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Brasileiros publicam diretrizes de prevenção ao suicídio

Documento foi adaptado ao cenário brasileiro a partir de uma versão australiana, que mostra como familiares e amigos podem ajudar

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
26 set 2022, 11h45
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  • Pesquisadores brasileiros publicaram um novo documento com diretrizes para ajudar as pessoas em geral – que não trabalham necessariamente na área da saúde – a identificar, abordar e encaminhar um conhecido com ideações suicidas para um tratamento adequado, já que a maioria dos casos estão associados a algum tipo de transtorno de saúde mental.

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    O documento dialoga com os dados oficiais: na contramão dos países desenvolvidos, o número de suicídios na América Latina e no Brasil tem aumentado nos últimos anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No país, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, o que significa que em média 38 pessoas tiram a própria vida por dia. 

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    As diretrizes

    Os especialistas detalham de forma simples como agir em caso de um conhecido estar com ideações suicidas. Eles citam sinais importantes de alerta, como identificar alguém que esteja: 

    Além disso, o documento ensina como se aproximar e abordar a pessoa em risco. Diz, por exemplo, que a pergunta deve ser direta e sem pré-julgamentos. “Você está tendo pensamentos suicidas?” e nunca “Você não está pensando em fazer alguma coisa estúpida, né?”. O socorrista deve assegurar que está ali para ouvir e que quer ajudá-la. 

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    +Leia também: Os fatores de risco e sinais para evitar o suicídio entre idosos

    As diretrizes trazem um quadro com dicas de escuta (como ouvir o relato com atenção, paciência e empatia) e o que nunca dizer quando estiver conversando com uma pessoa em risco de suicídio. Não minimizar os problemas relatados, não interrompê-la com suas próprias histórias e nem dizer que a pessoa esta “blefando” são pontos importantes. Acima de tudo, o documento estimula que a busca por ajuda. 

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    Sobre a criação do documento

    Traduzido e adaptado das diretrizes do programa Mental Health First Aid, que existe na Austrália desde 2000, a versão brasileira é resultado de uma cooperação que existe desde 2018 entre pesquisadores brasileiros e australianos. 

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    Por aqui, os cientistas trabalharam para chegar em uma interpretação nacional do modelo, de acordo com a nossa cultura e as nossas particularidades. O documeto do Brasil recebeu o nome de “Diretrizes para pensamentos e comportamentos suicidas no Brasil” e foi publicado no periódico científico BMC Psychiatry

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    Antes de ser aprovado, o texto oficial foi avaliado por um grupo de 60 brasileiros – sendo 30 profissionais da saúde especialistas e 30 pessoas com experiência associada ao suicídio (seja pessoalmente, sobrevivendo à tentativa, ou acompanhando um familiar). 

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    “Na nossa cultura existe uma conexão familiar muito forte. Por isso, nos casos de risco, incluímos essa questão do envolvimento dos amigos e familiares para ajudar”, explica o psiquiatra Alexandre Andrade Loch, professor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq-FMUSP) e um dos especialistas que participou da elaboração do documento. 

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    “É comum que as pessoas que suspeitam de que alguém esteja em risco [de tirar a própria vida] não saibam como agir ou onde buscar ajuda. Até os profissionais de saúde encontram dificuldades num primeiro momento. Esse manual foi organizado e pensado também por quem já passou por essa situação para que ele proponha a melhor conduta possível”, completa. 

    Apesar de já ter sido publicado em uma revista científica, o modelo de treinamento ainda não está acessível ao público – a expectativa é que isso ocorra no começo de 2023. “A ideia é que esse treinamento possa ser aplicado em escolas, locais de trabalho, empresas, mas ainda não sabemos por quanto tempo”, afirma Loch. 

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    Para o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein, a existência de um guia para o público leigo é fundamental. “Muitas dessas pessoas acham que não têm nenhum problema de saúde mental. Ou, quando reconhecem que possuem um sofrimento legítimo, sentem vergonha porque ainda existe tabu e estigmas sobre o suicídio. Isso faz com que a pessoa agrave o seu quadro”, alerta.

    Kanomata diz ainda que a ideação suicida não é constante – ela oscila ao longo do tempo e se exacerba em momentos de maior estresse. Por isso, há importância na participação de amigos e familiares na identificação dos casos.  

    “O suicídio é algo que vai contra os princípios instintivos de qualquer ser vivo, que é o de sobrevivência e autopreservação. O fato de uma pessoa tentar suicídio acaba provocando uma sensação desprazerosa nas outras pessoas, o que gera um certo distanciamento. Por isso a importância do acolhimento”, afirma o médico. 

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    Setembro Amarelo

    Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) utiliza o mês de setembro como período de prevenção ao suicídio – iniciativa que recebe o nome de Setembro Amarelo, com ações em todo o país para chamar a atenção para o tema. 

    Neste ano, a campanha teve como lema “A vida é a melhor escolha”. Ela ressalta que muitos casos de suicídio poderiam ter sido evitados se as pessoas em crise tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e a informação de qualidade. 

    Há mais mortes por ano em decorrência do suicídio do que por HIV ou malária, segundo a OMS. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte, depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. 

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    *Este conteúdo é da Agência Einstein.

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