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Especial Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas: vitórias da ciência brasileira

Premiação reconhece um seleto grupo de instituições e profissionais com projetos com potencial de mudar realidades. Conheça os trabalhos

Por Goretti Tenorio e Regina Célia (texto), Thiago Lyra (design e infografia) e Rodrigo Damatti (ilustração)
Atualizado em 27 ago 2024, 17h35 - Publicado em 19 jan 2024, 14h31
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Prêmio de Inovação Médica reconheceu projetos com potencial de mudar realidades (Ilustração: Rodrigo Damati/Veja Saúde)
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O Brasil é também um país de ciência. Mesmo com tantos desafios na área, alguns cidadãos se dedicam incansavelmente a buscar soluções disruptivas para as questões que afligem a assistência médica e o ecossistema de saúde. E eles, junto às instituições que representam, merecem ser reverenciados por essas conquistas que, mais cedo ou mais tarde, repercutem no dia a dia de milhões de pessoas.

Essa é a filosofia que move a parceria entre o Instituto Oncoclínicas de Pesquisa e Educação Médica e VEJA SAÚDE em uma das principais iniciativas de reconhecimento e divulgação de pesquisas, tecnologias, campanhas e ações educativas capazes de fazer a diferença pelos pacientes, pelo sistema de saúde e pela sociedade como um todo.

Conduzidos no setor público ou privado, em laboratórios e hospitais ou nas ruas, por meio de aplicativos de smartphones ou no atendimento olho no olho, alguns trabalhos abrem a perspectiva de mudar desfechos e salvar vidas.

+ Leia também: Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica anuncia vencedores

O Prêmio VEJA SAÚDE & Oncoclínicas de Inovação Médica recebeu dezenas de projetos vindos de todas as regiões do país — alguns deles com vínculos internacionais.

Eles foram avaliados por um júri técnico formado por grandes nomes da ciência brasileira, que levaram em conta critérios como capacidade disruptiva, abrangência e aplicabilidade, impacto e relevância e uso de novas tecnologias. Após uma análise criteriosa, a organização da premiação chegou aos vencedores da edição 2023, anunciados numa cerimônia em São Paulo.

Os concorrentes foram divididos em seis categorias, entre elas a estreante Engajamento e Empoderamento do Paciente, voltada a iniciativas que permitem aos indivíduos ter um papel mais ativo no gerenciamento de sua própria saúde.

Nela, o troféu foi para a healthtech ProBrain, que concebeu uma plataforma online e baseada em inteligência artificial para identificar falhas no processamento da audição e guiar atividades para turbinar conexões cerebrais relacionadas à escuta.

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+ Leia também: Vídeo: como foi o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica

Em Medicina de Precisão e Genômica, direcionada a pesquisas e ferramentas genéticas com potencial de aperfeiçoar o entendimento, a detecção e o controle de doenças, a vitória coube a um estudo nacional que traz esperança no combate ao câncer de pâncreas, um dos tumores mais agressivos e letais.

A estratégia envolve a descoberta de uma estrutura do sistema imunológico que atua na reação à doença — obra de pesquisadores do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo, com a colaboração da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, do Hospital Israelita Albert Einstein, do Instituto Evandro Chagas, do Hospital de Amor e da Escola Superior Mines Saint-Etienne, na França.

Já na categoria Prevenção e Promoção à Saúde, os aplausos foram para uma solução desenvolvida pela PBSF (Protegendo Cérebros e Salvando Futuros, na sigla em inglês): uma rede de monitoramento que identifica precocemente disfunções cerebrais em bebês internados em UTIs, propiciando suporte a decisões médicas a fim de evitar sequelas e prejuízos ao desenvolvimento das crianças.

Da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vem o trabalho laureado em Medicina Social, cujo foco são projetos destinados a aprimorar a assistência, o acesso e a saúde coletiva de um grupo ou região. A equipe mineira elaborou um programa de navegação de pacientes com câncer submetidos à radioterapia.

A meta, devidamente alcançada, foi resolver lacunas que dificultam a rotina de cuidados e contribuir para reduzir o tempo entre diagnóstico e início do tratamento.

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Veio também da UFMG o projeto ganhador da distinção em Terapias e Tratamentos Inovadores. Os autores desenvolveram uma molécula sintética que promete ser a base da primeira vacina para tratar a dependência de cocaína, um problema de saúde pública no Brasil e no mundo.

Na categoria Tecnologias Diagnósticas, por sua vez, a proposta apresentada pelo Hospital de Amor de Barretos, no interior paulista, fez jus às notas do júri. Trata-se de uma cabine high-tech de autoatendimento para o rastreamento de lesões de pele. A missão é orientar a população e diagnosticar e encaminhar rapidamente para tratamento casos de melanoma, o câncer cutâneo mais grave.

Os profissionais e instituições que integram a galeria dos vencedores são uma amostra da criatividade, da resiliência e do espírito de transformação desses brasileiros que estão na linha de frente da produção científica e do atendimento à saúde. Desde já, somos gratos a eles!

A cabine high-tech que investiga lesões na pele

Uma plataforma inédita de teledermatologia foi concebida pelo Hospital de Amor de Barretos, referência em oncologia no interior de São Paulo.

“Além de agilizar o diagnóstico, queremos chamar a atenção para o câncer de pele, conscientizando as pessoas sobre prevenção”, sintetiza o cirurgião oncológico Vinicius de Lima Vazquez, um dos responsáveis pelo projeto Retrate.

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“O foco é o melanoma, tumor muito agressivo e que, por essa razão, precisa ser identificado quanto antes para o sucesso do tratamento”, complementa.

Partindo da premissa de que esse câncer é detectável por exame visual, os pesquisadores criaram um aplicativo e uma cabine fotográfica de autoatendimento.

Instalada em um shopping center local, a unidade móvel, além de facilitar a triagem por meio de inteligência artificial, tem como pilar a educação em saúde. Isso porque a proposta contempla ainda o treinamento dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para reconhecer pintas suspeitas.

“Se um técnico de enfermagem vai medir a pressão do paciente e nota uma lesão cutânea, é orientado a encaminhar a pessoa para o especialista”, ilustra o médico.

A ideia é espalhar esse conhecimento também a maquiadores, cabeleireiros e massagistas, que terão acesso a um QR Code para enviar fotos e ajudar no rastreamento do melanoma.

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“A partir dos resultados, esperamos mostrar que é possível reduzir a incidência de câncer de pele e salvar vidas de maneira eficaz e econômica”, conclui Vazquez.

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Clique para ampliar (Infográficos: Thiago Lyra, Goretti Tenorio e Regina Célia Pereira | Ilustrações: Rodrigo Damati/Veja Saúde)

Abordagens móveis e de tecnologia para prevenção primária e secundária de câncer: desenvolvimento de uma unidade de fotografia para rastreio e prevenção primária e secundária de câncer de pele e impacto sobre a incidência e prevalência de melanoma na cidade de Barretos (SP)

Autores: Vinicius de Lima Vazquez e Raquel Descie Veraldi Leite.
Instituição: Hospital de Amor de Barretos — Fundação Pio XII.

Inteligência artificial como aliada contra as barreiras da audição

Sabe aquela pessoa que está sempre pedindo para repetir o que foi falado? Muito além da questão da escuta em si, essa dificuldade pode ser sinal de uma falha no processamento auditivo central. Ou seja, na maneira como o som é identificado pelo cérebro.

Quando alguém apresenta alterações nesse canal, também pode enfrentar prejuízos de memória e foco, comprometendo o desempenho nos estudos e a capacidade de trabalhar em ambientes ruidosos, por exemplo.

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“Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será o processo de reabilitação. Até porque essas perdas muitas vezes abalam a saúde mental e desencadeiam problemas como depressão e ansiedade”, expõe a fonoaudióloga Ingrid Gielow, cofundadora e CEO da heathtech ProBrain, criadora do AudioFoco, uma solução baseada em inteligência artificial para turbinar as conexões cerebrais relacionadas à audição.

Tradicionalmente, a estimulação do processamento auditivo é feita por profissionais em centros especializados e usando cabines acústicas. A realidade brasileira, entretanto, restringe o acesso a esse tipo de assistência.

“Nossa multiplataforma online gamificada elimina barreiras geográficas e reduz custos”, afirma Ingrid.

A ferramenta é composta do AudBility, programa responsável pela triagem, e do Afinando o Cérebro, que, por meio de jogos, aprimora habilidades de acordo com necessidades individuais. A plataforma teve sua eficácia validada em pesquisa e foi bem-sucedida em projeto-piloto de treinamento corporativo.

De acordo com seus idealizadores, pode ser adaptável a diferentes contextos, inclusive com crianças e adolescentes, permitindo a cada paciente ser protagonista tanto da própria avaliação quanto da sua reabilitação.

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Clique para ampliar (Infográficos: Thiago Lyra, Goretti Tenorio e Regina Célia Pereira | Ilustrações: Rodrigo Damati/Veja Saúde)

AudioFoco: inteligência artificial para treinamento do sistema auditivo cognitivo

Autoras: Ingrid Gielow, Marina Englert, Gracieth Batista e Diana Melissa Faria.
Instituição: ProBrain Soluções Neurotecnológicas para Saúde e Educação.

Descoberta amplia as esperanças diante do câncer de pâncreas

Ao investigarem o papel do sistema imune frente aos desafiadores tumores de pâncreas, cientistas do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo, identificaram um reduto no organismo que abre novas perspectivas contra a doença, que está entre as mais agressivas e tem alta taxa de mortalidade.

“Trata-se da estrutura linfoide terciária (TLS), um emaranhado de células de defesa que faz toda a diferença tanto na evolução da doença quanto na resposta ao tratamento”, revela o biomédico Tiago da Silva Medina, líder do trabalho.

A equipe brasileira avaliou pacientes de dentro e fora do país, totalizando mais de 200 amostras de adenocarcinoma ductal pancreático — o tipo mais comum de câncer de pâncreas.

Por meio de técnicas genômicas, caso do sequenciamento de RNA de células únicas, observou-se que, conforme a TLS amadurece, atua de maneira mais eficaz no combate ao tumor. Também se desvendou que apenas 20% dos pacientes apresentavam a tal estrutura naturalmente.

“A detecção de moléculas que indicam a presença das TLSs maduras poderá embasar o desenvolvimento de testes que ajudarão a selecionar pacientes mais receptivos à imunoterapia”, diz a pesquisadora Gabriela Kinker, referindo-se ao tratamento que estimula a imunidade a reconhecer e atacar o câncer.

Os achados também abrem caminho ao desenvolvimento de substâncias que induziriam a formação da tal estrutura terciária linfoide no corpo — isto é, uma classe inédita de medicamentos.

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Clique para ampliar (Infográficos: Thiago Lyra, Goretti Tenorio e Regina Célia Pereira | Ilustrações: Rodrigo Damati/Veja Saúde)

Estruturas linfoides terciárias maduras são chave para a geração de respostas imunes antitumorais em adenocarcinomas ductais pancreáticos

Autores: Gabriela Kinker, Glauco Vitiello, Ariane Diniz, Mariela Cabral-Piccin, Pedro Henrique Pereira, Maria Letícia Carvalho, Wallax Ferreira, Alexandre Chaves, Amanda Rondinelli, Arianne Gusmão, Alexandre Defelicibus, Gabriel dos Santos, Warley Nunes, Laura Claro, Talita Bernardo, Ricardo Nishio, Adhemar Pacheco, Ana Carolina Laus, Lidia Arantes, Julia Fleck, Victor de Jesus, André Moricz, Ricardo Weinlich, Felipe Coimbra, Vladmir de Lima e Tiago da Silva Medina.
Instituição: Fundação Antônio Prudente/A.C.Camargo Cancer Center.

Uma rede que salva bebês de sequelas cerebrais

Apesar dos avanços nos cuidados perinatais, todo ano milhões de crianças chegam ao mundo com o risco de desenvolver problemas neurológicos graves. Prematuridade, cardiopatia congênita e falta de oxigenação no parto, a asfixia perinatal, estão entre os fatores por trás de deficiências potencialmente incapacitantes.

Daí a importância de contar com uma solução como a desenvolvida pela PBSF (Protegendo Cérebros e Salvando Futuros, na sigla em inglês). Ela provê a bebês internados em unidades de terapia intensiva (UTI) uma rede de monitoramento cerebral, com coleta, transmissão e análise de dados — tudo interligado a tecnologia de última geração.

“A ideia é oferecer assistência em tempo real de modo a identificar precocemente disfunções cerebrais e dar suporte às decisões médicas”, conta o neonatologista Gabriel Variane, fundador da PBSF.

A empresa pioneira conecta UTIs neonatais de 45 hospitais dentro e fora do país a uma central, em São Paulo, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. Ali fica uma equipe especializada que acompanha a situação, avalia exames, emite laudos e discute os casos clínicos na busca de intervenções ágeis e eficientes.

“A monitorização associada à implantação de protocolos específicos reduz a mortalidade e o risco de sequelas em recém-nascidos de alto risco”, diz o também neonatologista Alexandre Netto, vice-presidente da PBSF. Entre os recursos utilizados, destacam-se a inteligência artificial, que ajuda a predizer eventos desfavoráveis, e os óculos de realidade virtual, que dão suporte aos procedimentos na beira do leito.

“Nosso objetivo é ampliar o conceito para UTIs pediátricas e adultas, a fim de ajudar a mudar a história de milhões de famílias em todo o mundo”, conta Variane.

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Clique para ampliar (Infográficos: Thiago Lyra, Goretti Tenorio e Regina Célia Pereira | Ilustrações: Rodrigo Damati/Veja Saúde)

Saúde digital avançada para prevenção de sequelas neurológicas em recém-nascidos

Autores: Alexandre Netto, Gabriel F.T. Variane, Rafaela Fabri R. Pietrobom e Mauricio Magalhães.
Instituição: Protecting Brains & Saving Futures (PBSF).

Navegação de pacientes: uma bússola para lidar com o câncer no SUS

Planejamento é palavra-chave no tratamento de tumores. E se torna algo crítico quando se fala em radioterapia, uma das principais abordagens frente à doença. No Brasil, porém, obstáculos limitam o uso adequado dessa ferramenta, entre eles o déficit de aparelhos e a falta de recursos técnicos e humanos, sem contar as vulnerabilidades sociais de quem precisa passar pelas sessões.

Pensando em otimizar o que há disponível hoje, especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) testaram o potencial de uma estratégia denominada navegação de pacientes como forma de melhorar o tempo para início e finalização dos procedimentos na rede pública.

“O objetivo é levá-los do ponto A, o diagnóstico, ao ponto B, a conclusão do tratamento, da forma mais ágil e menos sofrida possível”, explica a oncologista Carolina Martins Vieira, à frente da iniciativa.

“O profissional treinado para a função de navegador se apresenta para o paciente e a equipe médica, toma conhecimento do diagnóstico e das etapas previstas para as sessões de rádio e faz o levantamento sociodemográfico para entender a realidade de cada um”, descreve a médica. “Cabe a ele desde verificar a documentação necessária para atendimento até buscar apoio, como acionar a Secretaria de Transportes, para facilitar a locomoção da pessoa, se for o caso”, detalha.

Toda essa assistência personalizada, elaborada com o suporte acadêmico e financeiro do Global Cancer Institute, ligado à Universidade Harvard (EUA) e pioneiro em navegação oncológica, fez diferença — para o paciente e o SUS. “Com os bons resultados obtidos, já temos sinal verde para ampliar o projeto para outros tratamentos contra o câncer, além da radioterapia”, celebra Carolina.

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Clique para ampliar (Infográficos: Thiago Lyra, Goretti Tenorio e Regina Célia Pereira | Ilustrações: Rodrigo Damati/Veja Saúde)

Papel da navegação de pacientes na melhoria dos prazos para início e conclusão do tratamento radioterápico definitivo no sistema público de saúde de Belo Horizonte

Autores: Carolina Martins Vieira, Angélica Nogueira Rodrigues e Paulo Henrique Costa Diniz.
Instituição: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Uma vacina para tratar a dependência de drogas

O uso de cocaína e crack costuma trazer resultados devastadores ao indivíduo, à família e a todo o seu entorno. Uma rápida olhada na área conhecida como Cracolândia, no centro da cidade de São Paulo, dá uma dimensão das dificuldades enfrentadas no Brasil e no mundo quando se trata de encontrar saídas para o vício em drogas.

“Esse é um desafio complexo, multifatorial, que envolve questões biológicas, psicológicas e vulnerabilidades sociais. Por isso exige diferentes abordagens terapêuticas”, diz o psiquiatra Frederico Duarte Garcia.

Ele é o responsável pelo desenvolvimento de uma estratégia inovadora contra a dependência que se vale das próprias defesas do organismo do paciente para se blindar dos efeitos da droga.

Juntamente com sua equipe no Departamento de Saúde Mental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o médico criou uma molécula inteiramente sintética, a UFMG-V4N2, base de uma vacina terapêutica capaz de interromper o mecanismo que provoca a compulsão. Assim nasceu a Calixcoca, que já é produzida em escala de pesquisa nos laboratórios da faculdade.

“Não se trata de uma varinha mágica, uma panaceia. A vacina foi elaborada para complementar o tratamento usual”, pondera Garcia.

Nos experimentos, o imunizante demonstrou potencial para produzir anticorpos contra a droga, prevenindo sua atuação no cérebro. “A Calixcoca modifica a molécula de cocaína, cessando ou diminuindo sua ação no chamado circuito de recompensa. Assim, é possível interromper a série de recaídas comuns na dependência, e a pessoa ganha tempo para reconstruir sua vida”, explica o pesquisador.

Agora os cientistas esperam continuar a sequência de estudos clínicos para avaliar eficácia e segurança do produto, assim como identificar quais perfis de pacientes poderão ser mais beneficiados com a vacina.

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Clique para ampliar (Infográficos: Thiago Lyra, Goretti Tenorio e Regina Célia Pereira | Ilustrações: Rodrigo Damati/Veja Saúde)

Calixcoca: desenvolvimento de um tratamento inovador para a dependência de cocaína e crack

Autores: Frederico Duarte Garcia, Maila de Castro Lourenço das Neves, Ângelo de Fátima e Gisele de Castro Goulart.
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Conheça os jurados do prêmio

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Clique para ampliar (Infográficos: Thiago Lyra, Goretti Tenorio e Regina Célia Pereira | Ilustrações: Rodrigo Damati/Veja Saúde)
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