Seu exame de imagem trouxe um achado incidental? Não entre em pânico
Com a sofisticação da tecnologia, isso é cada vez mais frequente. Pois saiba que apenas uma minoria desses resultados significa um risco para a saúde
“Doutor, meu ultrassom para checar a vesícula evidenciou um cisto no pâncreas”.
“Doutor, minha colonoscopia identificou e removeu pólipos, mas mostrou que tenho divertículo no intestino!”
No consultório ou no celular, é comum eu atender pacientes com relatos desse tipo, geralmente num tom preocupado.
Isso geralmente acontece quando o exame é solicitado com um objetivo, mas acaba constatando algo que não estava no radar. É o que chamamos de achados incidentais.
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Eles despertam um certo pânico – que se torna maior ainda se o laudo vem acompanhado de termos técnicos e desconhecidos.
Mas o fato é que os achados incidentais são cada vez mais comuns em exames de imagem.
Isso porque os avanços da tecnologia permitem que os equipamentos “enxerguem” detalhes impossíveis há alguns anos.
Com isso, acontece o que podemos resumir usando um conhecido chavão: “atirou no que viu, e acertou no que não viu”.
Por que não é para se desesperar
Na imensa maioria dos casos, os achados incidentais estão fora da zona de risco para a saúde.
Por exemplo: o divertículo no intestino, que mencionei no início do texto, é uma espécie de bolsa na parede do órgão que ocorre por um enfraquecimento de sua parede ou aumento da pressão por sua contração.
Muita gente tem e vai viver em paz com os seus divertículos. É como a ruga no rosto. Chega com a idade, mas também em menor número nos jovens.
Já os cistos, outro caso que citei, são bastante comuns hoje em dia. Não porque a incidência de cistos aumentou entre a população, e sim porque a alta resolução dos equipamentos detecta o que não se via lá atrás.
E, de novo, na maioria dos casos, essas descobertas não têm qualquer importância.
Situações que exigem atenção
Há alguns quadros que merecem cautela, claro.
No pâncreas, por exemplo, todos os cistos demandam cuidado e acompanhamento, principalmente os classificados como IPMN (sigla em inglês para “neoplasia mucinosa papilar intraductal”), que podem evoluir para câncer.
Conversando sobre o assunto com o dr. Marcos Queiroz, nosso diretor de Medicina Diagnóstica no Einstein, ele me contou que um clássico dos achados incidentais nas tomografias de abdômen realizadas na nossa organização são nódulos pulmonares.
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Pulmões não estão no foco das tomografias de abdômen, mas como sua posição inferior fica na transição com o abdômen, imagens desse órgão acabam sendo captadas.
Nesses casos, o indicado é realizar outros exames específicos para estudar o pulmão e obter, assim, o melhor diagnóstico e as orientações adequadas.
Afinal, pode se tratar de um nódulo benigno, de uma lesão que pode evoluir para malignidade ou mesmo um câncer já presente.
Mas o dr. Marcos reforçou que achados incidentais que podem oferecer risco aos pacientes são minoria.
De qualquer forma, são ocorrências bem-vindas, pois oferecem a oportunidade de acompanhamento para evitar uma evolução indesejável.
Esses achados também podem ajudar a identificar e tratar uma doença descoberta por acaso que, de outra forma, só seria diagnosticada em fases mais adiantadas, exigindo procedimentos mais complexos e custosos.
No Einstein, se um achado incidental é identificado por médicos da Medicina Diagnóstica como um quadro de risco, acaba desencadeando um fluxo de procedimentos para assegurar seu devido seguimento.
E tudo começa com o contato com o médico que solicitou o exame. A partir daí, ocorre uma discussão que decidirá a melhor conduta personalizada para cada paciente.
O que fazer diante de um achado incidental
Idealmente, qualquer paciente que veja no laudo de seu exame um achado incidental, não relacionado com o objetivo inicial da investigação, deve buscar informação com seu médico.
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Estatisticamente, o mais provável é que a alteração inesperada pertença ao grupo das inofensivas, e ele vai ouvir um “sossega, não tem com que se preocupar”.
Mas, se for daquelas que oferecem algum risco, deve agradecer ao acaso, que lhe permitirá prevenir um problema futuro – ou tratar imediatamente uma doença que nem sabia que tinha.