Treinar os pais para lidar com o TDAH é tática que traz resultado
Junto às medicações, estratégia se mostrou eficaz no controle do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças
Cada vez mais presente nas rodas de conversa dos pais e em suas redes sociais, o TDAH é um distúrbio neurobiológico que costuma dar as caras na infância.
Os sintomas mais comuns são desatenção, inquietude e impulsividade, que muitas vezes se confundem com o desenvolvimento natural das crianças.
“É por volta dos 5 anos de idade que o problema começa a ser percebido e a gerar prejuízos sociais”, afirma Guilherme Polanczyk, professor de psiquiatria da infância e adolescência da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Mas qual é o melhor jeito de tratar a condição antes dos 7 anos? O médico e seus alunos de doutorado desenvolveram um estudo para responder à pergunta.
Ele englobou 153 famílias por oito semanas e testou se a adoção conjunta de um medicamento para o transtorno (metilfenidato) e de técnicas comportamentais ensinadas aos pais para lidar com as crianças traria bons resultados.
Conclusão: a combinação reduziu a frequência e a intensidade dos sintomas de TDAH. “O diagnóstico em crianças pequenas pode ser difícil, mas profissionais especializados conseguem fazê-lo, e tratar desde cedo é o melhor cenário”, diz o professor.
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O que é o treinamento parental?
“Os pais costumam ser muito punitivos diante de crianças com TDAH. Brigam, reclamam e não sabem como reagir frente a comportamentos que são sintomas do transtorno”, contextualiza Guilherme Polanczyk.
Por isso, a pesquisa coordenada pelo psiquiatra na USP avaliou um treinamento dado a pais e cuidadores que os municia de orientações e estratégias para encarar diferentes situações na rotina.
Essa capacitação ajuda as famílias a entender e responder melhor a manifestações de oposição, irritabilidade e agressividade dos pequenos.