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Um duro golpe contra o vinagre de maçã

Estudo recente que realçou a fama de emagrecedor do produto sofre séria retratação. Os supostos benefícios não eram confiáveis

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 set 2025, 20h00 - Publicado em 24 set 2025, 12h03
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Vinagre de maçã: promessas de perda de peso colocadas em xeque (Foto: Divulgação/SAÚDE é Vital)
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Em março de 2024, um artigo científico colocou o vinagre de maçã em evidência. Publicado em uma revista científica relevante, a britânica BMJ Nutrition, Prevention & Health, o estudo demonstrava os efeitos positivos do produto na perda de peso, dando força a uma solução que vira e mexe ganha as redes sociais.

Mais de um ano depois, os editores do periódico anunciaram uma dura retratação e tiraram a publicação do ar. O motivo: os dados da pesquisa, como apontou uma investigação depois, eram inconsistentes.

O estudo e os resultados

Não é de hoje que o vinagre de maçã tem fama de emagrecedor e fonte de outros benefícios à saúde. Embora seja exaltado em alguns consultórios e na internet, faltam provas científicas a seu favor.

Nesse contexto, a equipe de uma universidade libanesa recrutou 120 jovens acima do peso para realizar um estudo duplo-cego randomizado e controlado por placebo, tipo de pesquisa de alto padrão para constatar se uma intervenção faz diferença ou não na saúde.

Isso significa que os voluntários foram divididos aleatoriamente em grupos que receberam dosagens diferentes do vinagre de maçã, sendo que a uma fração deles foi dado o frasquinho de um líquido que simulava, mas não continha o vinagre de verdade (o tal placebo). Todo mundo foi instruído a tomar o produto diluído em um copo de água logo pela manhã, em jejum.

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Nem os pesquisadores nem os participantes sabiam quem tomava o quê (o tal método duplo-cego). A experiência durou, ao todo, três meses.

Ao vasculhar os resultados dos exames e das avaliações físicas, a equipe libanesa observou perdas expressivas de peso, redução do índice de massa corporal (IMC) e diminuição da circunferência da cintura entre os voluntários que tomaram vinagre de maçã. Também relataram melhor controle dos níveis de glicose, colesterol e triglicérides no sangue.

Uma dose de vinagre de maçã toda manhã para perder peso, noticiaram os veículos de imprensa pelo mundo. Mas, como se desvendou, a história não parava em pé.

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+Leia também: Conheça a história real por trás de “Vinagre de Maçã”, da Netflix

A investigação e os erros

Assim que saiu, a publicação começou a ganhar popularidade e a receber críticas. Movidos pelos questionamentos enviados à revista científica, que tratavam os achados de “improváveis” e “incongruentes”, os editores do BMJ decidiram pedir os dados brutos e completos do estudo para realizar uma nova revisão. Em geral, todo artigo passa por uma revisão por pares antes de ganhar as páginas do periódico.

Nessas circunstâncias, a investigação pós-divulgação, que durou vários meses, se debruçou detalhadamente sobre a metodologia, os números e as conclusões do experimento, reconhecendo que pesquisas no âmbito nutricional são de natureza desafiadora.

E revelou uma série de erros no trabalho, como a alocação inadequada dos participantes nos grupos testados, arredondamento dos dados e discrepâncias entre as medidas obtidas nas avaliações feitas com os voluntários e aquilo que foi parar nos relatórios que subsidiam as conclusões.

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Em resumo, diversas falhas estatísticas apareceram e as constatações não puderam ser replicadas, colocando em xeque a validade da pesquisa.

Ao fim da apuração, Martin Kohlmeier, editor-chefe do BMJ Nutrition, Prevention & Health, se pronunciou em um comunicado à imprensa refletindo sobre a publicação do estudo: “Em retrospectiva, foi a decisão errada a ser tomada”.

Em função disso, uma retratação foi anunciada e o artigo foi retirado do ar, para que não seja usado como base ou argumento para notícias, postagens em redes sociais e mesmo outras pesquisas. “Por mais tentador que seja apresentar aos leitores um recurso aparentemente simples e útil para perda de peso, os resultados do estudo não se mostram confiáveis, e os profissionais não devem fazer mais referência a ele”, afirmou, em nota à imprensa, Helen Macdonald, coordenadora de ética e integridade de conteúdo do grupo BMJ.

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Em resumo, continuam faltando provas sérias e robustas para colocar o vinagre de maçã como um tratamento para o excesso de peso.

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