade e reabilitação e coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Anhanguera, campus Pirituba, em São Paulo

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