Sequenciamento genético: ferramenta poderosa contra doenças infecciosas
A estratégia ganha força no monitoramento e na identificação de variantes de vírus para mapear riscos e desenvolver formas de controle

A pandemia de covid impulsionou o uso da genômica em pesquisas sobre doenças infecciosas. Basta relembrar a repercussão, em 2020, do trabalho das cientistas brasileiras Ester Sabino e Jaqueline de Jesus, que concluíram o sequenciamento do coronavírus dois dias após a confirmação do primeiro caso da doença no Brasil.
Na ocasião, em entrevista à revista VEJA, Ester Sabino explicou a importância do feito: “Ele nos fornece diversos dados sobre o vírus, os quais podem ser utilizados na produção de vacinas, no desenvolvimento de tratamentos ou até mesmo nos diagnósticos”.
Cinco anos depois, ela contou que a agilidade na caracterização genômica do Sars-Cov-2 foi possível porque o laboratório estava preparado para fazer testes voltados à dengue, pelo temor de o país estar próximo de vivenciar uma epidemia dessa arbovirose.
E, de fato, sobretudo a partir de 2024, o número de casos de dengue no país vem preocupando pesquisadores, médicos e demais profissionais de saúde pública.
Esmiuçar as características genéticas do vírus disseminado pelo mosquito Aedes aegypti tem sido há mais de 20 anos um dos focos de estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que já em 2023 apontava o risco de ressurgimento do sorotipo 3 da dengue, o que se confirmou em 2025.
Como o DENV-3 não circulava há mais de uma década por aqui, ele encontrou uma população desprotegida, aumentando o potencial para a doença se espalhar.
A entidade inclusive criou um painel de vigilância, a Rede Genômica Fiocruz, para propiciar também capacitação em sequenciamento e geração de dados para instituições do Brasil e da América do Sul.
O monitoramento de agentes infecciosos circulantes é objeto de investigações também do Instituto Butantan e seu Centro para Vigilância Viral e Avaliação Sorológica. Voltada a identificar as variantes dos causadores de dengue, influenza e Covid, a instituição reúne dados e promove treinamento técnico em diferentes laboratórios pelo país afora.
A ideia é entender a evolução dos vírus como ponto de partida para propor medidas de prevenção, como desenvolvimento e atualizações de vacinas, e controle das infecções.
Conhecer novas ferramentas genéticas voltadas à criação de planos de rastreio, diagnóstico e tratamento de doenças é um dos focos do Prêmio Veja Saúde Oncoclínicas de Inovação Médica, cuja edição 2025 está em andamento.
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