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Medicina

O que significa a tal da imunidade de rebanho?

Esse conceito é usado como estratégia de controle de doenças infecciosas, mas sua aplicação na Covid-19 é cercada de mistérios

por André Biernath Atualizado em 26 ago 2020, 18h46 - Publicado em 26 ago 2020 10h02

A ideia por trás

Também conhecida como imunidade coletiva, ela se vale de um cálculo utilizado por epidemiologistas e infectologistas para determinar a porcentagem de uma população que precisa receber as doses de uma vacina para que todos os indivíduos fiquem protegidos de um vírus ou bactéria — mesmo aqueles que não foram imunizados por algum motivo. Esse número varia bastante de acordo com as características da doença.

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(Ilustrações: Guilherme Henrique/SAÚDE é Vital)
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Principais fatores

As duas informações mais importantes para entender essa história de proteção coletiva estão no gráfico abaixo: veja como as metas se modificam de acordo com a moléstia sobre a qual estamos falando.

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(Ilustrações: Guilherme Henrique/SAÚDE é Vital)
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E no caso da Covid-19?

Ao falarmos do atual coronavírus, a situação fica um pouco mais complicada. Isso porque não temos nenhuma vacina ou remédio disponível. Portanto, para alcançar uma eventual imunidade de rebanho nesse cenário, seria preciso pedir às pessoas que saiam de casa e se exponham ao vírus no dia a dia. A seguir, você confere quais seriam os riscos de uma recomendação como essa.

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(Ilustrações: Guilherme Henrique/SAÚDE é Vital)
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Um alto preço a pagar

Existem projeções dizendo que 43% da população teria que se infectar com o vírus para atingir a imunidade de rebanho — tem estudo falando em 20%, outros em 80%. Numa conta de padaria, 86 milhões de brasileiros teriam a Covid-19. Quais as consequências? De acordo com as evidências mais recentes, algo em torno de 17 milhões de internações em hospitais e 860 mil mortes. Concorda que são números muito altos e arriscados?

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(Ilustrações: Guilherme Henrique/SAÚDE é Vital)
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Variações geográficas

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(Ilustrações: Guilherme Henrique/SAÚDE é Vital)

Outra enorme dificuldade nessa aposta é a heterogeneidade dos números: a porcentagem de indivíduos que já foram infectados varia muito de uma cidade para outra dentro de um país tão grande como o Brasil.

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Data de validade

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(Ilustrações: Guilherme Henrique/SAÚDE é Vital)

A ciência ainda não sabe quanto tempo um paciente fica imune após a Covid-19. Pode ser que essa proteção se prolongue pela vida toda, mas há o risco de que ela dure só três meses — daí não existe chance de imunidade de rebanho.

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Vírus mutante

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(Ilustrações: Guilherme Henrique/SAÚDE é Vital)

O Sars-CoV-2 é estável e parece não sofrer mutações genéticas. Porém, não se pode descartar a hipótese de que ele passe por alterações que o deixem mais forte (ou o enfraqueçam). Com isso, o limiar de proteção se altera.

Fontes: Natália Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência; Otavio Ranzani, médico epidemiologista da Universidade de São Paulo e do Instituto de Saúde Global de Barcelona

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