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Proibir indicação de anabolizantes para fins estéticos é decisão acertada

Segundo resolução do CFM, médicos não podem mais prescrever tais produtos com essa finalidade. Mas e os “prescritores” que não são médicos?

Por Sidney Klajner
3 Maio 2023, 16h35
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  • No final do ano passado, compartilhei com uma amiga e paciente a tristeza pela morte de seu irmão, um homem de 42 anos que foi vítima de câncer de fígado, associado ao uso de anabolizantes – um dos terríveis efeitos colaterais que podem ocorrer devido à utilização desses produtos.

    Em março, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma resolução que proíbe médicos de prescreverem anabolizantes para fins estéticos.

    A medida é bem-vinda. Muitas pessoas se sentiam seguras porque quem prescrevia a terapia (embora não devesse) era um médico.

    Ainda que o profissional não fosse de alguma especialidade habilitada a atuar nessa área, ver a assinatura com o CRM na receita trazia confiança. Pelo menos no universo médico, a resolução do CFM deve impor um freio nas prescrições dessas substâncias.

    + Leia também: Anabolizantes podem matar e causar dependência, mas uso inadequado sobe

    Mas o fato é que há um batalhão de “prescritores” que não são médicos.

    Não faltam caminhos fora do consultório onde buscar potencializadores de massa muscular ou para eliminar as gordurinhas: nas redes e mídias sociais, nos anúncios de medicamentos, nas páginas de influencers que compartilham as dicas com seguidores, nas academias onde instrutores e alunos mais “experientes” prescrevem suas receitas aos demais…

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    O problema é que milagres não existem, e muitas dessas poções mágicas podem colocar a pessoa rumo ao desenvolvimento de problemas de saúde e efeitos colaterais indesejados.

    O caso das terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes é um exemplo.

    A reposição de hormônios, como a testosterona, tem diretrizes e indicações médicas precisas, mas, entre elas, não está seu uso para fins de estética, ganho de massa muscular ou melhora do desempenho esportivo.

    E quando ocorre algum efeito adverso, é na porta de outros especialistas que os pacientes têm de bater.

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    Cardiologistas, oncologistas, ginecologistas, hepatologistas, entre outros, têm atendido um número crescente de indivíduos com complicações associadas ao uso indevido de hormônios.

    Afinal, a lista de possíveis efeitos colaterais é extensa. Vou citar alguns:

    Um estudo publicado em 2013 na Revista Brasileira de Medicina do Esporte, realizado com 117 professores e estudantes de educação física que atuam em academias de Belém (Pará), mostrou que 31,6% deles utilizavam ou já tinham utilizado esteroides anabolizantes androgênicos. Desses, 75,6 % o fizeram com finalidade estética.

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    Conversei sobre o assunto com os doutores Diogo Oliveira Toledo e Melina Gouveia Castro, nutrólogos do Einstein, e eles foram taxativos: além de hormônios e outras “bombas”, até mesmo terapias aparentemente inofensivas (como as soroterapias, que proliferam na internet e nas redes sociais) podem causar efeitos colaterais graves.

    + Leia também: O que são suplementos alimentares: para quem, quando e por quê

    Geralmente, essas soroterapias dizem respeito a formulações com vitaminas, minerais e proteínas, que são infundidas em caras sessões nas clínicas e nos consultórios.

    Em uma pessoa com ferritina elevada, por exemplo, uma infusão de soro com ferro pode levar até a uma lesão do fígado. Proteínas das quais o corpo não precisa podem sobrecarregar os rins.

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    Em resumo, toda suplementação da qual organismo não necessita pode gerar efeitos colaterais.

    Nesses tempos de obsessão por padrões estéticos inalcançáveis, é preciso destacar que, mais do que a busca pelo shape dito ideal, a prática de atividades físicas está diretamente associada ao bem-estar físico e mental, e deve ter acompanhamento de especialistas para avaliações periódicas.

    Soluções mágicas podem entregar músculos, mas também podem roubar a saúde.

     

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