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Regulamentação da ozonioterapia na medicina: o que está em jogo

Unanimidade no Senado, essa terapia complementar, usada contra dor, inflamação e afins, divide a opinião dos médicos. Conheça os dois lados dessa história

Por Vand Vieira
Atualizado em 14 fev 2020, 18h22 - Publicado em 20 out 2017, 14h52
Ozonioterapia funciona? Saiba quando e como recorrer a essa terapia alternativa
Ozonioterapia está prestes a ser regulamentada no Brasil (Ilustração: Marcus Penna/SAÚDE é Vital)
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A Comissão de Assuntos Sociais do Senado foi unânime ao aprovar, esta semana, um projeto de lei que autoriza a prescrição da chamada ozonioterapia no Brasil. Quem defende o tratamento uma combinação dos gases oxigênio e ozônio que pode ser aplicada de vários jeitos, como mostraremos mais pra frente afirma que ele potencializa os recursos convencionais contra mais de 200 doenças. Por outro lado, o Conselho Federal de Medicina não reconhece a tática, tratando-a como um procedimento experimental, diferentemente do que acontece em certos países da Europa. Na prática, isso faz com que os médicos não a receitem.

“As sessões auxiliam no controle de inflamações, aceleram o processo de cicatrização, favorecem a oxigenação dos tecidos e combatem micro-organismos nocivos”, garante a otorrinolaringologista Maria Emília Gadelha Serra, presidente da Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz). Daí a indicação para dores nas articulações, úlceras diabéticas e tantos outros problemas de saúde.

Só que nem todo mundo vê com bons olhos a possível ampliação dessa estratégia: recentemente, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) se posicionou contra a decisão do Senado. “Para casos de artrite reumatoide, há somente um estudo da ozonioterapia com humanos, sendo que foram analisados 30 voluntários”, exemplifica Lícia Maria Henrique da Mota, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da SBR. É pouca gente mesmo.

“Ou seja, nesse sentido faltam evidências que comprovem a eficácia e até mesmo a segurança do tratamento em questão em longo prazo”, arremata a especialista. Se o paciente deseja recorrer a terapias complementares, Lícia recomenda acupuntura, ioga e meditação. Segundo ela, essas táticas são mais reconhecidas como aliadas da qualidade de vida e mesmo do tratamento.

Tal ponderação se estende aos cuidados com a pele. “Pode ser que, com o tempo, a ozonioterapia se mostre tão eficaz quanto a carboxiterapia, feita com gás carbônico. Mas, por enquanto, são poucos os trabalhos científicos que a embasam”, declara a médica Betina Stefanello, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Sequer vi o tema ser mencionado em congressos nacionais e internacionais”, completa Claudio Wulkan, membro da Sociedade Americana de Dermatologia.

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Na Odontologia, porém, o ozônio já é empregado rotineiramente, com aval das entidades responsáveis. “Ele é usado, por exemplo, contra cáries, dores maxilares e infecções na gengiva. Também tem função na limpeza de canais e na reparação tecidual pós-cirurgia”, conta Viviane Ferrari, cirurgiã-dentista da SucessOdonto Prime, em São Paulo.

Como a ozonioterapia é aplicada e quais os cuidados necessários

“Injeção subcutânea, água e óleo ozonizados, sauna e bolsa plástica são as principais formas de uso”, ensina Maria Emília. Já o número de sessões varia de acordo com a gravidade da doença. Aliás, a ozonioterapia também teria fins preventivos contra várias enfermidades, quando o ideal seria um ciclo de dez sessões (uma por semana) até duas vezes por ano.

Seja qual for a finalidade, esse recurso nunca deve substituir os tratamentos tradicionais. E é extremamente importante que um profissional realize o procedimento. Se aplicado em doses excessivas, o ozônio pode provocar de problemas respiratórios a desfechos fatais.

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Do contrário, a única contraindicação absoluta é para pessoas com uma deficiência relacionada à enzima G6PD. Sem ela, essa terapia tende a causar a destruição em massa das hemácias, células do sangue cuja função no organismo é transportar oxigênio.

“Além de um leve ardor local se aplicado por meio de uma seringa, o gás costuma fazer a glicose no sangue baixar”, ressalta Maria Emília, da Aboz. “Por isso, é preciso ter se alimentado nas três horas que antecedem a consulta e os diabéticos devem estar com a glicemia devidamente monitorada”, finaliza a expert. Agora é aguardar o fim dessa discussão, que ainda precisa passar pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmera dos Deputados antes de avançar para a sanção presidencial.

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