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Vacina contra o HPV agora será disponibilizada para mais mulheres

Pacientes entre 9 e 45 anos com alguma condição que afete o sistema imunológico terão acesso no SUS ao imunizante, que evita diferentes tumores

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 29 mar 2021, 12h28 - Publicado em 26 mar 2021, 16h24
Foto de mulher aplicando vacina do HPV em outra mulher, com criança no colo
Mais mulheres podem receber a vacina do HPV de graça. (Foto: CDC/Unsplash/Divulgação)
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Em 19 de março de 2021, o Ministério da Saúde ampliou o grupo que tem direito a receber a vacina contra o HPV gratuitamente. Agora, mulheres imunossuprimidas (com o sistema imunológico fragilizado por causa de alguma condição) até os 45 anos podem tomar as doses. Antes, o governo só disponibilizava essas injeções gratuitamente até os 26 anos para as brasileiras que apresentam déficits nas defesas do corpo.

Com isso, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina do HPV para:

  • Meninas de 9 a 14 anos
  • Meninos de 11 a 14 anos
  • Mulheres imunossuprimidas de 9 a 45 anos
  • Homens imunossuprimidos de 9 a 26 anos (falaremos disso mais pra frente)

Essa imunossupressão surge por diferentes motivos. Pacientes que fazem quimioterapia ou radioterapia contra um câncer, por exemplo, ficam com a imunidade enfraquecida por um tempo. Mulheres que passaram por transplantes de órgãos ou que possuem aids também.

Essa medida é considerada uma vitória entre os especialistas. “Essa já era uma prática defendida pela Organização Mundial da Saúde, então estamos seguindo uma tendência. Os pacientes imunossuprimidos têm predisposição para infecções, como a pelo HPV, e isso se agrava com a idade”, explica o médico Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O HPV é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais frequente no mundo. Em mulheres, ela pode desencadear câncer de colo de útero, de vulva e vagina. E tanto elas como os homens correm um risco maior de ter tumores de ânus e orofaringe, além de verrugas genitais, ao serem contaminados.

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A imunossupressão é um grande fator de risco para essas complicações. Estudos comprovam que mulheres com o sistema de defesa frágil, especialmente com HIV, têm uma probabilidade seis vezes maior de desenvolver cânceres associados ao HPV.

Um dos motivos para a ampliação da cobertura vacinal é que a faixa-etária antiga não abarcava muitas mulheres em risco. Ora, diversas condições que comprometem nossa imunidade se tornam mais comuns conforme os anos passam.

“No geral, mulheres que passaram por transplantes ou câncer, por exemplo, têm mais de 26 anos, o que as excluía da faixa-etária anterior”, exemplifica Cunha. Os números comprovam: a idade média dos transplantados brasileiros varia entre 38 a 43 anos. Já no caso de mulheres com HIV, pesquisas apontam que 40% tiveram o diagnóstico entre os 29 e os 44 anos.

Fora isso, a quantidade de brasileiros com imunossupressão vem aumentando, entre outras coisas por causa da eficácia dos antirretrovirais contra o HIV e pela maior expectativa de vida de pacientes com câncer ou submetidos a transplantes.

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Particularidades da vacinação entre quem está o sistema defesa frágil

Há uma preocupação dos especialistas em administrar vacinas feitas com vírus “vivos” atenuados entre quem apresenta imunossupressão. Isso porque há um risco maior de que, mesmo enfraquecido, esse vírus consiga causar algum estrago dentro de um organismo com tropas de defesa mais preguiçosas.

Mas esse não é o caso da vacina contra o HPV. Ela é produzida a partir de um vírus inativado. Ele está, digamos, morto — não tem como causar a doença. Diversos estudos já comprovam que não há prejuízos em aplicar vacinas inativadas a esse grupo da população.

Entretanto, indivíduos com imunossupressão tendem a gerar menos anticorpos após a vacinação. Ou seja, a eficácia das injeções pode ser um pouco menor. No caso específico do imunizante contra o HPV, os especialistas tentam driblar essa questão dando uma dose adicional. Enquanto pessoas em geral tomam duas injeções com um intervalo de seis meses, os imunossuprimidos precisam de três.

Com a ampla vacinação contra o HPV, é possível eliminar a maioria dos casos do tumor de colo de útero. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, a cada hora, uma mulher morre dessa doença no Brasil. São, em média, 16 370 mil novos casos e 8 079 óbitos por ano. Esse é o quarto câncer mais comum entre mulheres no país.

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E os homens?

A ampliação da vacinação aconteceu só para as mulheres. Homens imunossuprimidos continuam tendo acesso ao imunizante pelo SUS só até os 26 anos. E não é porque, entre eles, o HPV é menos comum: essa é a infecção sexualmente transmissível em ambos os sexos.

Mas a verdade é que os homens sofrem menos complicações do vírus. Eles mal apresentam sintomas e, quando isso ocorre, em geral estamos falando de verrugas genitais — embora o HPV também deflagre câncer no sexo masculino, como dissemos antes.

Ainda assim, homens podem transmitir o agente infeccioso durante o sexo, principalmente sem proteção. Especula-se que a vacina só não foi ampliada para eles também porque, no Brasil, o imunizante contra o HPV tem indicação restrita para homens de até 26 anos. No entanto, a Anvisa pode mudar isso.

“Pensando em saúde pública, a necessidade é a mesma em ambos os sexos”, finaliza o presidente da SBIm.

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