Dia Nacional da Tontura: ela é sintoma de quê?
A tontura pode sinalizar quadros de saúde sérios, mas é bom conhecê-la melhor para entender quando ela é mesmo um sinal de alerta
Você sabe o que é a otoneurologia e como isso se relaciona com o Dia Nacional da Tontura, celebrado no dia 22 de abril? Para compreender isso, vai precisar de uma matemática etimológica: a otoneurologia é a junção entre a neurologia e a otologia, que por sua vez é uma subespecialidade da otorrinolaringologia, que estuda os distúrbios de audição, equilíbrio e zumbidos. Ufa, fiquei tonto.
Em 2018, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia escolheu essa data para conscientizar sobre a tontura, que pode ser um incômodo passageiro ou sintoma de algo mais grave.
O 22 de abril foi o dia eleito porque comemora o aniversário do austríaco Robert Bárány (1876-1936), único otorrino a ganhar um Nobel. É que Bárány pesquisava o funcionamento do chamado sistema vestibular ou labirinto, uma estrutura localizada no ouvido interno que é fundamental para compreender a audição e o equilíbrio.
Por isso, vale aproveitar a data para entender mais sobre o que significa quando ficamos tontos.
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O que diferencia a tontura, labirintite e vertigem?
Uma das ideias por trás da data é justamente conscientizar sobre a saúde do labirinto e o diagnóstico correto das doenças que afetam esse sistema. A necessidade surgiu porque pode ocorrer uma confusão entre condições semelhantes.
Apesar de serem sinônimos no significado semântico, tontura e vertigem são clinicamente diferentes.
A tontura é entendida como um sintoma amplo, que pode incluir a sensação de mal-estar, fraqueza, percepção de queda sem de fato cair, visão turva e escurecida e a sensação de desmaio.
Já a vertigem é um pouco diferente. Esse quadro causa a sensação que o indivíduo ou o ambiente estão em movimento, quando, na verdade, não há movimento marcante de ambos.
A percepção mais comum é que algo está girando, como se estivesse no centro de um redemoinho, mas existem relatos da sensação de puxões para algum lado. Vale ressaltar que a vertigem pode ser apresentada junto do quadro de tontura, o que aumenta a confusão.
A labirintite, diferente dos outros casos, é uma doença isolada. É um distúrbio do ouvido interno e consiste na inflamação do labirinto através de uma infecção viral ou bacteriana. Como essa parte é responsável tanto pela audição quanto pelo equilíbrio, acaba causando distorção na noção espacial e nos sons.
Vale ressaltar que a tontura inclui diversos sintomas que podem indicar outras doenças labirínticas e que não ficam limitados apenas a alguma mudança no sistema vestibular.
Quais outras doenças podem afetar o equilíbrio corporal?
Entre os outros quadros que podem causar tontura podemos incluir:
- Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB): é muito comum e costuma ocorrer quando se muda a posição da cabeça. Esse balanço pode fazer com que pequenos cristais de cálcio localizados no ouvido interno, os otólitos, se desloquem para outra parte, causando uma breve sensação de desregulagem na noção de posição e movimentos da nossa cabeça.
- Cinetose ou “mal do movimento” (motion sickness): é a dificuldade do labirinto em processar diferentes informações, causando náusea e enjoo, acentuada por ambientes e momentos com muita movimentação, como dentro de um veículo em alta velocidade ou em um barco no mar.
- Doença de Menière: causada pelo aumento da pressão dos líquidos do ouvido interno, tem relação com diabetes, hipertensão e doenças autoimunes. Tem sintomas parecidos com cinetose, mas também ocorre um comprometimento da audição.
- Neurite vestibular: causada por um vírus que afeta o nervo vestibular, apresenta fortes vertigens, náusea, desequilíbrio e dificuldade para caminhar.
Como amenizar a tontura?
Como é um sintoma para quadros mais complexos, a tontura tem diversas formas de amenização ou tratamento, que variam de acordo com a causa. Nos problemas do labirinto e ouvido interno, os cuidados envolvem medicamentos e terapias de reabilitação.
Como nem todo caso de tontura pode ser completamente anulado, é preciso ter o cuidado de abordar a situação não apenas tratando como um problema médico, mas também como um caso que pode exigir adaptação do estilo de vida de modo a garantir a segurança.