Quem nunca deu uma última olhadinha no celular após deitar na cama? Só mais uma arrastada na tela, uma mensagem no whats, um story… e, quando se dá conta, a última olhadinha se torna uma empreitada de vários minutos ou até horas, prejudicando sua capacidade de pegar no sono — e, consequentemente, de ter uma noite de descanso adequado.
É bem possível que você já tenha lido na internet sobre os perigos de dormir com o celular na cama relacionados a um suposto risco da radiação emitido pelo aparelho. Não caia nessa: prejudicial à saúde, mesmo, é o próprio impacto que a tecnologia tem sobre o seu sono, o que pode ter consequências pesadas no longo prazo.
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Como o celular prejudica seu sono
Por muito tempo, acreditou-se que os principais efeitos do celular contra uma boa higiene do sono estariam associados à própria tela. A luz azul emitida pelo aparelho teria um papel determinante em nos manter alertas ao prejudicar a produção de melatonina, o “hormônio do sono”.
Novas evidências, porém, sugerem que esse impacto não é tão relevante assim. O que não quer dizer que o celular é isento de culpa: os estudos seguem apontando uma correlação entre o uso de celular na cama e um sono pior. A dúvida é qual a verdadeira causa por trás disso.
Outra hipótese que ganhou força diz respeito à forma como usamos o celular: uma interação ativa e atenta, seja nas redes sociais, em conversas ou de outras maneiras. Esse uso engajado seria determinante: pense em como é mais fácil adormecer diante da TV, a que você assiste passivamente, do que interagindo com uma pessoa ou timeline pela tela do smartphone.
Além de manter o cérebro mais alerta, esse uso faz com que você pisque menos, ressecando os olhos e dificultando o relaxamento.
Quais os riscos de dormir mal?
Uma noite ruim de sono isolada pode não causar problemas sérios. Mas, se você dorme mal com frequência, os impactos de longo prazo à saúde são sérios e estão bem documentados.
Pessoas com o sono cronicamente desregulado têm risco elevado de desenvolver uma série de problemas de longo prazo, com uma maior ocorrência de questões como doenças cardíacas, demência, diabetes e diferentes tipos de câncer.
Por isso, mesmo que ainda não haja consenso sobre qual, exatamente, é o mecanismo que torna o celular prejudicial ao sono, ele deve ser usado com cautela na hora de ir para a cama.
E a radiação do celular?
Foco de muitas teorias da conspiração, a radiação emitida pelos celulares (ou pelos sinais de 4G e 5G) costuma aparecer como “vilã” da saúde em algumas postagens de redes sociais. Mas não há qualquer evidência científica sólida apontando que eles causam problemas desse tipo.
Sim, os celulares emitem radiação, mas é radiação não ionizante, aquela que causa aumento de temperatura mas não altera moléculas; e ela existe em níveis considerados irrisórios para a saúde humana. Não há estudos sérios que a associem, por exemplo, a um maior risco de câncer no cérebro, mesmo com décadas de uso de celulares pelo mundo.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica um limite máximo de 2 watts por quilograma (W/kg) de taxa de absorção específica (SAR, na sigla em inglês) para a energia eletromagnética emitida por aparelhos eletrônicos na região de cabeça e tronco. No Brasil, os dispositivos homologados pela Anatel geralmente têm SAR inferior a 0,5 W/kg, muito abaixo dessa margem de segurança.