A epilepsia é uma desordem neurológica marcada por uma desregulação no sistema elétrico do cérebro. Durante a crise, as células nervosas começam a se comportar de forma anormal e exagerada, o que leva à perda de consciência, movimentos involuntários dos músculos, náuseas e vômitos.
Felizmente, as medicações disponíveis são capazes de manter a enfermidade sob controle em pelo menos dois terços dos casos. É vital obedecer as recomendações do médico e não abandonar o tratamento de jeito nenhum. Durante o Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado na cidade gaúcha de Gramado, especialistas apresentaram estratégias para evitar a morte súbita, um dos maiores temores nessa doença.
“O sujeito tem uma vida normal, vai dormir e, no outro dia, é encontrado morto em sua cama”, caracteriza o neurologista Philippe Ryvlin, da Universidade de Lyon, na França. Isso geralmente acontece em decorrência de uma crise convulsiva generalizada, que toma todo o cérebro e surge ao longo das horas de sono.
Ter mais de três episódios convulsivos durante um ano já eleva o risco de morte súbita em mais de 50%. “Nos momentos seguintes ao quadro, regiões neurais que regulam a respiração não funcionam direito e a falta de oxigênio leva ao óbito”, completa o expert.
Então, o que fazer?
Esse cenário terrível mantém muitas pessoas com o transtorno num eterno estado de tensão. Mas é possível minimizar esse perigo ao colocar em prática algumas recomendações. “A regra número um é reduzir o máximo possível os episódios de convulsão por meio da terapia medicamentosa mais indicada para aquele paciente”, esclarece o neurologista André Palmini, do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Manter um membro da família de sobreaviso é outra atitude inteligente. Se esse parente não dormir no mesmo quarto, é possível instalar nos dois cômodos aquelas babás eletrônicas, comumente utilizadas para monitorar recém-nascidos. Caso algum barulho estranho soe nos aparelhos de comunicação, vale checar se está tudo bem.
Muitas vezes, um pequeno chacoalhão ou um toque nos ombros da pessoa logo após a crise já ajuda a despertar e voltar às funções normais. Converse também com o médico que acompanha o caso sobre a possibilidade de deixar um tubo de oxigênio por perto para alguma eventualidade.
Mãozinha da tecnologia
Uma novidade na área são dispositivos vestíveis que ajudam a detectar a crise epiléptica em seus estágios iniciais. “Eles estão aprovados nos Estados Unidos desde o ano passado e monitoram os movimentos, a contração dos músculos e as alterações em condutores que temos na pele” explica Ryvlin. A invenção se comunica com algum familiar ou amigo e emite o alerta de que algo está errado.
“Apesar de já ser possível importar alguns desses produtos, nós também estamos desenvolvendo aparelhos deste tipo aqui no Brasil”, revela o médico Fernando Cendes, professor titular de neurologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em breve, as versões internacionais e nacionais devem estar a venda em nosso país.