Gripe: a contaminação pelo vírus das fake news
O vírus influenza pode ser combatido com a vacina. Mas tem muita gente que resiste a ela porque precisa, antes, ser imunizada contra o mal da desinformação
Durante a pandemia, o isolamento social para proteção contra o coronavírus também evitou a transmissão de outros vírus, entre eles o influenza, causador da gripe.
Com o retorno às atividades externas, tivemos uma alta de casos de gripe em épocas incomuns, porque havia um rebaixamento da imunidade coletiva.
Agora, a gripe já voltou à sazonalidade habitual, como a vilã do outono e do inverno. Temperaturas mais baixas, ar mais seco e concentração de pessoas em ambientes fechados são condições que favorecem a ação do vírus.
No entanto, nos últimos tempos temos outro agravante. É um fenômeno que a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama de “hesitação vacinal”: uma tendência global das pessoas resistirem às vacinas, mesmo as tendo ao seu alcance.
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Isso se deve a uma praga que se dissemina sobretudo pelas redes sociais: falsas crenças e argumentos absolutamente equivocados contra os imunizantes. São, para falar o português claro, fake news que ameaçam a saúde pública.
E essas só têm um antídoto eficiente: informação de qualidade, baseada em evidências científicas.
Algumas pessoas acham, por exemplo, que devem temer a Covid-19, mas não precisam se preocupar com a gripe por considerar que é uma doença pouco ameaçadora. Estão enganadas.
O vírus influenza pode evoluir para pneumonia e até matar. Idosos, crianças e indivíduos com doenças crônicas ou imunossupressoras são os principais grupos de risco.
De acordo com estimativas da OMS, anualmente são notificados cerca de 1 bilhão de casos de pessoas infectadas por influenza – de 3 a 5 milhões evoluem para quadros graves, com aproximadamente 650 mil mortes.
Há também quem argumente que o imunizante contra a gripe poderia, na verdade, provocá-la. É importante esclarecer que as vacinas disponíveis na rede pública e privada são produzidas a partir de vírus inativados e fracionados, ou seja, não há como causarem a enfermidade.
Atualmente, as vacinas encontradas no Brasil protegem as pessoas da ação de subtipos do influenza A (entre eles o H1N1, responsável pela pandemia influenza de 2009) e do influenza B.
Ao receber a vacina, nosso organismo produz anticorpos que vão impedir a ocorrência da gripe ou evitar formas mais graves da doença.
É fundamental repetir a imunização anualmente, porque os anticorpos produzidos pelo nosso corpo tendem a diminuir com o passar do tempo e porque, a cada ano, temos novas versões das vacinas. As formulações são atualizadas a partir de uma seleção de subtipos de vírus que estejam provocando surtos pelo globo naquele momento.
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No Brasil, a campanha de vacinação no SUS foca os grupos mais vulneráveis (pessoas com 60 anos ou mais, crianças entre 6 meses e 6 anos de idade, gestantes e puérperas até 45 dias após o parto, portadores de doenças crônicas e/ou imunossuprimidos, pessoas com deficiências, povos indígenas, professores, trabalhadores da saúde, da força de segurança, do transporte coletivo urbano e rodoviário, portuários e caminhoneiros, além de funcionários e detentos do sistema prisional).
Mas as vacinas também são oferecidas no sistema privado de saúde.
Uma das novidades deste ano, só disponível nas instituições privadas, é a Efluelda®. Segundo me explicou o Dr. Alfredo Elias, médico coordenador da Clínica de Imunizações do Einstein, é uma vacina quadrivalente de alta dose, com uma quantidade de antígenos quatro vezes maior que a dos demais imunizantes.
Ela é indicada principalmente para pessoas acima dos 60 anos, que, com o avançar da idade, tendem a ter respostas imunológicas mais frágeis e menos duradouras.
Além dos imunizantes, vale manter hábitos que adotamos na época da pandemia da Covid-19, como uso de máscara e higienização constante das mãos, além de preferir atividades ao ar livre, onde o risco de transmissão é menor.
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Com a vacina, temos uma forma efetiva e segura de nos proteger contra a gripe.
A única coisa que não funciona no combate ao influenza são as fake news que, infelizmente, têm contaminado uma parte da população.
É hora de aplicar nessas pessoas uma vacina que não está nos postos e unidades de saúde, mas que pode ser encontrada em espaços como o desta coluna: a vacina feita com as cepas da informação de base científica.