Que a flora intestinal ajuda a ditar o bem-estar do organismo todo não é novidade. Mas e se pudéssemos descobrir o perfil de bactérias que vivem ali para estabelecer condutas em prol da saúde através de um exame? A startup Bioma4me é a primeira no país a oferecer o serviço de sequenciamento do microbioma às pessoas com base em estudos.
“Todo mundo possui micro-organismos patogênicos e simbiontes, aqueles que fazem bem à saúde”, explica o médico Dan Waitzberg, professor da Universidade de São Paulo e diretor científico da companhia. “Quando o equilíbrio entre eles é rompido, pode haver maior prevalência de bactérias relacionadas a doenças do trato gastrointestinal ou distúrbios metabólicos e inflamatórios”, completa.
O resultado do mapeamento ajuda a guiar os profissionais de saúde nas recomendações para prevenir ou controlar problemas que tenham ligação com a flora. Por exemplo:
- Síndrome do intestino irritável
- Doença de Crohn
- Obesidade
- Hipertensão
- Diabetes
- Alergias e intolerâncias
- Doenças neurológicas como Parkinson
- Alzheimer
O passo a passo do exame
- Depois de se cadastrar no site da empresa brasileira, o kit do teste chega ao endereço fornecido
- Após a higiene íntima, colhe-se a amostra de fezes (basta um grão de feijão) no primeiro tubinho. Por segurança, repete-se o procedimento para o segundo tubo. O material é enviado para a companhia.
- No site da Bioma4me, a pessoa preenche um questionário sobre a saúde.
- O microbioma é analisado em laboratório e um programa emite o relatório sobre a composição de bactérias da amostra. O resultado é enviado pelo correio no máximo 60 dias depois.
O que os resultados mudam no dia a dia
Dieta: ajustes para favorecer o consumo de fibras e micronutrientes e aumentar a hidratação.
Estilo de vida: indicações para livrar-se do tabagismo, moderar no álcool e praticar atividade física.
Suplementação: recomendações para uso de suplementos com prebióticos, probióticos, simbióticos e companhia.
Medicamentos: o especialista pode prescrever remédios mais apropriados para tratar uma doença identificada.
E o transplante fecal?
A terapia consiste em transferir para um portador de uma doença, que não responde a tratamentos convencionais, determinada quantidade de fezes de um doador saudável. Particularmente em pessoas com infecção pela bactéria Clostridium difficile, o método tem dado bons resultados.
Em outros contextos, porém, ainda é experimental. “Na Europa e nos Estados Unidos, estão em desenvolvimento medicamentos à base de consórcios de 20 a 30 bactérias identificadas como benéficas em pacientes que passaram por transplante fecal”, conta o professor Dan Waitzberg.