Não cutuque a orelha
Novas recomendações reforçam a importância de não mexer no ouvido com qualquer objeto e procurar ajuda médica quando houver necessidade
A Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço atualizou suas diretrizes acerca da limpeza da cera de ouvido. O documento conscientiza sobre a importância do material viscoso para a saúde auditiva. “Ele lubrifica a região, controla a temperatura e evita a invasão de bactérias“, lista o otorrino Alfredo Lara, do Hospital Cema, em São Paulo. Mais: enfiar hastes flexíveis, chaves ou grampos no buraquinho da orelha está relacionado a irritações, infecções e até lesões mais sérias, como o rompimento do tímpano.
Você não deve
- Limpar o ouvido demais. Isso abre alas para uma série de problemas.
- Inserir qualquer objeto pequeno no local.
- Usar velas terapêuticas. Seu efeito não está comprovado.
Você deve
- Procurar o médico se tiver sinais de perda auditiva.
- Perguntar sobre as maneiras de remover a cera excedente.
- Visitar o especialista quando há sangramento ou dor.
- Cerca de 10% das crianças, 5% dos adultos e 30% dos idosos sofrem com excesso de cera.
A cera tem seu papel
1. Fábrica
O cerume é produzido pelas glândulas do canal auditivo. Ele é essencial para nos proteger de agentes infecciosos e manter as estruturas ali em bom estado.
2. Renovação
A substância é secretada continuamente e escorre de dentro pra fora. Aos poucos, fica velha e dura. Daí, cai na orelha e vai embora durante o banho.
3. Acúmulo
Acontece que alguns indivíduos soltam cera em demasia. Ela acumula e chega a bloquear o tímpano, o que prejudica a captação de sons do ambiente.
4. Agravamento
O uso das hastes flexíveis ou de outros objetos, porém, só piora o quadro. Isso porque eles empurram mais meleca para o fundo, o que apenas vai postergar o chabu.
Útil até para os robôs?!
Não bastassem os serviços prestados aos humanos, a cera deve conquistar o mundo das máquinas: a engenheira Alexis Noel notou o poder de vedação da secreção quando o namorado ficou com o ouvido cheio d’água numa viagem. Agora ela pesquisa o cerume no Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos. O objetivo é criar versões sintéticas para os sistemas de ventilação de robôs.