Glitter comestível tem plástico? Entenda o caso e os cuidados a tomar
Produtos contendo polipropileno micronizado são vendidos lado a lado com itens aptos para consumo humano, gerando confusão em consumidores

Um alerta feito pelo canal Almanaque SOS vem causando preocupação na hora de escolher um docinho: a possível presença de plástico em produtos vendidos como “glitter comestível”, muito utilizados na decoração da confeitaria.
A surpresa veio após a página constatar, na embalagem, que a composição do produto era inteiramente de material plástico, identificada como polipropileno (PP) micronizado.
Após a repercussão do caso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) respondeu ao canal nesta terça-feira (21), confirmando que produtos cuja composição contenha plástico não devem ser destinados à alimentação humana.
No entanto, como o mal chamado “glitter comestível” continua sendo vendido ao lado de produtos alimentícios, a Anvisa reforçou a orientação para que consumidores e confeiteiros leiam bem o rótulo.
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Glitter comestível tem plástico mesmo?
A grande confusão vem do fato de que existem, sim, alguns produtos desse tipo que são seguros para consumo humano (e não contêm plástico!). Muitas vezes, eles são fabricados pelas mesmas empresas, em embalagens quase idênticas, e posicionados na mesma área das lojas especializadas e supermercados.
Em um segundo vídeo do Almanaque SOS sobre o tema é possível ver uma comparação entre o pó efetivamente comestível, que pode ser feito de materiais como açúcar, amido e corantes, e o glitter que é apenas decorativo. Em geral, o produto apto para ser ingerido é menos brilhante e forma uma massa mais compacta. Mas, como ele é esteticamente menos atrativo, muita gente prefere comprar o outro.

Já o glitter composto somente por plástico, na verdade, é um produto meramente decorativo. Em geral, a própria embalagem já avisa que se trata de um “pó para decoração”, mas a falta de explicação sobre os riscos, a similaridade dos rótulos e a localização nas lojas pode levar a confusões na hora de adquiri-lo.
O termo “atóxico” também acaba confundindo: a classificação apenas afirma que o glitter pode entrar em contato com alimentos, mas não foi aprovado para uso alimentício.
Em outros termos: um plástico é “atóxico” por não promover a migração de materiais danosos à saúde quando encosta em uma comida, mas isso não significa que ele próprio possa ser ingerido. A distinção faz toda a diferença.
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Cuidados a tomar
Em sua resposta ao canal que veiculou o alerta, a Anvisa reiterou que “plásticos somente podem ser usados em alguns materiais que entram em contato com alimentos”. E, mesmo nesses casos, há uma avaliação prévia dos riscos.
Já os “produtos usados para colorir e enfeitar bolos, doces e similares […] estão abrangidos no conceito de alimentos e devem ser formulados a partir de aditivos alimentares”.
A agência reforçou a recomendação para que consumidores leiam bem o rótulo ao adquirir um suposto glitter comestível.
Produtos contendo na composição substâncias como o PP (polipropileno) ou o PET (politereftalato de etileno) são plásticos. Portanto, não devem ser ingeridos nem utilizados em partes da decoração que podem acabar sendo comidas. Uma lista de aditivos alimentares reconhecidos e liberados pela Anvisa pode ser encontrada no link.
A Anvisa informou ainda que acionou a Rede de Alerta e Comunicação de Risco de Alimentos (REALI) sobre o tema.