Descoberta pode facilitar o diagnóstico da dengue hemorrágica
Brasileiros revelam uma molécula que, quando em excesso no sangue, sinaliza essa versão mais grave da doença. Será que teremos um exame no futuro?
Um estudo brasileiro identificou que certas moléculas presentes no nosso sangue podem indicar a evolução da dengue para sua forma mais grave, a hemorrágica. Segundo os cientistas envolvidos, o vírus ajuda a aumentar a quantidade de fosfotidilcolinas, uma partícula que age contra a coagulação e, em excesso, desbalanceia os processos que evitam as hemorragias.
A pesquisa, portanto, revelou um marcador sanguíneo que facilitaria o diagnóstico da dengue hemorrágica. Ela foi desenvolvida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pela Escola de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O estudo e o exame que pode sair dele
Publicada no períodico Scientific Reports, a pesquisa descreve a evolução da dengue hemorrágica a partir da análise de 20 pacientes tratados no Hospital de Base da Famerp.
De acordo com o estudo, o vírus assume o controle do metabolismo das células infectadas para se replicar. Essa atuação gera um aumento na concentração da tal fosfotidilcolina, que dificulta a coagulação do sangue e é um indicativo da febre hemorrágica.
Com essa constatação, os experts acreditam que, em breve, será possível identificar a ocorrência da forma mais grave da doença a partir de exames de sangue. A expectativa é que a descoberta também ajude no desenvolvimento de vacinas e no aperfeiçoamento dos tratamentos.
Com um diagnóstico mais rápido e preciso, o paciente tem uma maior chance de sobreviver à dengue hemorrágica, uma vez que o atendimento seria direcionado desde os estágios iniciais. A evolução para essa variedade mais grave da infecção está ligada a vários fatores, como a quantidade de vírus no organismo e a reação do sistema imunológico do doente.
Casos de dengue
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a dengue afete 390 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Em junho, o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), do Ministério da Saúde, apontou que 1,1 mil municípios brasileiros, 22% do total, tinham risco de surto de dengue, zika e chikungunya.
Nas capitais, apenas São Paulo, João Pessoa e Aracaju estavam em condições consideradas satisfatórias e tinham poucas chances de enfrentar esse tipo de problema.
Até julho, haviam sido confirmadas 77 mortes causadas pela dengue em todo o país. Ao todo, foram registrados 148 casos da doença considerados graves e 1,7 mil ocorrências com sinais de alarme.
Este conteúdo foi publicado originalmente pela Agência Brasil.