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Onde mais se faz exercício no Brasil – e o porquê

Mais que vencer a preguiça: estudo da ONU mostra como a desigualdade social do nosso país afeta a prática de atividade física e o sedentarismo

Por Talita Abrantes (Exame.com)
Atualizado em 19 mar 2019, 10h22 - Publicado em 28 set 2017, 13h51
exercicio
O sedentarismo não é só uma questão de preguiça. Pelo contrário! (Foto: Deborah Maxx/SAÚDE é Vital)
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Se você é homem, branco, possui uma renda superior a 5 salários mínimos e concluiu o ensino superior completo, tem uma chance consideravelmente maior de fazer exercícios físicos com frequência. Quem atesta isso é um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), que coloca a desigualdade social como uma barreira considerável para ser fisicamente ativo no Brasil.

De acordo com a pesquisa, 37,5% dos brasileiros se envolveram com a prática de algum esporte pelo menos uma vez em 2015. Mas, entre os com renda igual ou superior a 5 salários mínimos, a proporção sobe para 60%. Esse dado é de 56,7% para quem tem ensino superior completo, versus 17% entre aqueles sem instrução formal.

A liberdade para a prática de exercícios físicos depende de três fatores: tempo livre, recursos financeiros e valor cultural da atividade física para a comunidade. Sem esses pontos, a chance de uma pessoa suar a camis frequentemente é menor.

“Os dados analisados reforçam a compreensão de que realizar atividades físicas não se restringe somente a uma decisão individual, mas é também produto de como a sociedade pauta a vida coletiva”, pondera o estudo.

Em outros termos: de nada adianta fazer campanhas que incentivem a movimentação no cotidiano “sem criar oportunidades efetivas para as pessoas se engajarem com essas práticas”.

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Questões de gênero

Em geral, homens são mais propensos a praticar um esporte a do que as mulheres. No entanto, quando se envolve em uma atividade do tipo, a ala feminina a faz com mais frequência: 35% das que são ativas destinam tempo para a malhação de quatro a sete vezes por semana, contra 27,3% dos homens.

Estados

O Distrito Federal é a unidade da federação com menores taxas de sedentarismo, de acordo com o artigo. Por lá, metade da população afirmou que se envolveu com exercícios físicos no último ano. Não por acaso, estamos falando da unidade com o maior índice de desenvolvimento humano (IDH) do país.

Como mudar o quadro?

Em resumo, haveria uma “alta concentração do investimento privado” na promoção das atividades físicas no Brasil — o que corrobora a desigualdade. Em 2013, as famílias investiram 51 bilhões de reais em esporte. No mesmo ano, os clubes investiram 4 bilhões de reais e as empresas, 2,13 bilhões de reais. O governo federal, em contrapartida, financiou apenas 590 milhões de reais no setor.

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“As políticas de promoção de atividades físicas e esportivas não podem estar focadas somente na responsabilização individual e na mudança de comportamento. Diversas condições estruturais causam impacto nessa prática. Assim, as políticas devem corrigir desigualdades, bem como pensar em soluções sistêmicas, com ênfase na participação e no controle social”, diz o texto.

A versão original deste texto foi publicada no site Exame.com

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