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Bebês estão mais vulneráveis à Covid; governo ainda não liberou vacinação

Vacina da Pfizer para bebês maiores de 6 meses foi liberada pela Anvisa, mas Ministério da Saúde ainda não incluiu esse grupo no programa de imunizações

Por Fabiana Schiavon
3 out 2022, 17h00
vacina covid para bebês
Crianças ainda não imunizadas se tornaram o grupo mais vulnerável da pandemia. Início de vacinação depende de aval do Ministério da Saúde. (CDC/Unsplash/Divulgação)
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A vacina da Pfizer contra a Covid-19 para crianças de 6 meses a 4 anos foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 16 de setembro. Só que o Ministério da Saúde ainda não liberou a distribuição de doses nem regras de como será a vacinação para esse grupo, o que tem gerado preocupação.

É que, apesar da falsa sensação de fim da pandemia, a certeza de especialistas é que as crianças não imunizadas se tornaram o grupo mais vulnerável ao coronavírus.

Entre julho e setembro deste ano, as crianças pequenas foram o público mais hospitalizado, segundo análise do Observa Infância (Fiocruz/Unifase) com base nos dados divulgados pelo Ministério da Saúde na semana passada. Essa faixa etária representou 8,5% do total das internações por Covid-19 no Brasil nesse período, um aumento de 50% em relação ao primeiro semestre.

Entre os maiores de 60 anos, que eram os mais vulneráveis no início da pandemia, houve redução de 325% na média diária de óbitos por Covid-19, queda atribuída à vacinação. As mortes entre os pequenos caíram menos, 250%, e foram 383 óbitos só neste ano.

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Espera-se, ainda, que o governo dê prioridade aos menores de 1 ano na fila pelo fato de eles serem ainda mais vulneráveis. Desde o início da pandemia, já foram somadas 1 070 mortes de bebês de até 11 meses. Entre os contaminados de 1 a 2 anos, foram 341 mortes, e entre aqueles de 3 a 4 anos, 156.

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A Fiocruz constatou que, nos dois primeiros anos da pandemia, a Covid matou mais crianças de até 3 anos do que outras 14 doenças juntas em dez anos. Na lista estão males como tétano, sarampo, rubéola, coqueluche e meningite meningocócica do tipo B.

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+ Leia também: Onda silenciosa de Covid-19 põe idosos e crianças em risco

Como e quando começa a vacinação

Ainda não há data para o início de imunização do grupo de 6 meses a 4 anos. Em nota, o Ministério da Saúde informa que aguarda a autorização de um técnico responsável da pasta para liberar instruções sobre a vacinação e tirar dúvidas, como a necessidade ou não de um intervalo em relação a outras vacinas do calendário.

A Anvisa, no entanto, já adiantou dados sobre a vacina, que virá em um frasco de cor vinho e deverá ser aplicada em três momentos. Veja as peculiaridades de acordo com a faixa etária:

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  • 6 meses a 4 anos: frasco de cor vinho, com 0,2 ml. A segunda dose vem três semanas após a primeira e, a terceira, oito semanas depois da anterior
  • 5 a 11 anos: cor laranja, 0,2 ml. São duas doses com intervalo de 28 dias
  • Acima de 12 anos: cor roxa, 0,3 ml. São duas doses com intervalo de 21 dias

“O frasco muda de cor porque as concentrações são diferentes. A composição para os maiores de 12 anos é de 13 microgramas, de 5 a 11 anos é de dez e, agora, para os bebês, é de 3 microgramas”, comenta Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

“Serão três doses porque foi observado que duas injeções não seriam suficientes para proteger adequadamente essa faixa etária de casos graves e mortes”, informa o pediatra sobre os mais novinhos.

Como já divulgado no caso de outras faixas etárias infantis, os efeitos colaterais esperados após a aplicação vacina são leves, como febre e dor no local da picada.

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Não houve nenhum óbito registrado no mundo relacionado à imunização, e casos de miocardite são raros. Não custa reforçar: os perigos são muito maiores se a criança for infectada pela Covid.

+ Leia também: As principais perguntas dos pais sobre as vacinas da Covid para crianças

Após amplo uso do imunizante nos Estados Unidos, a Pfizer anunciou que a eficácia da vacina para esse grupo é de 73,2%. Estudos preliminares apontavam para 80%.

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Mesmo com essa queda, que é comum quando o imunizante é avaliado na vida real, o dado é otimista. “Ela não foi formulada para combater a Ômicron, variante que está dominante agora. E, mesmo assim, se mostrou eficaz e segura para esse grupo”, nota Cunha. 

Falando em variante, a mesma Pfizer já está tentando aprovar, nos Estados Unidos, a primeira vacina atualizada para as crianças. “É chamada de bivalente por proteger contra a cepa original de Covid, identificada em Wuhan, e também contra as filhas da Ômicron, a BA.4, e a BA.5”, conta o presidente da Sbim.

A ideia é usar essa injeção repaginada como reforço para as crianças de 5 a 11 anos que já foram vacinadas. Mas ainda não há previsão de quando isso começaria. 

Imunização lenta nos demais grupos

As crianças de 3 a 5 anos também já podem ser vacinadas com a Coronavac. Desde julho, a prioridade era para os pequenos com comorbidades, mas, aos poucos, os estados estão abrindo a imunização para todo o grupo. Em São Paulo, isso ocorreu na semana passada (28 de setembro).

Liberada em janeiro, a vacinação para os que têm entre 5 e 11 anos ainda não é a das melhores. A média nacional de aplicação da primeira dose é de 66,7%, sendo que a meta é de 90%. E há vários relatos de falta de doses pelo país.

 

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