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Salmonela (bactéria do ovo estragado) é nova arma contra o câncer

Esse micro-organismo mata 380 pessoas por ano só nos Estados Unidos. Mas um tipo dele pode salvar vidas de pessoas com tumores malignos

Por Giselle Hirata (da Superinteressante)
Atualizado em 14 fev 2017, 15h46 - Publicado em 14 fev 2017, 15h30
salmonela-cancer
A salmonela, bactéria encontrada em ovos estragados, pode ajudar a combater tumores. (Foto: Alex Silva/)
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Ela pode estar presente em ovos malcozidos e causar uma intoxicação terrível – só nos Estados Unidos, mata 380 pessoas por ano. Mas também pode ajudar a enfrentar o câncer. Um estudo publicado na revista Science Translational Medicine mostra que a salmonela, essa grande vilã da alimentação faz o sistema imunológico combater as células cancerígenas – pelo menos, em ratos.

Não era salmonela comum. Era uma versão modificada em laboratório para produzir uma proteína chamada flagelina B (FlaB). Os cientistas injetaram essa bactéria em ratinhos com câncer. Ela provocou dois efeitos. Primeiro, infectou os tumores. Depois, irritou e ‘acordou’ o sistema imunológico das cobaias – que começou a atacar os tumores. Deu muito certo. Em 11 dos 20 ratos testados, os tumores encolheram até se tornarem indetectáveis.

Mais surpreendente ainda, a ‘salmonela do bem’ não intoxicou os ratos. “Acreditamos que a nossa estirpe bacteriana é segura e pode ser usada como tratamento”, afirmou Joon Haeg Rhee, um dos autores do estudo.

Leia também: Proteja seu bicho da salmonela

É claro que mais pesquisas vão ser realizadas antes que as bactérias possam ser experimentadas em humanos. Mas os resultados são promissores e devem entrar para a lista de possíveis tratamentos.

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Apesar de causar furor entre os especialistas, a técnica de usar bactérias para estimular uma resposta imune não é nova. No século 19, o cirurgião americano William Coley observou que alguns de seus pacientes tinham uma ligeira melhora depois de contraírem infecções após cirurgias de remoção de tumor.

Ele começou, então, a injetar alguns tipos de bactéria em mais de 1 mil pessoas com a doença. Mas o método recebeu críticas da comunidade científica da época e o tratamento acabou desacreditado antes mesmo de ter a eficácia comprovada.

Agora, quase cem anos depois, o método de Coley volta à tona com pesquisas cada vez mais avançadas no campo de imunoterapia. Esse tipo de tratamento ganha força porque consegue direcionar seus efeitos apenas às células cancerígenas – diferentemente da radioterapia e da quimioterapia, que prejudicam as células saudáveis.

Esta matéria foi publicada originalmente no site da Superinteressante.

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