Demência não é tudo igual: saiba quais tipos existem e como diagnosticar
Mais de 50 milhões de pessoas no mundo têm alguma forma do problema. Conheça os diagnósticos, prevenção e cuidados
No mundo todo, a expectativa de vida tem aumentado, embora nem sempre a qualidade de vida acompanhe esse crescimento. Junto com o envelhecimento populacional, também tem aumentado o número de casos de demência.
Segundo projeção da OMS, em 2050 a demência pode atingir 150 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, um estudo conduzido pela Fapesp revelou que mais de 1 milhão de pessoas com mais de 60 anos vivem com alguma forma de declínio cognitivo grave.
O problema levou à instalação de uma política nacional para cuidado a pessoas com Alzheimer e outras demências, aprovada recentemente no Congresso Federal. Um dos principais focos da política é a articulação de serviços e programas já existentes para a criação de uma linha de cuidado em demências.
Isto porque, apesar da nomenclatura, existe mais de um tipo de demência, cada uma com causas diferentes.
Alzheimer e Parkinson são as formas mais conhecidas da demência
O tipo mais comum é a doença de Alzheimer, na qual a pessoa apresenta uma grande perda de neurônios que atuam em áreas do cérebro responsáveis pelo conhecimento e pela memória.
O paciente pode apresentar lapsos de memórias recentes, repetir as mesmas perguntas várias vezes e ter dificuldade para acompanhar conversas. Outros sinais são a irritabilidade, suspeição injustificada e tendência ao isolamento. A deficiência aumenta progressivamente, causando danos em todo o sistema nervoso.
+Leia também: Novos remédios para Alzheimer trazem avanços, mas têm limitações
Depois do Alzheimer, o Parkinson é a doença neurodegenerativa mais comum e é a que mais cresce no mundo. O Parkinson pode causar demência por alterar o tecido cerebral e afetar a produção da dopamina, uma substância que conduz as correntes nervosas pelo corpo.
Os principais sinais da doença estão associados às capacidades motoras do paciente, que pode apresentar rigidez muscular, distúrbios da fala e lentidão para realizar movimentos corriqueiros. A doença também não tem cura, mas tem tratamento para conter a progressão e diminuir os sintomas.
Demência frontotemporal
Além das duas mais comuns, também há a demência frontotemporal, uma doença degenerativa que provoca alterações de comportamento e personalidade que afetam indivíduos em torno dos 50 ou 60 anos. O tratamento pode ajudar a melhorar o comportamento e as relações sociais.
Um fator que pode desencadear esta e as outras formas da demência é o consumo de medicamentos diversos de forma descoordenada. Essas substâncias podem interagir entre si e provocar distúrbios de vários tipos, entre eles o déficit cognitivo.
Demência vascular
Já a demência vascular se caracteriza por múltiplos infartos que ocorrem sucessivamente no cérebro do indivíduo ao longo da vida, por isso uma das principais causas deste tipo de demência é o acidente vascular cerebral (AVC).
Às vezes, uma pessoa apresenta pequenas isquemias que passam despercebidas e vão se somando. Outros eventos maiores ficam mais evidentes, deixando o paciente com um lado do corpo paralisado ou com a boca torta.
Esses acontecimentos, em geral, se associam ao declínio das capacidades cognitivas.
Demência de corpos de Lewy
Quadro que compreende o acúmulo dos tais corpos de Lewy, que são proteínas, nas células do sistema nervoso. Esse tipo de demência não tem cura, e está associado à doença de Parkinson.
Os sintomas incluem a perda de memória e alterações flutuantes na função cognitiva, com períodos de melhora e piora. Também podem haver alucinações visuais, olfatórias e auditivas.
Demências “temporárias”
Em estágios iniciais, existem algumas formas da síndrome demencial potencialmente reversíveis ao tratar problemas como o déficit de vitamina B12, o mau funcionamento da tireoide (hipertireoidismo ou hipotireoidismo), a hipertensão e ao controlar os níveis de colesterol e de glicemia.
Exercícios físicos e controle do diabetes contribuem para a prevenção
Há um forte componente genético no desenvolvimento dos diversos tipos de demência, e não existe maneira garantida de prevenir o aparecimento da doença. Mas estudos indicam que a adoção de um estilo de vida saudável e outros cuidados com a saúde ajudam a reduzir as chances de sofrer com o problema.
O principal grupo de risco para o desenvolvimento de demências é o de idosos acima dos 70 anos. No entanto, também existem casos precoces.
Em relação aos hábitos de vida, manter atividades intelectuais como a leitura, praticar exercícios físicos regularmente, não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool podem proteger contra o avanço das demências.
Nas fases avançadas, quem mais precisa de orientações é a família do paciente, que precisa saber como tratá-lo adequadamente e prover cuidados gerais para a manutenção da sua qualidade de vida. O ideal é obter o acompanhamento multidisciplinar de enfermeiros, psicólogos e terapeutas ocupacionais, disponíveis na rede pública de saúde.