Tudo começa e acaba em… células
Obra espetacular narra o papel delas na evolução, na saúde e na doença
Redigir uma espécie de biografia das células é um empreendimento ousado, mas o médico indo-americano Siddhartha Mukherjee tem as credenciais e a habilidade literária para dar conta do desafio.
Depois de escrever uma história do câncer e outra dos genes, o oncologista centra sua pena desta vez nas unidades básicas da vida.
Em A Canção da Célula (Companhia das Letras), somos convidados a viajar por dentro e por fora dessas estruturas que compõem o sangue, a imunidade e os órgãos e a entender melhor não só como elas funcionam mas também o que acontece quando deixam de funcionar, despertando doenças.
A rigor, qualquer enfermidade é também uma patologia celular, princípio teorizado no século 19 e de uma atualidade inconteste.
A par dele, Mukherjee nos mostra, com uma linguagem clara e exuberante, como o equilíbrio entre células tão diversas como neurônios e linfócitos é crítico para manter esse estado chamado saúde — e como a manipulação celular está escrevendo um novo capítulo no tratamento e na cura de doenças.
Terapias celulares
Transfusão de sangue: O conhecimento sobre a compatibilidade sanguínea permitiu apurar a transferência do material após cirurgias e hemorragias.
Fábrica de remédios: O maior entendimento sobre como as células se comportam e o que produzem originou uma série de medicamentos, alguns deles sintetizados em cultivos celulares.
Fertilização in vitro: Graças às descobertas sobre a formação do embrião, foi possível imitar a natureza em laboratório e contornar a infertilidade.
Arma contra o câncer: Terapias como CAR-T utilizam células de defesa do paciente alteradas e reintroduzidas para caçar linfomas e leucemias.
A canção da célula: as descobertas da medicina e o novo humano