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Tratamento que freia o câncer de mama é aprovado. E vem em pílulas

A Anvisa abriu as portas do Brasil para um remédio que, em conjunto com a hormonioterapia, oferece ótimos resultados em tumores avançados

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 2 out 2020, 15h40 - Publicado em 3 ago 2018, 12h21
tratamentos para câncer de mama: Kisqali e Ibrance
O uso de comprimidos contra o câncer torna o tratamento mais confortável (Foto: GI/Getty Images)
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Acaba de desembarcar no Brasil um remédio oral que pode melhorar bastante a vida de mulheres com câncer de mama avançado – estima-se que de 20 a 50% delas chegue a essa fase, quando a doença invade outros órgãos. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o comprimido ribociclibe, da farmacêutica Novartis, mostrou ser um bom inimigo contra o tumor, ao mesmo tempo que provoca efeitos colaterais aceitáveis.

“Ele faz parte de uma classe nova de medicamentos, que inibe proteínas responsáveis por acelerar o crescimento celular do câncer”, ensina o médico Sergio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc). “Com isso, a doença para de crescer e vai regredindo aos poucos”, completa.

Segundo Simon, o fármaco em questão possui uma ação sinérgica com a hormonioterapia. Ambos atuam freando a multiplicação celular, por diferentes vias. Até por isso, ele é indicado em conjunto com a hormonioterapia.

O ribociclibe vira uma primeira opção de tratamento contra o câncer de mama avançado com receptores para hormônios sexuais (marcados pela sigla RH+) e sem o gene HER 2 (ou HER 2 negativo). Essas particularidades são descobertas por meio de exames após o diagnóstico – e correspondem a 69% dos casos de tumores nos seios, avançados ou não.

Benefícios contra o câncer de mama em números

O remédio, em conjunto com a hormonioterapia, reduziu em 43% o risco de progressão da doença. Isso em comparação com o uso isolado de hormonioterápicos. Após oito semanas do tratamento, 76% das pacientes envolvidas na pesquisa que garantiu a aprovação na Anvisa viram seu câncer regredir significativamente.

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“Ainda não temos dados de mortalidade, porque os estudos continuam em andamento, comparando mulheres que receberam o ribociclibe com outras que seguem o tratamento padrão”, explica Simon. “Mas é provável que a droga aumente a chance de sobrevida global também”, arremata.

No mais, essa nova classe de medicamentos traz efeitos colaterais bem mais brandos do que a quimioterapia. Ela pode acarretar, por exemplo, uma queda no número de células de defesa do organismo. Mas a boa nova é que isso, ao menos nos estudos, não foi associado ao surgimento de infecções graves.

E estamos falando de pílulas, mais fáceis de serem administradas do que infusões de quimioterapia.

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Outros membros da turma

Poucos meses antes, a Anvisa também aprovou o palbociclibe, da Pfizer. Trata-se de uma opção muito parecida com o ribociclibe, de acordo com Simon.

“O mecanismo de ação é similar e os resultados das pesquisas também”, diz o médico. “A opção entre um e outro vai depender mais da disponibilidade do produto, do preço e por aí vai”, conclui.

Ter uma opção adicional no mercado pode, portanto, baixar o custo desses remédios, que não são baratos e, infelizmente, estão longe do sistema público de saúde.

Mais: há no horizonte uma terceira medicação com as mesmas características. Batizada de abemaciclibe (e produzida pela farmacêutica Eli Lilly), ela já está autorizado nos Estados Unidos. Esse remédio, ao contrário dos dois outros, foi testado com sucesso sem o complemento da hormonioterapia – ou seja, será uma alternativa para quem não pode recorrer a ela.

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