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Tem asma ou DPOC? Saiba como se proteger da Covid-19

Médicos esclarecem qual é o risco de pessoas com asma e DPOC diante do novo coronavírus e o que pode mudar na rotina de cuidados

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 18 ago 2020, 10h47 - Publicado em 27 mar 2020, 19h50
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  • Um dos aprendizados iniciais da pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, é que pessoas com doenças crônicas, sobretudo descontroladas, estão no grupo de maior risco para complicações potencialmente fatais. Fazem parte dele indivíduos com diabetes, hipertensão e problemas respiratórios como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica, a DPOC.

    “Não é que os asmáticos tenham maior propensão a contrair o vírus, mas a experiência adquirida na China e na Itália mostra que os pacientes que evoluíram para as formas mais graves e óbito tinham comorbidades, entre elas diabetes, doenças cardiovasculares e problemas respiratórios crônicos”, adianta o pneumologista Elie Fiss, professor titular da Faculdade de Medicina do ABC.

    Isso, claro, reforça a necessidade para esse público de medidas preventivas, como isolamento social, higiene pessoal e boa adesão ao tratamento proposto pelo médico. Pelas estimativas atuais, a asma afeta em torno de 20 milhões de brasileiros, enquanto a DPOC, mais comum entre fumantes, ao redor de 7 milhões.

    Tais recomendações ajudam a evitar não só o novo coronavírus, mas outros patógenos em circulação que também são capazes de bagunçar a saúde de quem convive com uma doença respiratória. De acordo com o pneumologista Roberto Stirbulov, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, além do novo coronavírus, influenza (gripe), rinovírus e adenovírus (resfriado) podem piorar um quadro de asma ou DPOC.

    “Por ora, não há relato de que a Covid-19 seja pior para esses pacientes do que a gripe, mas, diante de uma pandemia e do aumento rápido no número de casos, os cuidados devem ser redobrados”, afirma Stirbulov.

    E o que coronavírus pode aprontar no corpo de um asmático? Tanto na asma como na DPOC, os pulmões já são mais reféns de um processo inflamatório. “Com uma infecção viral, o corpo responde liberando substâncias inflamatórias e isso leva a broncoespasmos”, explica Stirbulov. Nesse cenário, os brônquios, tubos que levam o oxigênio aos pulmões, se contraem, e aí vêm as crises de falta de ar.

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    No caso da Covid-19, o que os médicos estão percebendo é que, em pessoas com doenças crônicas que evoluíram de forma grave, não só o vírus mas uma reação exagerada das defesas do organismo bota tudo a perder. O corpo descarrega uma “tempestade de citocinas”, expressão que pode ser traduzida como um dilúvio de moléculas inflamatórias. Nessas circunstâncias, aumenta o risco de o paciente sofrer insuficiência respiratória e entrar em choque.

    O que muda na rotina durante a pandemia de coronavírus

    Por causa da maior probabilidade de complicações e do próprio descontrole da asma ou DPOC, os médicos ressaltam a necessidade de cumprir as recomendações de higiene e distanciamento social. “Na vigência da crise, o ideal é não se expor, evitar sair de casa…”, diz Stirbulov.

    Mas ficar no próprio lar tem pegadinhas a serem evitadas. “Tem paciente com asma nos procurando e dizendo que piorou, que acha que está com o coronavírus, mas na verdade está em crise porque não está limpando corretamente o ambiente doméstico e ficando no ar condicionado”, relata o professor da Santa Casa.

    Por isso o pneumologista recomenda: “É fundamental higienizar o ambiente, tirar a poeira, arejar e umidificar a casa, fazer a manutenção do ar-condicionado…”

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    E, pensando na prevenção de outros patógenos que estão trafegando por aí, não dá pra esquecer da imunização. “Pessoas com asma e DPOC devem se vacinar contra a gripe e doenças pneumocócicas“, orienta Fiss.

    Atenção especial ao tratamento

    Este é um momento crítico para seguir as prescrições médicas e usar os remédios como manda o figurino. Na asma, existem tanto medicações de uso contínuo destinadas à prevenção das crises como aquelas que agem se o fôlego faltar. “O paciente deve utilizar os medicamentos inalatórios corretamente e, se houver alguma piora, conversar com seu médico para verificar a necessidade de readequar a dosagem ou algum outro ponto”, diz Stirbulov.

    E um alerta da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia: não é para suspender o uso dos corticoides inalatórios que ajudam a administrar as doenças respiratórias crônicas. Tem gente largando o tratamento porque ouviu por aí que o corticoide contribui para a infecção pelo coronavírus.

    “Isso é preocupante. Não é para parar o tratamento. O que se sabe é que o corticoide de uso oral não está recomendado para pessoas com a confirmação de Covid-19. A versão inalatória deve ser mantida porque atua no controle da asma”, esclarece o professor da Santa Casa.

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    Os mesmos cuidados com a asma devem ser seguidos por quem tem DPOC. Stirbulov só chama atenção que indivíduos com essa doença, marcada por bronquite crônica e enfisema pulmonar, normalmente são mais velhos e têm outros problemas como diabetes, obesidade e hipertensão, o que os tornaria mais suscetíveis a complicações da Covid-19.

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