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Papanicolau poderá identificar doenças genéticas em fetos

Uma nova técnica que promete identificar 6 mil doenças está sendo desenvolvida - e poderá ser feita bem no começo da gestação.

Por Helô D'Angelo (Superinteressante)
Atualizado em 8 mar 2018, 19h19 - Publicado em 30 nov 2016, 18h48
Será que o papanicolau vai virar um exame obrigatório para gestantes no futuro?! (Foto: Getty Images / Ilustração: Rubens Paiva/)
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Atualmente, a medicina é capaz de diagnosticar cerca de 300 doenças genéticas em um bebê, mesmo antes do nascimento. Mas agora, graças a um estudo do laboratório Drewlo Lab, vinculado à Wayne State University, nos Estados Unidos, esse número pode subir para 6 mil – e tudo o que a mãe vai precisar fazer é um Papanicolau.

O Papanicolau é aquele exame incômodo e rápido que quase toda mulher conhece bem: o médico dá uma raspadinha no colo do útero. Em uma não-grávida, ele serve principalmente para detectar câncer de colo de útero. Mas os pesquisadores garantem que o teste tem efeitos ainda mais benéficos nas gestantes: através dele, é possível retirar células fetais o suficiente para acusar doenças como a talassemia (quando a pessoa tem poucas proteínas transportadoras de oxigênio) e a anemia falciforme (quando os glóbulos vermelhos têm má formação e morrem rápido demais) – ambas indetectáveis até hoje no feto. E mais: o exame pode ser feito bem mais cedo na gestação do que é costume atualmente – a partir das cinco semanas.

Hoje, os testes genéticos pré-natais mais comuns são a amniocentese (apelidada de amnio) e a amostragem vilo-coriônica (CVS), que usam agulhas para retirar amostras do líquido amniótico de dentro do útero e encontrar problemas genéticos, como a síndrome de Down e a trissomia do cromossomo 18. O problema é que esses exames são bastante invasivos: se feitos cedo demais, podem resultar em abortos ou na má formação dos membros do bebê. Por isso, só devem ser feitos se quando a gestação já estiver mais avançada – com pelo menos 12 semanas para a amnio e 9 para a CVS.

Além de poder ser realizada mais cedo, a nova técnica é bem menos invasiva do que as que já existem, pois não precisa invadir o útero: ela capta algumas das primeiras células que se formam no embrião (chamadas de trofoblásticas) – os médicos ainda não sabem por que, mas essas células são expelidas e ficam alojadas no colo do útero da grávida, que é basicamente a porta de entrada do útero. Apesar do mistério, a técnica funciona bem: os cientistas já foram capazes de examinar, com sucesso, o genoma de 20 fetos, de gestações entre 5 e 19 semanas.

Poder detectar doenças genéticas o mais cedo possível é importante para que os médicos sejam capazes de tratá-las o quanto antes, preferivelmente no útero. É o caso, por exemplo, da hiperplasia adrenal congênita, que prejudica as glândulas adrenais – produtoras de hormônios importantes, como o cortisol (envolvido nas respostas ao estresse) – e que, em alguns casos, pode ser fatal. Se essa e outras anomalias forem tratadas direto no útero, as chances de cura são muito maiores, segundo os pesquisadores.

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Esta matéria foi publicada originalmente na Superinteressante

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