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É possível engravidar tendo endometriose?

Ela é uma das principais causas de infertilidade feminina, mas algumas medidas ajudam a viabilizar o sonho de gestar

Por Juliana Sperandio, ginecologista*
30 out 2023, 17h46
endometriose-e-gravidez
A endometriose é considerada uma causa importante de infertilidade (VEJA SAÚDE/SAÚDE é Vital)
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A endometriose é uma condição ginecológica caracterizada pelo crescimento do tecido semelhante ao do endométrio (camada interna do útero) fora dessa região.

A doença pode comprometer diferentes órgãos da região pélvica e abdominal, como ovários, tubas uterinas, bexiga, intestino e diafragma, e seu principal sintoma é a dor. 

De acordo com o Ministério da Saúde, a endometriose afeta cerca de 10% a 15% da população feminina em idade reprodutiva no Brasil. Além disso, essa é a principal causa de infertilidade feminina, sendo considerada, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma “questão de saúde pública”.

Apesar de ser muito comum, a endometriose demora em média 8 anos para ser detectada após o início dos sintomas.

Os exames de rotina ginecológica direcionados, contudo, bem como uma conversa bem feita em consulta médica, podem apontar sinais sugestivos e direcionar para realização do diagnóstico adequado.

Uma das dúvidas mais frequentes em relação à endometriose diz respeito ao seu impacto na fertilidade. Afinal, quem tem endometriose pode engravidar? 

Felizmente, o diagnóstico nem sempre é sinônimo de incapacidade de gestar, mas a relação existe: em torno de 40% das pacientes com endometriose podem ter infertilidade associada.

Por isso, é fundamental que seja feito o diagnóstico precoce, a identificação de potenciais causas de infertilidade e o acolhimento da paciente, que deve ser direcionada para especialistas em endometriose e em fertilidade, se necessário.

+ Leia também: Tudo que você precisa saber sobre a endometriose

Mesmo nos casos de pacientes com grau inicial de endometriose, é possível observar problemas como disfunção ovulatória, defeito na implantação do embrião no útero, baixa qualidade embrionária, ambiente peritoneal hostil e questões ligadas à fase lútea do ciclo menstrual.

Outras complicações, como a presença de endometrioma, obstrução das tubas uterinas, inflamações e aderências pélvicas e fibrose podem indicar a necessidade de cirurgia. Desse modo, os focos de endometriose são removidos e cria-se a chamada janela de oportunidade para engravidar.

A técnica preferencial de remoção dos focos da doença é a excisão, em que todos os focos são removidos, por via minimamente invasiva (laparoscopia ou cirurgia robótica).

Nos casos em que a cirurgia não é recomendada ou não tem os resultados esperados, tratamentos de reprodução assistida podem ajudar a possibilitar uma gravidez.

Sintomas da endometriose exigem atenção

Além da dificuldade para engravidar, as queixas estão ligadas a dores na relação sexual, cólicas no período menstrual, dor ao urinar evacuar, sintomas intestinais e urinários, dor lombar, fadiga e enxaqueca especialmente no período menstrual, que pode ter seu ciclo alterado. 

Em casos de suspeita de endometriose, é fundamental marcar uma consulta com o ginecologista, para que sejam feitos os exames de rotina e de imagem necessários. Quanto antes o diagnóstico ocorre, melhor. 

* Juliana Sperandio é ginecologista e especialista em cirurgias minimamente invasivas

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