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É possível e preciso prevenir o suicídio

Setembro Amarelo e movimento Falar Inspira Vida resgatam a necessidade de trazer o problema à tona de um jeito acolhedor e efetivo

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 jun 2021, 12h40 - Publicado em 18 set 2020, 14h51
prevenção suicídio
Prevenção do suicídio é alvo da campanha de conscientização do Setembro Amarelo. (Foto: Bozena Fulawka/Getty Images)
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Tema ainda rodeado de tabus e preconceitos, o suicídio é considerado um desafio de saúde pública. Um dos principais equívocos que persistem por aí é a noção de que ele é uma reação abrupta ou disparada do nada. Na maioria das vezes, o suicídio é o desfecho de um sofrimento prolongado e alimentado por transtornos mentais como a depressão.

Falamos de um problema com múltiplas causas cuja solução depende de uma abordagem multissistêmica, desempenhada por diversos setores da sociedade. O Setembro Amarelo é o mês de conscientização sobre o assunto, mas a prevenção deve ocorrer o ano inteiro. E é para ajudar nessa empreitada que surgem movimentos focados em saúde mental como o Falar Inspira Vida, idealizado pela Janssen Brasil e do qual VEJA SAÚDE é signatária. Precisamos falar sobre suicídio e saber como ajudar uma pessoa com depressão — do jeito certo!

Números que doem na alma

97% dos casos de suicídio são ligados a transtornos psiquiátricos. Em primeiro lugar aparece a depressão.

11 mil suicídios são registrados por ano no Brasil — no mundo, o número passa de 1 milhão.

Um aumento de 10% no número de suicídios foi detectado no país de 2000 a 2012 — entre os jovens, o crescimento passa de 30%.

Pelo menos 5% da população brasileira convive com a depressão hoje. Isso representa mais de 10 milhões de cidadãos.

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O que precisa mudar?

Especialistas expõem seu ponto de vista sobre os desafios que cercam o suicídio.

Carlos Correia, porta-voz do Centro de Valorização da Vida (CVV):

“A prevenção do suicídio é de responsabilidade de toda a sociedade. Quando a importância de estar bem com as próprias emoções passa a ser reconhecida, as pessoas aprendem a identificar se o que sentem não é um estado de ânimo passageiro e ficam mais abertas a procurar ajuda. Ainda é comum ter vergonha, culpa e se sentir julgado por não estar bem. À medida que falamos a respeito, percebemos que isso não é tão incomum e que podemos necessitar de apoio. Foi assim com o câncer de mama: antes nem sequer falávamos o nome da doença. Em termos práticos, podemos sensibilizar as pessoas para a escuta empática, que deixa o outro desabafar sem cortes, críticas ou conselhos. Ouvir de forma atenta e empática é algo que muitos podem fazer. Além disso, precisamos trabalhar a educação emocional desde cedo e ampliar a oferta de serviços gratuitos de atendimento.”

Ines Hungerbühler, chefe de psicologia da Vitalk:

“Suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única explicação. Porém, por volta de 90% das pessoas que morreram dessa forma apresentavam um transtorno mental. No momento atual, enfrentamos outras questões que aumentam o risco de suicídio, como conflitos familiares, violência doméstica, solidão, luto, desemprego… Em situações de estresse, nossos pensamentos tornam-se mais rígidos e distorcidos, o que pode afetar as crenças que temos sobre nós mesmos, o mundo e o futuro. Isso pode nos fazer acreditar que não há mais esperança. Assim, o maior desafio na prevenção é aumentar o acesso aos cuidados com a saúde mental. E isso não começa com o tratamento clínico, mas com a conscientização e a capacitação da população para lidar com problemas emocionais e identificar situações e sinais de risco.”

Elson Asevedo, psiquiatra e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp):

“Toda morte por suicídio é uma morte que poderia ser evitada. Não há desculpas para a sociedade ficar imóvel sobre esse tema. Precisamos implementar as ações que a ciência já sabe que funcionam com programas de amplo alcance para a população. Ações estruturadas como restrição de acesso a meios letais de suicídio, redução do consumo de álcool e outras drogas, especialmente entre jovens, e maior acesso a serviços de atenção à saúde mental, com foco em promoção de saúde e tratamento precoce dos transtornos. Reduzir as taxas de suicídio deve ser uma prioridade na agenda pública. Enquanto estratégias de prevenção para outros problemas, como as doenças cardiovasculares, são largamente aceitas e financiadas por serviços públicos, a prevenção do suicídio não se transformou ainda em ações concretas.”

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Karen Scavacini, psicóloga e CEO do Instituto Vita Alere:

“Falar mais abertamente sobre o assunto é o primeiro passo, saber como receber ou oferecer ajuda o segundo e encontrar a ajuda necessária o terceiro. Existe uma grande dificuldade de as pessoas conseguirem atendimento especializado de maneira gratuita. Entre as prioridades atuais, precisamos ter investimentos em pesquisa, formação e atendimento, tornar obrigatório que os cursos superiores de psicologia contem com aulas sobre prevenção do suicídio, capacitar a mídia para entender as melhores práticas e não ter medo de trazer essa discussão e criar linhas de ajuda específicas para pessoas com pensamento suicida e para profissionais de saúde saberem o que fazer nesses casos. Nesse contexto, temos de desenvolver o que chamo de os 6 Cs: conscientização, campanhas, capacitação, competência, conversa e conexão.”

Falar Inspira Vida é o nome do movimento de saúde mental que conecta psicólogos, médicos, ativistas, pacientes e entidades para discutir temas como depressão, ansiedade e suicídio. Fazem parte dele a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), o CVV, a Associação Crônicos do Dia a Dia (CDD), o Instituto Vita Alere, a Vitalk, a Unifesp, a Janssen Brasil e VEJA SAÚDE. Saiba mais no site falarinspiravida.com.br

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