PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Saúde é pop

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Tá na internet, tá na TV, tá nos livros... tá no nosso dia a dia. O jornalista André Bernardo mostra como fenômenos culturais e sociais mexem com a saúde — e vice-versa.

Aprenda com os mestres como tirar do papel as resoluções de fim de ano

Estima-se que só 8% delas sejam cumpridas. Como mudar isso? Saiba o que prescrevem escritores, médicos, psicólogos e pensadores

Por André Bernardo
26 dez 2019, 08h25
resoluções de fim de ano
O Réveillon vem acompanhado de promessas. Como cumpri-las? (Ilustração: Erika Vanoni/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Desde garoto, o escritor Luiz Fernando Veríssimo já gostava de fazer listas com resoluções de fim de ano. Na crônica Resoluções, publicada na edição de 2 de janeiro de 2011 do jornal O Estado de S. Paulo e incluída na antologia Ironias do Tempo (clique aqui para comprar), o criador de personagens famosos como o detetive Ed Mort, o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté cita algumas delas: “Usar fio dental depois de cada refeição”, “Comer mais verdura” e “Fazer exercício”. Aqui, no item seguinte da mesma lista, acrescenta, irônico, mais uma: “Encontrar maneiras originais de justificar a falta de exercício”.

De uns tempos pra cá, esse gaúcho de 83 anos deixou de fazer resoluções de fim de ano. Em vez disso, aproveita as festas de Natal e Réveillon para ouvir os boleros de Luís Miguel, dançar com os filhos e comer rabanadas, uma de suas iguarias natalinas favoritas. “Resoluções são promessas que fazemos à nossa consciência, em que nem a nossa consciência acredita mais”, faz graça.

Em 2011, o site americano 43 Things fez uma enquete para saber quais são as propostas de fim de ano mais populares que existem. Cerca de 8 mil internautas participaram da pesquisa. As três primeiras colocadas foram “perder peso”, “aprender algo novo” e “guardar dinheiro”. Outras bem votadas foram “arranjar um emprego”, “ler mais” e “parar de fumar”.

“Resoluções muito genéricas, como perder peso, por exemplo, tendem a não dar certo. O ideal é fazer resoluções mais específicas. Que tal se matricular numa academia de ginástica ou começar a correr na praia? Quanto mais específica, melhor. Isso aumenta as chances de sucesso”, afirma o psicólogo Ronald Fischer, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).

Fazer resolução de fim de ano é fácil. Todo mundo faz. Difícil é cumpri-la. Quase ninguém consegue. Um estudo da Universidade de Scranton, nos Estados Unidos, apurou que apenas 8% dos americanos cumprem as decisões que tomam no fim do ano. Entre os britânicos, o percentual é um pouco melhor: 12%.

A exemplo de Veríssimo, o psiquiatra Luiz Alberto Py também é adepto das listas. “No ano seguinte, lá pelo finalzinho de dezembro, gosto de pegar a lista do ano anterior e checar quantas resoluções consegui cumprir. O que eu fiz e o que eu deixei de fazer? Faltou disciplina, organização? O que posso fazer para melhorar? À medida que cumpro umas, acrescento outras”, diz.

Continua após a publicidade

Tudo novo de novo

Mas, afinal, para que servem as determinações de fim de ano? Com a palavra, a escritora Martha Medeiros: “Resoluções são fundamentais o ano inteiro. Estamos sempre fazendo planos e tentando melhorar. Estão aí as segundas-feiras que não me deixam mentir. A segunda-feira é o dia mundial do começo da dieta, do começo da academia, do começo da vida sem cigarro. Mas o 1º de janeiro é o pai de todos os inícios. Por que não abraçar essa fantasia?”, indaga a autora de Divã e Felicidade Crônica.

Para Frei Betto, elas servem para “prometer a si mesmo que, no próximo ano, serei melhor do que no atual”. O escritor dá alguns exemplos: comer menos, fazer exercícios, atuar em uma causa social, ficar menos tempo nas redes sociais… “O problema é que muitos não passam das intenções às ações”, lamenta o autor de Fome de Deus e Minha Avó e Seus Mistérios.

O que fazer para, como diria o frade dominicano, “passar das intenções às ações”? Para começo de conversa, o historiador Leandro Karnal, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sugere traçar apenas três metas. “Melhor do que trinta”, frisa. Só que essas metas têm de ser exequíveis.

O filósofo Luiz Felipe Pondé, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coautor de Felicidades – Modos de Usar, concorda e acrescenta: “Faça resoluções mais simples e menos audaciosas. Resoluções que levem em conta seu cotidiano real e não uma pessoa que não é você”.

Continua após a publicidade

No que diz respeito ao número de resoluções, o neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é ainda mais econômico: “Escolha apenas uma, pelo critério de relevância, e foque nela”, recomenda o autor de O Oráculo da Noite: A História e a Ciência do Sonho.

Manual de instruções

Definidas as resoluções – ou resolução, no caso de Sidarta Ribeiro –, que tal partir para a ação? A dica de Ronald Fischer é estabelecer metas alcançáveis e, logo depois, estipular prazos realistas para persegui-las. “Metas inalcançáveis e prazos irrealistas podem gerar frustração. Fuja delas”, sugere.

Para Luiz Alberto Py, nenhuma meta é alcançável se não houver disciplina. “Você gosta de si mesmo? Então, demonstre que sim e procure melhorar”, provoca. Na opinião de Karnal, tão importante quanto a disciplina é a insistência. “Premie-se se atingir o objetivo proposto. E insista. Combine com um amigo ou amiga sobre atingir metas em comum. E insista. Reflita sobre o horizonte a ser alcançado. E insista. Não basta ter uma boa ideia, é preciso ter insistência”, prescreve o autor de O Dilema do Porco-Espinho.

O mais importante, ressalta Martha Medeiros, é não se estressar. A lista de resoluções, explica, é só um empurrão. Não pode virar angústia. O que importa, continua, é estar psicologicamente aberto a evoluir. “Pior é não ter plano nenhum, objetivo nenhum, motivação nenhuma. Isso, sim, é desolador. Faça sua lista. Se você cumprir dois entre dez itens, já é um movimento a ser comemorado”, incentiva.

Continua após a publicidade
Os conselhos dos mestres

“Faça uma lista de suas resoluções. Quando chegar dezembro, dê uma olhada nela e confira quantas resoluções você conseguiu cumprir. Daí, pergunte a si mesmo: o que eu me propus a fazer e não fiz? Por que eu não consegui fazer? Faltou disciplina, organização? O que eu posso fazer para melhorar?”
Luiz Alberto Py (psiquiatra)

“Em vez de fazer resoluções genéricas, como perder peso ou aprender mandarim, dê preferência a resoluções mais específicas, como matricular-se numa academia de ginástica ou em um curso de línguas. Além disso, estabeleça metas alcançáveis e estipule prazos realistas”.
Ronald Fischer (psicólogo)

“Escolha apenas uma resolução, pelo critério de relevância, e foque nela”.
Sidarta Ribeiro (neurocientista)

“Faça resoluções mais simples e menos audaciosas. Resoluções que levem em conta seu cotidiano real e não uma pessoa que não é você”.
Luiz Felipe Pondé (filósofo)

Continua após a publicidade

“Estabeleça três metas exequíveis (melhor do que trinta) e, todo dia 15, procure revisar suas resoluções. Reforce o motivo de sua meta. Premie-se se atingir o objetivo proposto. Combine com um amigo ou amiga sobre atingir metas em comum. Reflita sobre o horizonte desejado. E insista”.
Leandro Karnal (historiador)

“Não se estresse com resoluções de fim de ano. A lista é só um empurrão. Não pode virar angústia. O que importa é estar psicologicamente aberto a evoluir. Pior é não ter plano nenhum, objetivo nenhum, motivação nenhuma. Isso, sim, é desolador! Faça a sua lista. Se cumprir dois entre dez itens, já é um movimento a ser comemorado”.
Martha Medeiros (escritora)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.