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Retinoblastoma: diagnóstico precoce de câncer infantil previne a cegueira

O teste do olhinho, que permite a identificação dos sinais da doença, deve ser feito pelo pediatra logo ao nascer ou na primeira consulta de acompanhamento

Por Lucas Rocha Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 set 2024, 13h35 - Publicado em 12 set 2024, 12h25
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Daiana Garbin e Tiago Leifert, idealizadores da Campanha De Olho nos Olhinhos (Foto: Danilo Borges/Divulgação)
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A cada ano, são registrados no Brasil, em média, 400 casos de retinoblastoma, câncer ocular que atinge crianças de 0 a 5 anos. A doença é rara, representa aproximadamente 4% dos tumores infantis.

A identificação em estágio inicial favorece as chances de cura e evita a perda de visão. Nesse contexto, é fundamental a realização do teste do olhinho, que deve ser feito pelo pediatra logo ao nascer ou na primeira consulta de acompanhamento.

O que é retinoblastoma

A doença tem origem em células da retina, a fina camada de tecido ocular associada à formação das imagens que observamos. O tumor pode afetar apenas um olho ou os dois, nesse caso trata-se de retinoblastoma bilateral.

A causa é relacionada a fatores genéticos, como explica a especialista em oftalmologia e genética Juliana Sallum, da Dasa Genômica.

“Em alguns casos, as mutações acontecem na retina. Em outros, uma das mutações podem ser herdadas no DNA. O gene RB1 é um gene que suprime o surgimento de tumores. Quando ele está mutado, libera a divisão celular desenfreada, o que causa o aparecimento do tumor”, resume Juliana.

+ Leia também: Tempo seco deixa os olhos vermelhos: veja essa e outras razões para o problema

Quais são os sintomas de retinoblastoma?

O sinal mais comum da doença é o “olho do gato”, um reflexo ocular branco chamado tecnicamente de leucocoria (veja imagem abaixo). O sintoma pode ser observado sob luz artificial, com a dilatação da pupila, especialmente em fotos com uso de flash.

Outras manifestações da doença são estrabismo, excesso de sensibilidade à luz, dor nos olhos e deformação do globo ocular.

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Ainda são comuns problemas como inflamação, conjuntivite e redução do campo visual, com prejuízos na visão periférica, o que faz com que a criança precise virar a cabeça ou mover os olhos para enxergar pessoas ou objetos.

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Principal sintoma do retinoblastoma é o reflexo branco na pupila, condição denominada leucocoria (Foto: Alexander.L.Ringeisen/Divulgação)

Como identificar o retinoblastoma

Diante dos indícios suspeitos, a criança deve passar por avaliação completa realizada por um médico oftalmologista.

O exame de fundo de olho sob anestesia permite o exame minucioso dos olhinhos.

Outro procedimento que ajuda no diagnóstico é a ressonância nuclear magnética de crânio e órbita, que avalia se há comprometimento para além do olho e impactos para o nervo óptico da criança.

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+ Leia também: O que é o pterígio, inflamação nos olhos que pode atrapalhar a visão

Retinoblastoma tem cura?

O tratamento do retinoblastoma é complexo e envolve diversas especialidades. O planejamento terapêutico considera fatores como idade, se o tumor é unilateral ou bilateral, a extensão e localização da doença.

Na maioria dos casos, o retinoblastoma tem cura. Nesse contexto, o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de sucesso do tratamento.

“Quando diagnosticado precocemente, e tratado em centros de referência, a chance de cura é de 90%, mas a grande preocupação é quando demoramos muito para detectar e esse tumor sai do olho, surgindo as metástases, que colocam em risco a vida desta criança”, frisa a oncologista pediátrica Carla Macedo, do Hospital do GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).

Podem ser utilizados recursos como quimioterapia, radioterapia e tratamento oftalmológico a laser, aliados a outras metodologias, como a braquiterapia, que utiliza fontes de radiação interna contra o tumor, e a crioterapia, que destrói as células do retinoblastoma por congelamento.

“Nos casos avançados pode ser necessário a retirada do olho para preservar a vida da criança”, afirma Juliana.

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Conscientização

Em 18 de setembro, é celebrado o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma. A iniciativa alerta para a importância dos testes oftalmológicos para a detecção precoce do agravo. No Brasil, duas campanhas dão ampla visibilidade ao problema de saúde.

Uma delas é a “De Olho nos Olhinhos” encabeçada pelos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, pais de Lua, diagnosticada com o tumor aos 11 meses. Ela se transformou em uma organização não governamental que auxilia famílias e conscientiza sobre o problema.

“Queremos que as famílias consigam chegar ao diagnóstico antes do que nós conseguimos, e por isso é fundamental fazer a informação chegar a cada vez mais pessoas. Como é uma doença traiçoeira, também auxiliamos casos suspeitos a confirmar o diagnóstico e encontrar um centro de referência com rapidez”, afirma Leifert.

Em 2024, o projeto alcança todos os estados do Brasil e ganha um novo integrante, o mascote Flash, um gato que simula um dos sintomas visíveis da doença. Confira a lista completa de cidades e locais.

Os reforços também vêm da TUCCA, associação para o tratamento de crianças e adolescentes com câncer, de famílias de baixa renda, que atua em parceria com o Santa Marcelina Saúde, na Zona Leste de São Paulo.

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A ação será lançada no dia 19 deste mês, às 19h30, com o apagar das luzes do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em alusão à cegueira, uma das complicações do retinoblastoma. O monumento também irá vestir a camisa da associação que traz como mote “Olhinho diferente, pediatra urgente”. No mesmo horário, a Sala São Paulo, na capital paulista, também ficará às escuras.

Neste ano, as duas iniciativas se unem, ampliando o alcance da informação sobre o câncer ocular infantil.

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