Entre uma aula e outra, é comum ouvir um “atchim” ou “cof-cof”. Sem contar quando, do nada, alguém aparece com um febrão ou uma dor no corpo chata. Além de ser um espaço de estudo, a escola não deixa de ser também um local onde muitas doenças encontram um terreno fértil para se disseminar — e daí a importância de ter essas instituições como aliadas na prevenção de diversas infecções.
“É impossível pensar no processo da saúde e não pensar em educação. Elas são indissociáveis”, define o médico Rafael Kader, fundador da Coala Saúde, uma healthtech que oferece atendimento em telemedicina a escolas de todo o Brasil.
A empresa foi responsável por fazer o levantamento Saúde Escolar pelo Brasil em 2023, que analisou 1 250 casos médicos ocorridos em 82 escolas privadas espalhadas em todas as macrorregiões do país no último ano.
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Segundo a pesquisa, 83,6% das situações avaliadas eram decorrentes de infecções que poderiam ser prevenidas, como gripes e conjuntivites. Só essas últimas corresponderam a quase um quinto das doenças mais frequentes no ambiente escolar passíveis de serem evitadas.
Observou-se ainda que as infecções são mais comuns entre os alunos dos primeiros anos de ensino e que eles adoecem, em média, oito vezes por ano. Levando em consideração que cada quadro geralmente dura de uma a duas semanas, a abstenção ao longo do ano pode somar meses.
“As escolas precisam estar preparadas para criar um ambiente que estimule a prevenção de doenças pela vacinação, quando disponível, e por hábitos de higiene pessoal. Ela também deve saber acolher os estudantes que estiverem retornando às atividades após se recuperarem”, defende Kader.
Confira a seguir as principais doenças contagiosas que assombram as escolas brasileiras — e saiba como previni-las.
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1. Conjuntivite
A conjuntivite é a doença mais comum nas escolas brasileiras, representando 18% de todas as infecções flagradas em sala de aula, segundo o levantamento da Coala Saúde.
É uma inflamação da conjuntiva, membrana que reveste o interior das pálpebras e protege os globos oculares. Ela causa vermelhidão, inchaço e coceira nos olhos, além de apresentar secreções.
A conjuntivite pode ter origem bacteriana ou viral e, nesses casos, é transmitida pelo contato com secreções e objetos contaminados. Para prevenir, é importante reforçar com os pequenos alguns hábitos, como lavar as mãos, não coçar os olhos e não compartilhar objetos.
A irritação também pode ser alérgica, ou seja, provocada pelo contato de substâncias que agridem a conjuntiva, como cloro de piscina ou poluição. Nessa situação, não há risco de transmissão.
Segundo o levantamento, as crianças ficam, em média, 2,4 dias afastadas da escola, mas levam até duas semanas para se recuperar completamente do quadro.
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2. Gripe
Febre alta, dores pelo corpo, nariz entupido e tosse seca. Esses são os principais sintomas da síndrome gripal em crianças, a segunda infecção mais comum no ambiente escolar.
A doença corresponde a 12,5% dos casos avaliados pelo levantamento e tira as crianças da sala de aula por uma média de 2,9 dias.
A principal forma de prevenir a gripe e suas complicações é por meio da vacinação — e a campanha de 2024 já começou! O Ministério da Saúde pretende imunizar 75 milhões de pessoas até o dia 31 de maio. Entre os grupos prioritários estão as crianças de 6 meses a menores de 6 anos (entre indígenas, de 6 meses a menores de 9 anos).
Aquelas que irão tomar o imunizante pela primeira vez precisam de duas doses, com intervalo de um mês entre cada uma.
Também é essencial evitar contato com pessoas doentes, ensinar a levar as mãos boca e nariz quando for espirrar ou tossir e higienizar objetos e brinquedos que os pequenos levam à boca.
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3. Gastroenterite
Quem nunca faltou na aula por um quadro de diarreia e vômito? As gastroenterites correspondem a um a cada 10 (10,4%) adoecimentos na fase escolar e fazem com que as crianças faltem por pelo menos um dia na escola, em média.
A infecção consiste em uma inflamação gastrointestinal que pode provocar dor abdominal, náusea, vômito, diarreia e, em alguns casos, febre. O quadro é causado por intoxicação alimentar, ou seja, pelo consumo de líquidos e alimentos contaminados por bactérias, vírus e parasitas.
Acesso à água potável e saneamento básico são fundamentais para evitar episódios da doença. Manter as mãos sempre limpas, lavá-las antes das refeições e evitar o consumo de bebidas e alimentos de procedência desconhecida, principalmente quando são crus, são hábitos que devem ser cultivados desde cedo.
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4. Doença mão-pé-boca (MPB)
Altamente contagiosa, a síndrome mão-pé-boca (MPB) é a quarta infecção mais frequente nas escolas, com uma prevalência de 4,7% dos casos.
Causada por enterovírus, ela é caracterizada pelo aparecimento de pequenas bolhas nas três áreas que dão nome à doença. Febre, dor de garganta, náuseas, vômito e diarreia também são comuns.
Em geral, os sintomas desaparecem em uma semana e as crianças costumam faltar uma média de 3,4 dias na escola.
A transmissão do vírus se dá por via fecal-oral e é evitada com hábitos de higiene, como lavar as mãos após usar o banheiro ou trocar fraldas e limpar superfícies de objetos usados por quem está infectado.
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5. Escarlatina
Responsável por dezenas de surtos no estado de São Paulo em 2023, a escarlatina foi a quinta doença mais comum em sala de aula. Também correspondendo a 4,7% dos casos, a infecção bacteriana é responsável por um afastamento médio de 3,1 dias da escola.
Causada pela bactéria Streptococcus pyogenes, a escarlatina é caracterizada pelo surgimento de lesões avermelhadas e ásperas na pele, dor de garganta e febres.
Ela é mais comum entre crianças e adolescentes de 5 a 15 anos e pode ser prevenida por medidas de higiene pessoal, como manter as mãos limpas e desinfetar objetos tocados pela pessoa infectada.