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O toque retal ainda é necessário para o rastreio do câncer de próstata?

Uma nota do Ministério da Saúde desaconselha os exames em homens sem sintomas, contrariando a posição da Sociedade Brasileira de Urologia. Entenda

Por João Brunhara
27 nov 2023, 18h15
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  • Boa parte dos homens já incorporou a ideia de fazer anualmente os exames para rastreamento do câncer de próstata a partir dos 45 anos: o toque retal e um exame de sangue chamado PSA. E, para homens com histórico familiar ou afrodescendentes, essa rotina se inicia aos 40 anos.

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    Essa é a recomendação formal da Sociedade Brasileira de Urologia.

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    A premissa é simples: como os sintomas de câncer de próstata são basicamente inexistentes nas suas fases iniciais, a única possibilidade de diagnóstico precoce é flagrar a doença nos exames de rotina.

    Nessa fase inicial, as chances de cura do câncer de próstata superam 90%, enquanto um tumor avançado com metástases, ainda que possa ser controlado, não é mais considerado curável.

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    Porém, uma nota técnica do Ministério da Saúde cita outras evidências e recomenda que o rastreamento não seja feito.

    + Leia tambémEntenda o debate sobre o rastreamento do câncer de próstata no Brasil

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    De fato, existe um debate aberto na literatura médica. Sabe-se que muitas vezes o câncer de próstata é uma doença pouco agressiva, e frequentemente não é a causa de morte de pacientes acometidos.

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    Para ter ideia, enquanto mais de 70 mil homens recebem esse diagnóstico por ano no Brasil, as mortes causadas por ele ficam ao redor de 15 mil por ano.

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    Além disso, dois estudos grandes compararam pacientes que faziam e que não faziam os exames de rastreio e chegaram à conclusão de que fazer os exames de rotina não reduzia significativamente o risco de morrer pela doença em 10 anos. Com base nessas pesquisas, em 2013, a força tarefa de serviços preventivos nos Estados Unidos recomendou que o rastreamento deixasse de ser realizado.

    Porém, os anos passaram e novas evidências se acumularam. Por um lado, falhas metodológicas desses dois estudos ficaram evidentes. Por outro, atualizações dos trabalhos revelaram que, passados os 10 anos iniciais, a mortalidade a longo prazo era menor entre os homens que fizeram rastreamento.

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    + Leia também: Novas evidências a favor da dosagem do PSA para flagrar câncer de próstata

    E mais. Após a suspensão do rastreamento nos Estados Unidos, a incidência de câncer de próstata com metástases (ou seja, espalhado pelo corpo, sem possibilidade de cura) aumentou significativamente naquele país.

    Diante dessas evidências, a própria força-tarefa estadunidense revisou sua posição em 2018, e hoje recomenda que o rastreio seja discutido individualmente com cada paciente, explicando os riscos e benefícios. Ou seja, a nota do Ministério da Saúde está em linha com posicionamentos internacionais de um passado recente, mas não com o que há de mais atual.

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    É verdade que alguns tumores pouco agressivos acabam sendo tratados sem necessidade. Mas atualmente, temos critérios objetivos para poder propor uma vigilância de tais tumores, evitando cirurgias e outras intervenções. E esses critérios vão se aperfeiçoando a cada ano.

    Outro aspecto relevante é que os tratamentos atuais, por exemplo com cirurgia robótica, oferecem resultados com muito menos efeitos colaterais do que as cirurgias do passado.

    Uma visão ponderada sobre assunto é entender que existem riscos e benefícios para cada posição. No caso de não se fazer o rastreamento, corre-se o risco de morrer por um câncer cujos efeitos poderiam ter sido evitados. No caso de se fazer o rastreamento, corre-se o risco de realizar uma cirurgia que poderia ter sido desnecessária.

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    É justo que cada paciente seja informado desses riscos e benefícios e tome uma decisão que atenda seus anseios.

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