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Câncer em Pauta

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Especialistas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) discutem a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do câncer no nosso país
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Novembro Azul: o câncer de próstata não é o único a afetar os homens

Apesar da importância de falar sobre esse tipo da doença, a população masculina também é acometida por outros tumores e deve ser conscientizada sobre o tema

Por Dr. Augusto Mota, oncologista da SBOC*
Atualizado em 30 nov 2019, 11h14 - Publicado em 30 nov 2019, 10h14
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  • O câncer representa o maior medo dos homens em relação à saúde, de acordo com o levantamento “Um Novo Olhar para a Saúde do Homem”, conduzido este ano com mais de 2 mil brasileiros de todas as regiões do país pela revista SAÚDE. Esse receio ainda reflete estigmas ligados à doença, que hoje tem grande chance de cura. Para isso, é importante obter o diagnóstico precoce, que só é possível com exames de rastreamento frequentes.

    O câncer de próstata tem sido o foco do Novembro Azul. De fato, ele é o tumor mais comum do sexo masculino — segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), um em cada seis brasileiros terão a doença ao longo da vida.

    Mas é fundamental alertar os homens sobre outros tipos que devem estar no radar e que também merecem fazer parte dos check-ups. O câncer de pulmão, por exemplo, acomete 18 740 homens brasileiros todo ano; o colorretal, 17 380; e o de estômago, 13 540.

    Hábitos relativamente simples, como prática regular de atividade física, redução do consumo de bebida alcoólica, cessação do tabagismo, alimentação equilibrada e baseada em frutas e verduras (distanciando-se do consumo de itens gordurosos, enlatados e ultraprocessados), bem como evitar a exposição solar excessiva (sobretudo sem a devida proteção), podem contribuir com a prevenção dessas enfermidades.

    É claro que um câncer também pode ser originado por outras questões, como genética desfavorável. Ou até por causas desconhecidas. Todos temos algum risco de contrair qualquer doença. Mas a influência do estilo de vida é inegável.

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    Uma nova diretriz publicada no início de novembro por 17 instituições do mundo, entre elas a Sociedade Americana de Câncer e o Colégio Americano de Medicina do Esporte, demonstrou que fazer exercícios físicos regulares pode melhorar a expectativa de vida de quem teve um câncer e até evitar que ele apareça.

    Entretanto, 29% dos homens alegam não realizar atividade física e 15% declaram que se exercitam apenas uma vez por semana, segundo aquela pesquisa da revista SAÚDE. Quase 50% dos entrevistados afirmaram que estão com excesso de peso (42% acima do peso ideal e 6% muito acima do peso).

    No câncer de pulmão — que representa aproximadamente 9% dos casos de câncer em homens —, todas as pessoas têm um pequeno risco de desenvolvê-lo. No entanto, os fumantes são expostos a um fator nocivo que aumenta em 20 vezes essa probabilidade. Considerando seus sintomas, presença de tosse constante (principalmente se tiver secreção com sangue), dor no tórax e falta de ar devem motivar uma avaliação médica com máxima brevidade, sobretudo se a pessoa for tabagista.

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    Para o terceiro tumor mais incidente entre os homens, o colorretal, os sinais que devem servir de alerta são: alteração do hábito intestinal sem modificação significativa na dieta, sangramento nas fezes ou dor abdominal sustentada. Pessoas entre 50 e 75 anos, mesmo sem sintoma algum, precisam se submeter a uma colonoscopia de rastreamento pelo menos uma vez, já que esse teste se mostrou útil em diminuir a mortalidade pela doença.

    Assim como o de cólon, o câncer de estômago — quarto mais frequente entre o sexo masculino — tem como principal fator de risco uma dieta não saudável. Exemplos: ingestão frequente de alimentos condimentados, defumados e embutidos e em altas temperaturas. Indícios como dor ou queimação na parte superior do abdômen, náuseas ou vômitos constantes carecem de uma avaliação médica.

    Mas, claro, não podemos deixar de falar sobre o câncer de próstata (que reúne 32% dos casos). Para aumentar as chances de cura da doença, dependemos quase exclusivamente do diagnóstico precoce, que consiste na realização periódica de exame de sangue para dosagem de PSA e do toque retal. Essas duas medidas, juntas, ainda são consideradas a principal estratégia a ser adotada pelos homens a partir dos 50 anos (ou a partir dos 40, se houver histórico familiar da doença).

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    A maioria dos cânceres apresentam pouco ou nenhum sintoma nos estágios iniciais. Por conta disso, a realização de exames de rastreamento que possibilitam o diagnóstico precoce é importante. Quanto menor e menos disseminado o câncer, maiores as chances de cura.

    O aprendizado que os homens devem levar de mais um Novembro Azul? É fundamental adotar hábitos saudáveis, ficar atento aos sinais que o corpo dá e seguir as recomendações médicas.

    *Augusto Mota é oncologista e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica

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