Cena 1: você está lendo um texto e uma palavra evoca um acontecimento do passado que o faz sofrer, desencadeando uma teia de imagens e sensações desagradáveis.
Cena 2: você está lendo um texto e, do nada, se lembra de que precisa comprar os ingredientes para aquela receita que pretende fazer no fim de semana.
Cena 3: você está lendo um texto e, sem saber por quê, lhe ocorre uma ideia que nada tem a ver com o conteúdo que está à sua frente.
Em todas essas cenas, você foi tirado da leitura e conduzido, pelo seu cérebro, a um fluxo de lembranças, planos ou pensamentos. O texto? Ficou ali esquecido.
Eis a essência da divagação, um processo que naturalmente toma conta dos nossos neurônios e, embora possa semear boas ideias, não raro vira motivo de sofrimento, ansiedade ou falta de foco.
É esse fenômeno mental, criado pela rede de associações entre pensamentos e memórias, que o neurocientista israelense Moshe Bar disseca em A Arte da Divagação (Objetiva).
No livro, além de expor o mecanismo nos bastidores, o professor traz conselhos do que se pode fazer para tirar melhor proveito dessa capacidade inata que rende tanto soluções geniais quanto armadilhas emocionais.
A Arte da Divagação (Objetiva)
O que trava e destrava o cérebro
Divagar tem um lado bom e outro ruim. Como melhorar o controle sobre isso?
Trava: pensar demais sobre o futuro, nutrindo a ansiedade, ou ruminar sobre o passado são exemplos de situações que nos deixam enredados em divagações, muitas vezes contraprodutivas. É difícil domar esse fluxo, mas convém tentar em nome do próprio bem-estar.
Destrava: após anos de estudos, o cientista Moshe Bar aconselha a meditação (sobretudo do tipo mindfulness) a quem quer acalmar o fluxo mental: a ideia é deixar os pensamentos irem e virem, sem se prender a eles. Com o tempo, a divagação tende a ficar menos caótica.