Febre oropouche se espalha pelo país e passa de 10 mil casos
Doença antes restrita à região Amazônica tem se tornado comum em regiões onde antes não acontecia. Quatro mortes já foram confirmadas no Sudeste em 2025

Quatro mortes pela febre oropouche foram confirmadas por dois estados do Sudeste durante a semana: três no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo. Embora ainda não seja considerada uma epidemia, a doença — antes restrita a regiões amazônicas — repete o cenário de 2024, espalhando-se por áreas do Brasil onde não ocorria anteriormente.
Segundo os dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da Saúde, até 10 de maio o país já havia superado os 10 mil casos confirmados, espalhados por 17 estados brasileiros. Com menos de cinco meses, o número já se aproxima ao observado no ano passado inteiro, quando foram 13,8 mil casos.
Até o momento, a maioria das infecções se concentra na região Sudeste, com 6,1 mil contágios identificados no Espírito Santo e quase 2 mil no Rio de Janeiro. Também há a possibilidade de subnotificação: a doença muitas vezes é confundida com outros quadros, como a dengue, e nem sempre é testada em lugares onde ainda é incomum.
O que é o oropouche
A febre oropouche é uma doença viral — causada pelo Orthobunyavirus oropoucheense, ou OROV — que usa mosquitos como vetores, como ocorre com a própria dengue, o zika ou o chikungunya. Nesse caso, porém, o vilão não é o Aedes aegypti, mas outras espécies de mosquitos.
O principal vetor é o Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. No entanto, outras espécies de mosquitos têm sido associadas à transmissão do OROV, como o Culex quinquefasciatus, o pernilongo comum. A variedade de espécies que podem ser vetores e as mudanças climáticas têm propiciado a expansão da doença para novas partes do mapa.
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O oropouche produz, além da própria febre, sintomas como dores no corpo e perda de apetite. Somente pelos sintomas, costuma ser difícil distingui-la de outras arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos), sendo necessários testes laboratoriais para confirmar a suspeita. Em geral, isso ocorre por eliminação, quando os sintomas persistem após um teste de dengue, por exemplo, voltar negativo.
Até o ano passado, não havia registros de mortes causadas pelo oropouche, mas a expansão da doença pelo Brasil mudou esse cenário. O país acabou confirmando os primeiros óbitos da literatura médica em 2024, e agora volta a ter esse desfecho trágico este ano. Como o casos ainda são raros, não há um perfil definido de quais pacientes estariam mais suscetíveis a complicações fatais.
A doença também tem sido estudada por provocar microcefalia em bebês.
O que fazer para prevenir e tratar
Ainda não existe vacina contra a febre oropouche. Por isso, o principal método de prevenção continua sendo evitar a proliferação dos mosquitos: mantenha áreas limpas e evite acúmulo de sujeira e água. Para a proteção contra o inseto que já circula, use repelentes e telas nas janelas.
Uma vez confirmado um quadro de oropouche, não existe tratamento específico: o próprio corpo deve combater o vírus e os sintomas tendem a passar em uma semana.
São indicados apenas medicamentos para os sintomas, como a febre, e o ideal (enquanto não há certeza sobre qual é a doença) é evitar aqueles que são contraindicados quando há suspeita de dengue, como ibuprofeno ou AAS (ácido acetilsalicílico). Prefira paracetamol e dipirona.
Cuidados gerais, como manter-se em repouso e com a hidratação em dia, também são preconizados pelos médicos.