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Virosfera

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O mundo também é dos vírus. E o virologista e especialista em coronavírus Paulo Eduardo Brandão, professor da Universidade de São Paulo (USP), guia nosso olhar sobre esses e outros micróbios que circulam por aí.

Eris: estamos diante do coronavírus da discórdia?

Nova variante e temor de outra onda de Covid-19 voltam a colocar o assunto em pauta  — mais um sinal de que a pandemia não acabou ainda

Por Paulo Eduardo Brandão
Atualizado em 13 set 2023, 09h48 - Publicado em 13 set 2023, 09h46
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O vírus muda: circulação do patógeno abre caminho a mutações e variantes. (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Cada vez que o vírus SARS-CoV-2, o causador da Covid-19, mostra uma nova cara e volta a ser notícia, parece que algo completamente inesperado foi descoberto.

Uma nova subvariante ganha espaço… Primeira página em jornais, revistas e portais no mundo todo! E a doença indo e vindo em ondas? Que coisa mais imprevisível, né?! Só que não!

Vírus mutam. Os coronavírus mutam bastante.

O estranho seria não encontrar mutações entre o SARS-CoV “raiz” lá de 2019 e o de hoje. Mudar rapidinho é o que dá sucesso aos vírus na luta pela vida, como diria Charles Darwin, já que um ou outro mutante pode superar as mudanças que ocorrem no seu habitat natural, o organismo dos seus hospedeiros – neste caso, mais comumente, nós.

Os mutantes escalam o pico de sucesso, o habitat imunológico de nosso corpo se curva acompanhado as mudanças. Conforme nossa imunidade se encolhe ao longo de uns meses, as portas se abrem para uma nova invasão de SAR-CoV-2 e uma nova onda de Covid-19 pode vir, “resetando” o ciclo.

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Tudo isso já era de conhecimento científico bem sólido nas décadas de observação de outros coronavírus em seres humanos e outros animais. E muito antes que o SARS-CoV-2 fosse encontrado.

Isso nos traz a subvariante mais popular no momento, a EG.5, ou Eris. O nome vem da deusa grega Eris, a deusa da discórdia, e a subvariante em si vem da Ômicron e foi achada pela primeira vez em 17 de fevereiro de 2023. Agora está envolvida em quase um quinto dos casos de Covid notificados.

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Claro que, graças à vacinação, a gravidade dos episódios decaiu, mas mudanças da proteína de espícula do SARS-CoV-2, aquela que parece uma tulipa grudada no vírus, fazem com que o “botão” dessa estrutura molecular se dobre de um jeito meio diferente, mais ou menos como uma mesma folha de papel pode ser usada para fazer origamis diferentes.

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E daí? Daí que tais mutações e transformações na espícula são as cordas que o SARS-CoV-2 usa para escalar o pico do sucesso, já que os anticorpos contra a versão antiga não bloqueiam a versão nova do vírus tão bem. Mas espere.

Não está tudo perdido para nós. Primeiro, porque temos anticorpos contra outras partes da “tulipa” proteica dos SARS-CoV-2 que não mudaram, anticorpos esses que ficam mais e mais concentrados à medida que nos infectamos ou nos vacinamos.

Segundo, porque a proteção não é só responsabilidade dos anticorpos, mas também de células do sistema imune, como linfócitos, que são treinadas para buscar e destruir o SARS-CoV-2 atraídas pela espícula e demais proteínas escondidas do coronavírus.

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Não há demonstração de que a Eris tenha algo que a torne mais transmissível; mas pode ser que ela esteja sendo mais transmitida e, aí, há uma enorme diferença, pois a culpa recai sobre nós mesmos, já que baixamos a guarda e nos esquecemos de que a pandemia não acabou.

As vacinas contra Covid-19 continuam funcionando contra todas as variações desse vírus. O mesmo vale para as máscaras, para a higiene das mãos e para os antivirais (exceto aqueles baseados em anticorpos, como monoclonais e plasma).

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A subvariante Eris não trouxe a discórdia.

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Ela já estava presente desde o momento em que os primeiros pacientes foram diagnosticados com a infecção há quase quatro anos. Estamos ainda sob a influência do negacionismo e das fake news não só nesse terreno, como também em relação a outras doenças e áreas da ciência.

Nosso mundo atual é a consequência de nossa natureza atual, e temos que lembrar sempre o que escreveu o pensador americano Robert Green Ingersoll no século 19: “Na Natureza, não há recompensas nem punições, apenas consequências”.

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