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Anticoncepcional em avaliação pela Anvisa reduziria risco de trombose

Pílula a base de estetrol é possivelmente mais segura que suas antecessoras - ela foi aprovada em 2021 na Europa

Por Fabiana Schiavon
17 ago 2022, 17h54
contraceptivos
Pílula anticoncepcional já utilizada na Europa pode chegar ao mercado brasileiro até 2024 (Foto: Reproductive Health Supplies Coalition/Unsplash/Divulgação)
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Está em fase de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma nova pílula anticoncepcional, cuja formulação tem o propósito de ser menos agressiva ao organismo das mulheres e reduzir o risco de trombose. O novo fármaco é utilizado na Europa desde 2021. A previsão é que chegue às prateleiras do Brasil entre 2023 e 2024 sob o nome de Nextela, informa a fabricante Libbs.

Em certas situações, os anticoncepcionais afetam substâncias anticoagulantes naturais do organismo. Daí porque mulheres fumantes ou com predisposição genética tem um risco aumentado de sofrer trombose ao tomar as pílulas. Na população feminina em geral, a probabilidade de trombose é pequena – e menor do que a decorrente de uma gestação indesejada.

A novidade é o fato do medicamento ser feito a base de estetrol, um hormônio do grupo dos estrogênios que nunca havia sido utilizado antes. Além dessa nova substância, a pílula contém drospirenona, da família da progesterona. É comum a combinação desses dois grupos em contraceptivos.

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O estetrol 4 mais especificamente é um hormônio encontrado no fígado do feto, e que chega no sangue da mulher quando está grávida. “Ele foi descoberto nos anos 1960 e era usado para medir a saúde do bebê. Quanto mais estetrol, mais o feto é considerado saudável”, explica o ginecologista César Eduardo Fernandes, diretor científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

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Essas pesquisas foram abandonadas por alguns anos e, recentemente, começaram as tentativas de produzir um similar sintético desse hormônio. Até que se chegou a um modelo bioidêntico em laboratório.

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“Como esse novo tipo de contraceptivo tem um estrogênio bioidêntico ao produzido no fígado, os efeitos colaterais nesse órgão são menores. Com isso, caem o risco de trombose e outras doenças”, avalia a ginecologista Paula Fettback, especialista em reposição hormonal, em São Paulo e no Paraná. “Mas é importante observar os efeitos dos novos métodos que vão surgindo no mercado para garantir prescrições seguras e que estejam adequadas às necessidades de cada mulher”, pondera.

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Os médicos acrescentam ainda que os dados são animadores, mas vêm de estudos com grupos pequenos. Há pesquisas publicadas nos Estados Unidos, Canadá, Rússia e em países da União Europeia. Nesses testes, o medicamento mostrou baixa interferência na função endócrina, nos índices de glicemia e também de coagulação quando comparado aos efeitos de outros hormônios.

Paula conta que o fármaco vem sendo utilizado, inclusive, para aliviar sintomas da menopausa. “Ele mostrou resultados promissores na reposição hormonal”, relata a médica. Prevenção da osteoporose de alguns subtipos de câncer de mama estão entre os benefícios da reposição, quando bem prescrita.

+ Leia também: O que é a menopausa: quais tratamentos e formas de prevenção dos sintomas

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Em relação aos efeitos colaterais, estudos apontaram possíveis alterações no humor, dores de cabeça leves e incômodos abdominais. “Mesmo assim, ele se mostra menos invasivo quando comparado a outras formulações”, explica Paula.

O estetrol acrescenta mais um capítulo na história de 60 anos das pílulas anticoncepcionais. “Desde o início, elas foram eficazes para impedir a ovulação, mas havia ainda problemas de segurança”, lembra Fernandes.

Com o tempo, agências reguladoras pediram que os contraceptivos fosse produzidos com doses menores de estrogênio. “Chegamos a uma redução aceitável de casos de tromboembolismo, mas não é um risco nulo. Por isso novas soluções são bem-vindas”, avalia o médico.

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