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Conheça os vencedores do Prêmio Veja Saúde Oncoclínicas de Inovação Médica

Saiba quais são os trabalhos agraciados nas oito categorias da premiação que reconhece iniciativas disruptivas Brasil afora

Por Da Redação
Atualizado em 27 set 2024, 09h28 - Publicado em 26 set 2024, 21h00
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 (Foto: Editora Abril/Veja Saúde)
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Os vencedores da edição 2024 do Prêmio Veja Saúde Oncoclínicas de Inovação Médica foram anunciados em cerimônia que ocorreu na noite de quinta-feira.

A premiação busca reconhecer e divulgar pesquisas, campanhas e novas tecnologias com potencial disruptivo, que podem aprimorar a assistência à saúde no país. A iniciativa era aberta a universidades, hospitais, empresas privadas, órgãos públicos e outras instituições.

Foram centenas de trabalhos inscritos, avaliados por um corpo de jurados de alto nível, que inclui referências da medicina brasileira.

Confira, a seguir, os premiados em cada uma das oito categorias:

Tecnologias Diagnósticas: Novos biomarcadores da hanseníase no sangue

Essa doença infecciosa ainda hoje é um problema de saúde pública global, e o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior número de casos, atrás apenas da Índia. A detecção precoce e o tratamento adequado da hanseníase são essenciais para a interrupção da cadeia de transmissão.

A dificuldade do diagnóstico com os testes laboratoriais atuais motivou uma equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP) a investigar novas moléculas para facilitar a identificação de pessoas infectadas que ainda não apresentam sinais da doença, como manchas na pele ou perda de sensibilidade e da força muscular.

Para isso, os pesquisadores avaliaram o potencial de anticorpos contra uma proteína, a Mce1 A, que compõe a Mycobacterium leprae, a bactéria causadora da hanseníase.

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Eles analisaram o sangue de 82 voluntários, moradores de Parnaíba (PI), divididos em quatro grupos: casos novos, pacientes já tratados, pessoas que moravam com doentes por pelo menos seis meses antes do diagnóstico e indivíduos saudáveis moradores de região endêmica no estado.

O resultado do estudo mostrou que os anticorpos contra a proteína específica são importantes marcadores de contato com o bacilo, indicando o potencial dessa molécula para diagnóstico, monitoramento e rastreio de quem teve contato com pacientes.

A descoberta é passo significativo para o desenvolvimento de plataformas diagnósticas de baixo custo e de fácil execução para uso em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do país – e uma estratégia para redução no número de contágios, de infecções e de reincidências da doença.

Anticorpos anti-Mce1A como biomarcadores sorológicos na hanseníase: diagnóstico, avaliação de contatos e seguimento
Autores: Filipe Rocha Lima e Marco Andrey Cipriani Frade
Instituição: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP)

+Leia também: Hanseníase: mitos e verdades sobre sintomas, tratamentos e como se pega

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Engajamento e Empoderamento do Paciente: Aplicativo para controle da incontinência urinária após cirurgia da próstata

Os escapes de urina acometem cerca de 60% dos homens que passam por retirada da próstata, gerando prejuízos emocionais, sociais e financeiros a esses indivíduos.

Pensando em uma forma de contribuir para o alívio desse desconforto, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) se dedicaram à criação de um aplicativo para não apenas fornecer informações sobre a cirurgia e dicas sobre mudanças no estilo de vida a fim de amenizar a incontinência urinária, mas também auxiliar de forma interativa e gamificada na reabilitação.

Batizada de IUProst, a ferramenta conta com um diário para registro do consumo de líquidos ao longo do dia, as idas ao banheiro (com data, horário e volume) e os episódios de perda de xixi. Traz ainda uma seção com protocolo interativo de exercícios de treinamento muscular do assoalho pélvico, vídeos tutoriais e relatos de pessoas em situação similar.

A proposta é um tratamento mínimo de oito semanas, por meio de exercícios com repetições e intensidades diferentes, para praticar três vezes ao dia. Os criadores destacam que a versão 2.0 do aplicativo contempla estratégias de letramento e permite aos médicos acompanhamento, coleta e armazenamento de dados dos pacientes.

Em junho de 2024, o aplicativo registrava mais de 3 mil downloads, mil usuários cadastrados e aproximadamente 81 mil exercícios praticados. O próximos passos preveem a disponibilização do aplicativo via iOS – por enquanto funciona somente no sistema Android – e análise de usabilidade pelo público-alvo.

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IUProst® 2.0 – Aplicativo mHealth para controle da incontinência urinária decorrente do tratamento cirúrgico para o câncer de próstata
Autores: Adriana Ferreira Machado, Anna Júlia Guimarães Batista, Cissa Azevedo, Fabrícia Eduarda Baia Estevam, Filipe Maciel de Souza dos Anjos, Hugo Miranda de Oliveira, Larissa Assis Caputo Figueiredo, Lívia Cristina de Resende Izidoro, Luciana Regina Ferreira da Mata, Matheus Brito Martin e Sérgio Teixeira de Carvalho
Instituições: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Goiás (UFG)

+ Leia também: Como superar os desafios da incontinência urinária

IA na Transformação Digital em Saúde: Plataforma para aprimorar a detecção de um tipo de câncer de mama

A proteína HER2 está relacionada com a multiplicação e o crescimento das células mamárias. Uma superexpressão dessa proteína leva ao crescimento desordenado do tecido e à formação de tumor. A capacidade de identificar com precisão o subtipo de HER2 é fundamental para a personalização do tratamento de câncer de mama, possibilitando a aplicação das terapias mais eficazes baseadas no perfil molecular do tumor.

A realização de testes moleculares, porém, exige equipamentos e profissionais especializados, nem sempre disponíveis em hospitais pelo país afora. Esse contexto está por trás do trabalho realizado no A.C. Camargo Cancer Center, onde pesquisadores estudaram o uso de inteligência artificial na detecção de biomarcadores para tornar essa análise mais rápida, precisa e menos subjetiva.

A iniciativa propõe um modelo de inteligência artificial para predizer o status de HER2 a partir de imagens de lâminas obtidas no diagnóstico e digitalizadas. O modelo foi treinado com uma variedade de amostras, permitindo o aprendizado com novos dados ao longo do tempo.

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De acordo com a equipe, a utilização de algoritmos acelera o processo e representa uma oportunidade de realizar testes em larga escala e aumentar a precisão dos diagnósticos. Além disso, automatizar a análise com IA pode reduzir custos relacionados ao tempo dos especialistas e ao uso de reagentes em múltiplos testes, especialmente em ambientes com poucos recursos, ampliando o acesso em regiões onde a presença de patologistas experientes é limitada.

Desenvolvimento e validação de uma plataforma de inteligência artificial para detecção de HER2 em câncer de mama
Autores: Israel Tojal da Silva, Renan Valieris, Luan Martins, Alexandre Defelicibus, Adriana P. Bueno, Cynthia APT Osório, Dirce M Carraro, Emmanuel Dias-Neto, Rafael Rosales e José Márcio B de Figueiredo.
Instituição: A.C. Camargo Cancer Center

+Leia também:Com as garras no câncer: os avanços da imunoterapia contra tumores

Medicina de Precisão e Genômica: A descoberta de como o vírus da Covid-19 engana o sistema imunológico

Uma parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Harvard Medical School deu origem ao estudo baseado na pergunta: por que o coronavírus consegue driblar a imunidade de alguns indivíduos, causando danos ao organismo e mortes mesmo entre aqueles mais saudáveis?

A resposta está em uma molécula específica, a ORF6, cuja presença impede a ação de proteínas que normalmente avisam o sistema de defesa de que há uma invasão viral e é preciso reagir contra ela. Ou seja, a ORF6 atrapalha o reconhecimento da célula infectada.

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Os experimentos que levaram a essa conclusão foram feitos pelo exame de amostras de pacientes com covid-19 e testes com células pulmonares de camundongos. Os resultados alcançados representam uma inovação relevante ao exibir mecanismos imunológicos até então desconhecidos e pode impactar o tratamento, especialmente daqueles com particularidades genéticas e de alta vulnerabilidade à doença.

Mecanismo de evasão da imunidade citotóxica mediada por NKG2D por coronavírus
Autores: Marcella Regina Cardoso, Jordan A. Hartmann,Maria Cecilia Ramiro Talarico, Devin J. Kenney, Madison R. Leone, Dagny C. Reese, Jacquelyn Turcinovic, Aoife K. O’Connell, Hans P. Gertje, Caitlin Marino, Pedro E. Ojeda, Erich V. De Paula, Fernanda A. Orsi, Licio Augusto Velloso, Thomas R. Cafiero, John H. Connor, Alexander Ploss, Angelique Hoelzemer, Mary Carrington, Amy K. Barczak, Nicholas A. Crossland, Florian Douam, Julie Boucau e Wilfredo F. Garcia-Beltran.
Instituições: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Harvard Medical School

+Leia também: Covid-19 virou uma espécie de gripe? Saiba por que é perigoso pensar assim

Prevenção e Promoção à Saúde: Um modelo preditivo e preventivo de sequelas de covid-19

Um estudo pioneiro na América do Sul, desenhado para acompanhar o pós-alta, por até 24 meses, de pessoas internadas com covid-19 do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP) – a iniciativa liderada pelo Instituto do Coração (InCor) teve como objetivo investigar as manifestações persistentes e potencialmente incapacitantes da doença.

O estudo avaliou 749 indivíduos que durante a hospitalização haviam recebido oxigenação suplementar ou suporte ventilatório. Mais de 76% dos participantes desenvolveram complicações pulmonares de longo prazo, sendo que em 50% dos casos as anormalidades eram graves e extensas, especialmente idosos e pessoas com mais comorbidades.

Esses achados fundamentaram o desenvolvimento de um modelo de aprendizado de máquina baseado em inteligência artificial que possibilita a identificação de fatores de risco de sequelas de covid-19 e o direcionamento adequado do tratamento.

O protocolo de triagem de indivíduos com lesões pós-infecção se mostra como uma solução replicável, ideal sobretudo em cenários de recursos limitados, possibilitando intervenções preventivas de forma econômica e eficaz. O conhecimento acerca da aplicação do protocolo foi expandido para o SUS, por meio de projetos assistenciais e de capacitação profissional, em colaboração com a Secretaria da Saúde de São Paulo e o Ministério da Saúde.

Sequelas pulmonares em sobreviventes do COVID-19: Modelo clínico preditivo
Autores: Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, Celina de Almeida Lamas, Luis Augusto Visani de Luna, Rodrigo Caruso Chate, João Marcos Salge, Marcio Valente Yamada Sawamura, Carlos Toufen, Michelle Louvaes Garcia, Paula Gobi Scudeller, Cesar Higa Nomura, Marco Antonio Gutierrez, Bruno Guedes Baldi, Larissa Santos Oliveira Gois e Laura Sampaio de Moura Azevedo.
Instituição: Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP)

+Leia também: Uma doença chamada pós-Covid

Terapias e Tratamentos Inovadores: Nanotecnologia para administrar tratamento oncológico via nasal

O glioblastoma, uma forma extremamente agressiva de câncer, representa 77% dos tumores do sistema nervoso central. Apesar dos avanços em quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e neurocirurgia, o prognóstico da doença ainda é limitado, e a aplicação do quimioterápico padrão exige altas doses, causando efeitos adversos.

Para mitigar o problema, cientistas do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) buscaram uma abordagem embasada em nanotecnologia. Eles desenvolveram nanopartículas associadas com membranas biológicas contendo o medicamento, permitindo assim que ele fosse aplicado pelo nariz, uma via não invasiva e de fácil acesso, o que aumenta a aceitação e adesão dos pacientes.

A plataforma inédita pode reduzir os impactos indesejados da terapia. Na visão dos autores, o avanço científico não só representa um passo significativo na luta contra o câncer, mas também abre portas para futuras pesquisas na aplicação da nanotecnologia na oncologia, podendo direcionar novas abordagens para diferentes tipos de câncer.

Sistemas nanoestruturados bioinspirados e biomiméticos para administração via nasal: uma nova perspectiva para a terapia de glioblastoma
Autores: Natália Noronha Ferreira Naddeo e Valtencir Zucolotto.
Instituição: Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP)

+Leia também: 4 avanços contra o câncer revelados no maior congresso da Europa

Medicina Social: Programa de formação para melhor assistência ao autismo

Ciente da importância do papel das escolas de educação infantil na promoção do desenvolvimento neuropsicomotor das crianças, o Insituto Jô Clemente investiu na criação de um programa para facilitar o diagnóstico precoce de autismo e deficiência intelectual na primeira infância.

O foco na formação dos pedagogos do ensino público é um pilar desde 2016, quando a entidade lançou um projeto em parceria com as secretarias municipais de Educação e Saúde de São Paulo.

Em 2024, o programa direcionou os esforços para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, fornecendo em 20 capitais ferramentas para identificar precocemente sinais de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual.

A ação deve impactar mais de 14 mil profissionais da educação, por meio de ensino à distância, lançando mão de recursos como vídeos e materiais interativos. O programa conta com carga horária de 76 horas, e os conteúdos abordam desde políticas públicas e garantia de direitos até bases teóricas do desenvolvimento infantil e práticas pedagógicas para identificar sinais atípicos.

Com a replicação do conhecimento, a comunidade, os familiares e responsáveis por crianças de até 3 anos também passam a receber orientação adequada, possibilitando que os pequenos sejam encaminhados o mais cedo possível aos serviços de saúde para obterem diagnóstico e tratamento apropriados.

Programa Sinais de Atenção na Primeira Infância
Autores: Edward Yang, Kelly Cristina de Carvalho Freitas e Samanta Mazaroto Volpe.
Instituição: Instituto Jô Clemente (IJC)

+Leia também: O tempo da criança: conheça os marcos do desenvolvimento infantil

Telemedicina e Plataformas Digitais: TeleOncoped: assistência remota a pacientes oncológicos infantis

O câncer é a primeira causa de morte por doença na população até 19 anos, problema acentuado pelo diagnóstico tardio e o tratamento em hospitais não especializados.

Esse contexto impulsionou a decisão do Instituto do Câncer Infantil, ONG sediada em Porto Alegre (RS) a investir no desenvolvimento da plataforma TeleOncoped. Com abrangência regional e possibilidade de escalabilidade nacional, a ferramenta emprega a telemedicina para agilizar e simplificar o atendimento de crianças e adolescentes com suspeita de câncer.

Ao fazer o atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS), o profissional pode entrar em contato com médicos especializados para discutir casos, compartilhar a tomada de decisão, agilizar exames e favorecer a transferência para centros de referência. A plataforma contempla ainda um espaço de capacitação à distância para treinar as equipes de saúde a reconhecer os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil.

Com a inovação, entre outras vantagens, os criadores esperam democratizar o acesso a especialistas em oncologia pediátrica, capacitar profissionais de saúde do estado sobre câncer nessa faixa etária, reduzir o desperdício com exames desnecessários e, sobretudo, encaminhar o paciente para o local certo, na hora certa.

TeleOncoped: Fortalecendo a Rede Assistencial de Oncologia Infantojuvenil do Rio Grande do Sul
Autores: Algemir Lunardi Brunetto, Virgínia Tafas da Nóbrega, Amanda da Fontoura San Martin e Valéria Gerbatin Braz Foletto.
Instituições: Instituto do Câncer Infantil (ICI)

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