As notícias da vez sobre febre amarela envolvem os 32 casos confirmados no estado de São Paulo, especialmente na região do Vale Ribeira, e a morte de um macaco pela doença em pleno zoológico da capital paulista. “Isso é só a ponta do iceberg, porque muitas pessoas são infectadas, não desenvolvem sintomas e, assim, ficam de fora dos boletins epidemiológicos”, afirma a médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim). “Mas, mesmo sem sinais, elas ajudam a transmitir o vírus”, arremata.
Como o macaco, o ser humano não transmite diretamente a febre amarela. No entanto, uma vez infectado, ele guarda o vírus em seu organismo por um tempo.
Pois é: mesmo sem sintomas, você pode estar com esse inimigo no corpo. E, se for picado por um mosquito (Sabethes, Haemagogus ou o popular Aedes Aegypti), pode passar o vírus a ele. Aí esse vetor infectado sai voando por aí até encontrar outro azarado para incomodar – e disseminar a febre amarela no processo. Pode ser seu filho, seu pai, sua mãe…
Segundo alguns estudos, de 40 a 65% das infecções pelo vírus da febre amarela não provocam sintomas. Outros 20 a 30% trazem apenas manifestações leves.
O que tirar desses dados? “Não podemos esperar um aumento no número de casos sintomáticos aparecer para, só aí, tomar atitudes preventivas”, ressalta Ballalai. Esperar o número de episódios explodir é ineficiente e perigoso, uma vez que essas infecções sinalizam que o vírus da febre amarela já está circulando pra valer.
Para se prevenir, não há segredo: vacine-se, independentemente da época do ano. Atualmente, a recomendação de tomar a injeção vale para todas as regiões do Brasil. “As doses estão disponíveis, mas a busca está muito abaixo do desejado”, lamenta Ballalai.
Uma vez recebida a vacina convencional, a pessoa está protegida para o resto da vida, segundo o Ministério da Saúde. Eventuais doses de reforço podem ser discutidas com o médico, porém tratam-se de situações pontuais.
O temor da febre amarela urbana
Desde 1942, não há registro oficial da transmissão dessa doença dentro de centros urbanos por meio do Aedes aegypti. No momento, ele é disseminado por mosquitos que habitam regiões de mata ou, no máximo, “intermediárias” – os casos observados em grandes capitais foram importados ou vieram de áreas com muita vegetação.
Porém, passamos pelo pior surto da doença nas últimas décadas. E, com o vírus espalhado por aí, não dá para negligenciar a possibilidade de o Aedes aegypti voltar a transmitir a febre amarela nas cidades grandes inclusive. Se isso ocorresse, é provável que o número de infecções e de mortes se multiplicasse rapidamente.
De novo, a melhor forma de jogar para longe o risco da febre amarela e tomar a vacina.