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Maioria das brasileiras só descobre o câncer de mama no autoexame

Levantamento realizado no Rio de Janeiro mostra que mulheres flagram a doença apenas quando sentem caroços ou outras alterações nos seios. Por quê?

Por André Biernath
Atualizado em 25 out 2016, 20h08 - Publicado em 7 out 2016, 10h33
Rogerio Maroja
Rogerio Maroja (/)
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O Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou na tarde de ontem, dia 6, uma pesquisa com 405 pacientes cariocas com tumores nas mamas. Os dados apontam que 66,2% detectaram o problema sozinhas, ao perceber que algo não estava bem no peito. Os principais sintomas relatados foram presença de caroços (89,6% das vezes), seguido por dores (20,9%), alterações na pele (7,1%), saída de secreção no mamilo (5,6%), mudanças no formato da mama (3,7%) e outras alterações no mamilo (2,6%).

A mamografia e outros métodos de imagem só revelaram a enfermidade em 30,1% das mulheres, enquanto 3,7% receberam o diagnóstico na consulta com o médico. Se por um lado isso reforça a importância de ficar atento aos sinais que o corpo dá, por outro denuncia a falta de estrutura básica para atender a população no sistema público de saúde — mesmo que seja para realizar testes de checkup importantes para encontrar doenças em seus estágios iniciais. Veja: o autoexame geralmente só é capaz de notar nódulos e malformações que já ultrapassaram 1 centímetro de extensão, o que complica o tratamento e reduz as chances de sucesso.

Leia mais: Dormir pouco aumenta risco de câncer de mama

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) divulgou uma nota com uma análise dos achados desse estudo — segundo ela, a alta taxa de diagnósticos feitos pelo toque nos seios decorre do baixo acesso às mamografias. “Em seus estudos, a Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia, em conjunto com a SBM, mostra que menos de 25% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram a mamografia pelo Sistema Único de Saúde em 2015”, afirma o informativo. “O Estado não pode repassar à brasileira o ônus de sua inoperância na realização de mamografias”. A entidade reforça ainda que passar pelo exame é um direito constitucional de todas aquelas que passaram dos 40 anos.

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Atualmente, existe uma grande polêmica sobre a idade ideal para começar a se submeter a mamografia, o método mais indicado para diagnosticar a doença em sua fase inicial. Enquanto o Inca e a Organização Mundial da Saúde estabelecem que mulheres entre 50 e 69 anos precisam passar pelo checkup a cada dois anos, a SBM, a Sociedade Brasileira de Radiologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia acreditam que o teste deva ser iniciado antes, a partir dos 40 anos — e uma vez a cada 12 meses. As recomendações mudam se há histórico de câncer de mama na família: aí é importante passar pelo laboratório mais cedo. Diante da controvérsia, consulte seu médico para saber quando pedir a avaliação.

Confira abaixo a nota completa da Sociedade Brasileira de Mastologia

A Sociedade Brasileira de Mastologia reitera que a mamografia no Brasil é um direito de toda mulher acima dos 40 anos de idade. Deve ser lembrado que a mamografia não funciona isoladamente e, eventualmente, pode falhar. Ainda assim, é o único método que demonstrou reduzir a mortalidade por câncer de mama. 

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Os casos que acontecem no Brasil, nos quais a mulher descobre o seu próprio nódulo, se deve ao baixo índice de acessibilidade à mamografia pelo SUS. O Estado não pode repassar à mulher brasileira o ônus de sua inoperância na realização de mamografias. O baixo número desses exames realizado no Rio de Janeiro pelo SUS em 2015 (15,3%), em mulheres de 50 a 69 anos, demonstra que elas não estão tendo seu direito garantido, apesar da lei. É isso que reflete a pesquisa anunciada pelo INCA, ou seja, por não fazerem mamografia, as mulheres detectam o câncer pelo autoexame. 

Em seus estudos, a Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Mastologia, mostra que menos de 25% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2015.
Os estudos também confirmam as pesquisas divulgadas no Canadá e no Reino Unido, que revelam que a mamografia realizada entre 40 e 49 anos pode reduzir a mortalidade, considerando que, se feita anualmente, pode oferecer maior chance de cura e maior sobrevida para as mulheres que tiveram o infortúnio de desenvolver câncer de mama. 

Hoje, ¼ das 58 mil mulheres que desenvolverão o câncer de mama no Brasil neste ano estarão entre 40 e 49 anos. Considerando que é um direito constitucional da mulher brasileira fazer a mamografia, a SBM recomenda que o exame mamográfico seja feito anualmente a partir dos 40 anos. E mais. Recomenda que a mulher possa e deva se autoexaminar, uma vez que conhecer o próprio corpo faz parte da obrigação de cada indivíduo. Esses fatos mostram que é fundamental o estado prover mamografia para todas as mulheres acima de 40 anos e que pontes possam ser construídas evitando que o peso recaia sobre os ombros da mulher brasileira.

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