O médico alemão Edzard Ernst carrega a homeopatia no sangue. Seu avô e seu pai eram homeopatas e ele próprio seguiu os passos de seus antepassados após se formar na Universidade de Munique, em sua terra natal. Sua curiosidade, porém, fez com que tomasse um caminho oposto: professor de medicina complementar da Universidade de Exeter, no Reino Unido, ele passou a estudar profundamente a eficácia das terapias alternativas ou integrativas e concluiu que sua especialidade não tinha respaldo na ciência.
“Os produtos homeopáticos, em sua maioria, não possuem nada além de açúcar, mas, mesmo assim, eles podem ser danosos se utilizados como uma opção que substitui tratamentos realmente efetivos. Se sua mãe tem câncer e opta pela homeopatia, isso claramente só vai acelerar a morte dela”, disse o pesquisador a SAÚDE durante sua última visita ao Brasil.
Após uma série de artigos, reportagens, palestras e livros, Ernst se tornou um dos mais notáveis céticos da medicina e chegou a ter um bate-boca público com o príncipe Charles, o primeiro nome da linha de sucessão ao trono britânico e grande apoiador da homeopatia. A briga repercutiu em sua própria carreira, pois ele acabou aposentado compulsoriamente de seu cargo na universidade inglesa antes da hora.
O cientista alemão foi precursor, na verdade, de um movimento que se intensificou na última década com o objetivo de restringir ou eliminar a homeopatia de serviços públicos de saúde e até seu ensino nas universidades. A justificativa é bem pragmática: em época de crise e austeridade fiscal, por que gastar dinheiro de impostos com algo cujo ganho terapêutico seria, no mínimo, duvidoso?
De 2015 pra cá, países como Reino Unido, França, Espanha, Austrália e Estados Unidos passaram a tomar ações críticas e contundentes nesse sentido.
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