Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Boa Pergunta

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Dúvidas sobre saúde enviadas pelos leitores e leitoras são respondidas com o apoio de profissionais da área.
Continua após publicidade

O estado emocional afeta a eficácia da vacina contra a Covid-19?

O que a ciência diz sobre o impacto de ansiedade, estresse, insônia e afins na efetividade da vacinação contra o coronavírus ou outras infecções

Por Maria Tereza Santos
16 mar 2021, 17h56
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Quando as emoções estão bagunçadas, o corpo todo sente – inclusive o sistema imunológico. Mas será que ansiedade, estresse e companhia são capazes de influenciar na eficácia das vacinas, incluindo as que protegem do coronavírus? Foi o que a leitora Fatima Augusto nos perguntou pelo Instagram.

    Já adiantamos: não há sentimento ou transtorno psiquiátrico que justifique abandonar a vacinação. Mas vamos começar com infecções que conhecemos há mais tempo. Alguns estudos associam a tensão e o nervosismo a uma produção ligeiramente menor de anticorpos após a injeção.

    Uma pesquisa publicada em 2002 pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, investigou 60 estudantes universitários. Após receberem a vacina meningocócica C conjugada, eles preencheram questionários sobre bem-estar mental. O resultado indicou uma ligação entre uma alta percepção de estresse a menos anticorpos.

    Outra análise, essa feita em várias universidades americanas, focou no sono de 83 adultos. Os participantes tiveram suas noites de descanso avaliadas por 13 dias e então tomaram a vacina da gripe. Resultado: a turma que dormiu mal apresentava menores índices de anticorpos contra o vírus influenza, mesmo meses após a aplicação da dose.

    Mas esses estudos são pequenos, e o método empregado por eles não permite cravar uma relação de causa e efeito. Além disso, ter menos anticorpos não é sinônimo de ficar desprotegido.

    Continua após a publicidade

    A eficácia de vacinas

    Cabe destacar que, embora a produção de anticorpos seja relevante, as vacinas podem despertar outras vias do organismo que também ajudam a proteger as pessoas. Além disso, a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lembra que pesquisas como as mencionadas acima são do tipo observacional.

    Ou seja, os cientistas apenas verificam se dois eventos estão associados, e em qual magnitude. Mas não dá para saber se um provoca ou outro, ou mesmo se um terceiro fator desconhecido está por trás da ligação.

    De acordo com ela, para realmente descobrir se o estresse ou outra emoção sabota a produção de anticorpos, seria necessário contar com estudos randomizados, duplo-cegos, controlados e com grupo placebo — a gente explica isso aqui. Em resumo, são experimentos em que pessoas são separadas aleatoriamente em turmas diferentes e, aí, passam por uma intervenção específica. Nem elas e nem os profissionais sabem quem recebeu a intervenção de verdade e quem foi submetido a um placebo.

    Continua após a publicidade

    Um estudo da University College London, na Inglaterra, realizado com 59 homens adultos e publicado em 2009, é um dos poucos sobre o assunto que de fato cumpriu esses requisitos.

    Parte dos voluntários recebeu a vacina contra febre tifoide e a outra, uma substância sem efeito. Então, os dois grupos foram aleatoriamente selecionados para passar por um período de descanso ou para completar duas tarefas mentais que geravam nervosismo. No fim da investigação, os autores constataram que a tensão não interferiu na concentração de anticorpos.

    “Não há evidências robustas mostrando que depressão, ansiedade, estresse ou mesmo a falta de sono tirem a efetividade de uma vacina”, arremata a bióloga Karina Bortoluci, especialista em imunologia e professora da Universidade Federal de São Paulo. “O organismo pode até não responder de maneira otimizada, mas isso é diferente de não funcionar”, completa.

    Continua após a publicidade

    Até faz sentido imaginar que um sistema imunológico enfraquecido pela tensão constante não consiga tirar o máximo da vacinação. Só que isso é só uma hipótese — e é muito diferente de dizer que sentimentos negativos neutralizam os benefícios das vacinas.

    E a Covid-19 no meio de tudo isso?

    Se faltam pesquisas com infecções mais antigas, com o Sars-CoV-2 nem se fale. Até o momento, não há dados associando problemas emocionais à menor eficiência dos imunizantes aprovados contra o coronavírus.

    “Acho que a mensagem mais importante para quem tem qualquer transtorno psiquiátrico é que o prejuízo será muito pior se não tomarem a vacina da Covid-19”, conclui Karina.

    Como dissemos, a vacina é indicada para prevenir a doença, mesmo se você estiver em um dia ruim. “Quem tem sofrido com estresse, insônia, ansiedade precisa buscar ajuda para cuidar da saúde no geral, não por causa da imunização”, finaliza Flávia.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.