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Anticoncepcional é associado ao câncer de mama, segundo estudo

Entre quase 2 milhões de mulheres, as que tomaram a pílula tiveram maior risco de apresentar tumores no seio. E, quanto mais tempo de uso, maior o perigo

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 7 dez 2018, 17h38 - Publicado em 8 dez 2017, 12h18

Antigamente, por causa das doses elevadíssimas de hormônios, os contraceptivos orais eram frequentemente ligados ao câncer de mama. Mas com a evolução nos medicamentos, a preocupação abrandou – afinal, o teor dessas substâncias nos anticoncepcionais de hoje é bem menor. Só que pesquisadores acabam de descobrir que mesmo as pílulas modernas estão associadas a um risco extra de sofrer com esse tumor.

O achado, da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, surgiu da análise da incidência de câncer de mama em 1,8 milhão de mulheres entre 15 e 49 anos de idade. Trata-se de nada mais, nada menos do que toda a população feminina do país nórdico nessa faixa etária, com exceção das que já haviam manifestado a doença ou outras condições como o tromboembolismo venoso.

A multidão de dinamarquesas foi acompanhada por pouco mais de uma década, período em que 11 517 tumores nos seios foram detectados. Resultado: a prevalência do problema foi 20% maior nas que já tinham apostado em qualquer tipo de pílula quando comparadas às que nunca recorreram a esse método contraceptivo. Se no primeiro time foram 55 casos a cada 100 mil mulheres, no segundo foram 68 diagnósticos.

A ameaça era mais significativa em quem engolia o anticoncepcional há mais de dez anos e estava acima dos 40. Além dos comprimidos, o dispositivo intrauterino (DIU) com progesterona também foi vinculado a um risco ligeiramente elevado.

Embora o levantamento não firme uma relação de causa e efeito, é possível que a dose extra de hormônios no organismo instigue o desenvolvimento do câncer. Só que não há motivo para pânico.

“O risco absoluto é pequeno e os próprios autores ressaltam isso no texto. Estamos falando de um caso extra a cada 7 690 mulheres que usam o contraceptivo”, comenta a cirurgiã oncologista Fabiana Baroni Makdissi, que dirige o Departamento de Mastologia do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo.

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O que é mais perigoso para o câncer de mama

Vale destacar que o trabalho não considerou outros fatores relacionados ao desenvolvimento dos tumores, como falta de atividade física, consumo de álcool e peso. E, quando o assunto é câncer de mama, o problema maior parece ser justamente a união desses financiadores.

Tanto que, antes do trabalho dinamarquês, profissionais o A.C. Camargo realizaram uma investigação de ameaças que favoreceriam essa doença. Aí, viram que outros pontos são bem mais relevantes do que os anticoncepcionais.

“Para ter ideia, o risco atribuível ao contraceptivo hormonal foi de 1,4%, enquanto o do sedentarismo alcançava 4%”, compara a médica. Ou seja, enquanto pouco mais de um a cada cem casos da enfermidade seriam ocasionados pelas pílulas, quatro decorreriam da preguiça.

“É muito melhor levantar da cadeira do que deixar de tomar o anticoncepcional, se ele for necessário”, conclui Fabiana. Até porque uma gravidez indesejada abre as portas para diversos problemas de saúde, tanto na mãe, como no filho.

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Quem deve se preocupar?

Segundo os especialistas, é tudo uma questão de calcular riscos e benefícios. “Não há motivos para interromper o uso da medicação, mas ela normalmente já não é indicada a mulheres com câncer ou histórico da doença na família”, explica o mastologista Gabriel de Almeida Silva Júnior, coordenador do serviço da especialidade no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais.

Ou seja, vale conversar com o ginecologista e investigar qual o risco particular de cada uma desenvolver um nódulo maligno, ou mesmo outra encrenca, como o tromboembolismo. E se os benefícios – prevenção de gestações indesejadas, controle da endometriose… – compensam.

Aliás, essa conversa franca já deveria ser feita antes mesmo de a mulher ou menina começar a tomar a pílula. O câncer é só mais um ponto a ser discutido.

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