Você já deve ter visto algum bebê por aí usando um colar com pedrinhas amareladas. É o colar de âmbar, uma resina vegetal que aliviaria a dor do crescimento dos dentes nas crianças. Acontece que a U.S. Food & Drug Administration (FDA, a agência reguladora de medicamentos do governo americano) emitiu um comunicado alertando pais e cuidadores sobre o perigo do acessório – e afirmando que seus benefícios não estão comprovados.
A entidade não recomenda a utilização do colar pelo risco de asfixia, caso o pequeno engula alguma das pedrinhas. Além disso, há uma preocupação com um possível estrangulamento pelo cordão e com lesões na boca e infecções.
A nota do governo dos Estados Unidos foi publicada após diversas denúncias de acidentes com bebês por lá. Um deles infelizmente terminou em morte.
Para que serve o colar de âmbar
As pedras de âmbar são compostas em sua maior parte por ácido succínico, uma substância que teria propriedades anti-inflamatórias, fortaleceria o sistema imunológico e melhoraria da atividade cerebral.
“A crença popular diz que, como o nosso corpo possui uma temperatura maior do que a pedra, o contato da pele com o colar faria com que ele liberasse o ácido aos poucos”, explica Ana Carolina Botelho de Barros, médica do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Esse acessório se popularizou como suposta forma de redução da dor de crescimento dos primeiros dentes. Mas ele também é empregado por adultos no pós-operatório e para dores crônicas.
“Porém, a gente não tem, depois de vários estudos, uma comprovação científica mostrando esses efeitos, nem pela corrente, nem pela substância em si, nem por outro tipo de uso do âmbar”, afirma Ana Carolina.
Assim como o FDA, a SBP e a Associação Brasileira de Odontopediatria (ABO) não recomendam a utilização das pedras de âmbar em qualquer situação.
Como aliviar a dor de dente em bebês
O colar pode não ajudar, porém há maneiras seguras e eficazes de amenizar o incômodo com o nascimento dos dentinhos.
A pediatra da SBP sugere que a mãe ou o pai massageie a gengiva do filho com o próprio dedo – limpo, é claro – ou que ofereça a ele um mordedor de gel líquido. “Ele deve ser dado para a criança mastigar após ser refrigerado na geladeira”, orienta.
Existem ainda fitoterápicos que podem ser colocados em frutas ou no leite. Em último caso, quando a inflamação impede o pequeno de se alimentar ou dormir, é possível recorrer aos analgésicos orais.
Mas atenção: não dá pra culpar a dor de dente por qualquer incômodo do bebê ou pela dificuldade de dormir e comer. “Às vezes nem é isso. Então, na dúvida, procure orientação do pediatra ou do odontopediatra”, finaliza a especialista.