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Dor todo mês? Saiba o que está por trás das cólicas menstruais

Ginecologista ensina a diferenciar uma cólica "normal" de um possível sintoma de condições como a endometriose

Por Fabia Vilarino, ginecologista da Brazil Health*
Atualizado em 21 mar 2025, 09h32 - Publicado em 20 mar 2025, 17h01
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Dor excessiva durante a menstruação pode ser sinal de doenças ginecológicas (skaman306/Getty Images)
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A cólica menstrual, chamada dismenorreia, é a dor que ocorre no baixo ventre durante o período menstrual e afeta de 70% a 90% das mulheres jovens, segundo dados do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG).

Ela é causada pelo próprio processo de eliminação de sangue e tecido interno do útero (endométrio) durante a menstruação. Pode se iniciar alguns dias antes do fluxo e permanecer por alguns dias após o término da menstruação.

Mensalmente, o sistema reprodutor feminino se prepara para uma gestação, e o útero forma uma camada interna para receber o embrião. Quando a gravidez não ocorre, inicia-se o processo de eliminação dessa camada e regeneração do útero para um novo ciclo.

Esse tecido interno chama-se endométrio e, juntamente com o sangue, é eliminado em forma de fluxo menstrual.

Para que o útero consiga expelir esse material, ocorre uma série de eventos que envolvem a contração da musculatura uterina, um processo inflamatório de regeneração do endométrio e a liberação de substâncias chamadas prostaglandinas, que causam dor.

+Leia também: Maioria das mulheres tem dor intensa no período menstrual

Então é normal sentir cólicas menstruais?

Nunca é normal sentir dor, mas, no caso da dismenorreia, podemos classificá-la em dois tipos: primária e secundária.

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A dismenorreia primária é aquela cólica que ocorre desde os primeiros ciclos menstruais da adolescência, sem estar associada a uma doença ginecológica. Geralmente, tende a diminuir com o tempo e, principalmente, após a primeira gestação.

Nesse caso, pode ser controlada com medidas simples, como o uso de analgésicos e anti-inflamatórios.

Já a dismenorreia secundária é caracterizada por uma mudança nas características da dor. Em vez de melhorar, ela piora com o tempo, pode se tornar muito intensa, durar mais dias e não responder ao uso de analgésicos e anti-inflamatórios.

Essas dores podem ou não estar associadas a outros sintomas, como dores nas costas, cefaleias (dores de cabeça), náuseas e alterações intestinais ou urinárias.

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As características desse quadro alteram a qualidade de vida da mulher, interferindo na rotina de trabalho, estudos e lazer. Muitas vezes, isso leva a ausências em compromissos, idas a hospitais para receber medicações e até internações. Em alguns casos, as dores podem ser consideradas incapacitantes.

Esse tipo de cólica menstrual é preocupante e não deve ser considerado normal. A investigação e o acompanhamento rigoroso são fundamentais, pois essas queixas geralmente estão associadas a doenças como miomas, adenomiose e endometriose.

A literatura científica recomenda a investigação das dores menstruais para possibilitar a detecção precoce e o tratamento adequado das afecções ginecológicas. Muitas vezes, considerar a dor menstrual como “normal” pode atrasar o diagnóstico de doenças como a endometriose, interferindo negativamente em sua evolução e prognóstico.

Quando devemos nos preocupar?

A resposta é simples: sempre que a dor interferir na qualidade de vida.

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Não há uma regra formal que determine a necessidade de investigação de doenças relacionadas à dismenorreia. A informação mais importante é o impacto dessas cólicas na rotina e o quanto elas têm mudado nos últimos meses.

É essencial procurar um médico sempre que perceber que o desconforto passou a ser dor, que surgiram outros sintomas associados à cólica, como alterações intestinais, que os analgésicos não fazem mais efeito ou que a menstruação está atrapalhando compromissos sociais, de trabalho ou de estudo.

+Leia também: Ter endometriose eleva em até 20% o risco de infarto e AVC

É possível se livrar das cólicas?

Na maioria dos casos, sim.

A classificação da dismenorreia como primária ou secundária é feita basicamente por meio da história clínica realizada pelo médico, associada, quando necessário, a exames complementares, como exames de imagem. Por isso, a consulta é muito importante.

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Como explicamos, se a dismenorreia for primária, medidas como o uso de analgésicos e anti-inflamatórios podem ser eficazes para o alívio do desconforto. Já na dismenorreia secundária, é essencial diagnosticar e tratar a doença subjacente que está causando a dor.

O tratamento pode ser cirúrgico ou clínico, com o uso de medicamentos como anticoncepcionais ou DIUs hormonais.

Além disso, algumas mudanças no estilo de vida, como a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de exercícios físicos, sempre com orientação profissional, têm demonstrado eficiência na redução das dores menstruais.

Sentir dor não é normal. Um bom diálogo com o ginecologista, aliado à atenção ao próprio corpo, é essencial para o bem-estar.

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*Fabia Vilarino, ginecologista especialista em reprodução humana e cirurgia ginecológica endoscópica 

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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