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Homeopatia funciona e pode ajudar contra doenças epidêmicas

Especialista rebate críticas sobre essa terapia e defende sua importância contra infecções que se espalham pelo mundo

Por Amarilys de Toledo Cesar*
16 ago 2017, 18h31
homeopatia é placebo
Os pedidos para tirar a homeopatia dos serviços públicos da Europa estão se multiplicando (Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital)
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No ano de 1918, a epidemia de gripe espanhola progredia rapidamente. Em outubro daquele ano, só nos Estados Unidos, 195 mil pessoas morreram do problema — algumas, apenas 18 horas após o início dos sintomas. Medo, tensão e insegurança entre a população dominavam o cenário.

Segundo Sandra Perko, que escreveu um livro sobre o tratamento homeopático da gripe influenza, médicos homeopatas tiveram sucesso no tratamento e redução de mortes naquela época. Aliás, é histórico o crescimento da homeopatia durante epidemias, e relatos estão presentes em muitos livros e referências, dando conta do sucesso que essa terapêutica apresentava na prevenção e no tratamento.

Você pode pensar que isso só valia para outros tempos, quando não existiam vacinas para muitas doenças. Mas, ainda hoje, mesmo com vacinas convencionais para a gripe, que tem sua composição alterada anualmente, as estatísticas falam em mil mortes ao ano nos Estados Unidos só por essa doença.

Samuel Hahnemann, tido como fundador da homeopatia, criou o conceito de “gênio epidêmico”. É o seguinte: para medicar uma doença epidêmica, é necessário antes de tudo anotar os sintomas que diversos doentes apresentam.

Em seguida, deve-se procurar um medicamento homeopático que sirva para a maior parte dessas consequências. O remédio pode ser usado tanto para tratar os doentes como para evitar o surgimento dos mesmos sintomas. Isto é, uma prevenção específica para aquela doença.

A ideia básica da homeopatia, quando dizemos que atua pela lei da semelhança, é a de que uma substância que provoca sintomas em uma pessoa saudável pode ser usada para tratar os mesmos sintomas em outra doente. Assim, a Eupatorium perfoliatum, uma planta americana, provoca em indivíduos saudáveis dores no corpo, nas costas, na cabeça e nas articulações, além de febre. Como dá pra notar, são sinais semelhantes aos de vítimas da dengue.

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Segundo a lei da semelhança, você pode preparar um medicamento seguindo a farmacotécnica homeopática com a Eupatorium para tratar esses doentes. No Brasil, foram feitos alguns trabalhos sobre prevenção e tratamento da dengue dessa forma. Residentes de São José do Rio Preto (SP) e Macaé (RJ) tomaram Eupatorium de maneira preventiva, sozinho ou em conjunto com outros remédios homeopáticos também adequados para a dengue, e foi registrado um número menor de doentes nessas áreas.

Outra possibilidade que os homeopatas têm é tratar certas infecções através do preparo de medicamentos homeopáticos feitos com o agente etiológico da doença. A premissa básica segue sendo a da lei da semelhança. Ora, nada mais semelhante do que o igual.

Dito de outra forma, dizemos que os sintomas provocados por uma bactéria, por exemplo, podem ser tratados ou prevenidos com uma solução homeopática feita a partir da mesma bactéria. É a chamada lei da igualdade.

O preparo dos medicamentos homeopáticos está perfeitamente descrito na Farmacopeia Homeopática Brasileira. Os medicamentos que aparecem nesse texto publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, assim como seus métodos de preparo, são oficiais e podem ser conduzidos no país.

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Mas será que isso funciona? Vou contar um caso recente: em 2011, houve uma grande enchente em Cuba, levando a um crescimento da leptospirose. Esta é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina de ratos e de outros animais.

Na época, estimava-se 30 casos novos por semana a cada 100 mil habitantes. O Instituto Finlay, uma espécie de Butantan cubano, decidiu produzir em poucas semanas largas doses de um medicamento homeopático feito a partir da Leptospira, em uma diluição muito grande (outro preceito da homeopatia). Elas foram distribuídas para toda a população da ilha, atingindo cerca de 98% da população.

Em apenas três semanas, a incidência semanal diminuiu de 30 para 3 casos para cada 100 mil habitantes. Isso a um custo baixo, com rápida produção, sem a ocorrência de efeitos colaterais e com uma boa aceitação pela população. E sem necessidade de pagamento de royalties a outra empresa.

Também na Índia, onde a homeopatia é tão apoiada que existe um Ministério da Saúde especial para homeopatia, ayurveda e outras terapias tradicionais, há diversos projetos que testam o uso de medicamentos homeopáticos na prevenção e tratamento de doenças como dengue, zika e chikungunya.

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Atualmente, há vacinas para diversas doenças. A importância da prevenção feita com a homeopatia de fato não é mais tão essencial como foi no passado. Mas isso não invalida a possibilidade, que pode ser usada quando não há proteção convencional específica, como ainda é o caso da dengue, zika e chikungunya.

Aliás, se houver efeitos colaterais importantes após a vacinação convencional, medicamentos homeopáticos podem tratar dos sintomas que aparecerem. Isso tem sido usado por diversos médicos homeopatas e pediatras.

A terapêutica homeopática não é uma ameaça a ninguém. São raros os médicos homeopatas que contraindicam a vacinação convencional hoje em dia. Até porque as vacinas são úteis.

Mas é importante que tenhamos outras possibilidades para enfrentar, por exemplo, novas doenças epidêmicas, ou para pessoas que apresentem contraindicação à imunização convencional. A liberdade de escolha para um método terapêutico que é oficial em nosso país deve ser mantida. Afinal, como diz uma grande homeopata: “Homeopatia, não acredite! Experimente!”

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*Amarilys de Toledo Cesar é farmacêutica homeopata, doutora em Saúde Pública e presidente da ABFH (Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas).

Este conteúdo é uma resposta ao texto “Pseudociência na rede pública”

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