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Tá na internet, tá na TV, tá nos livros... tá no nosso dia a dia. O jornalista André Bernardo mostra como fenômenos culturais e sociais mexem com a saúde — e vice-versa.
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Antes do Ano que Vem, um espetáculo que fala sobre empatia e solidão

Escrito por Gustavo Pinheiro, monólogo estrelado por Mariana Xavier reestreia no Janeiro Branco, o mês dedicado à conscientização da saúde mental

Por André Bernardo
18 jan 2024, 09h15

Em 2017, o escritor, dramaturgo e roteirista Gustavo Pinheiro estava na França, curtindo férias, quando leu uma notícia de jornal que o deixou “abismado”: o número de suicídios tende a aumentar no fim de ano. Se, para muitos, Natal e Réveillon são sinônimos de alegria e esperança, para outros, as duas datas comemorativas despertam sentimentos funestos, como tristeza e desespero.

Logo, ele começou a pesquisar o assunto e descobriu que, no Brasil, a situação não era diferente. Segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço voluntário gratuito de prevenção de suicídio que existe desde 1962, as ligações de pessoas pedindo ajuda, através do número 188, registraram, naquele mesmo ano, um aumento de 15% durante o período de festas.

De volta ao Brasil, Gustavo se lembrou da atriz Mariana Xavier que, há tempos, tinha encomendado um texto que fosse ao mesmo tempo divertido e emocionante para encenar. Foi assim que nasceu o monólogo Antes do Ano que Vem, que reestreou no Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro, no último dia 4 de janeiro e segue em cartaz até 25 de fevereiro. “Rir é sempre a melhor forma de encarar assuntos sérios”, explica o autor.

A data de estreia casa com o Janeiro Branco, o mês de conscientização sobre a importância da saúde mental.

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À beira de um ataque de nervos

A história se passa na fictícia Central de Apoio aos Desesperados, em pleno Réveillon. No espetáculo, Mariana Xavier interpreta sete personagens – a principal é Dizuíte, a faxineira que não vê a hora da Dra. Telma chegar para ela ir para casa, assistir à queima de fogos com a família.

O problema é que, naquela noite, a terapeuta plantonista, com síndrome de pânico, falta ao trabalho e sobra para Dizuíte atender às ligações. E, ao longo da noite, não faltam telefonemas: da anfitriã que convidou um monte de gente para sua festa de réveillon, mas não apareceu ninguém; da socialite falida que está prestes a matar o marido; da adolescente carente que descobre que foi traída pelo namorado com a melhor amiga…

“Ao mesmo tempo em que adorei a ideia de mostrar versatilidade ao público, senti um misto de excitação e pavor: ‘Meu Deus, será que vou dar conta?’ Hoje, estou muito feliz”, orgulha-se a atriz, que pode ser vista também no humorístico Tem que Suar, do Multishow, e, ainda este ano, em dois longas-metragens: Missão Porto Seguro, de Cris D’Amato, e Doce Família, de Carolina Durão.

A ideia original, conta Mariana, era adaptar para o teatro algumas das crônicas do livro Gordelícias (Planeta, 2017- clique para comprar), escrito a oito mãos com as também atrizes Cacau Protásio, Fabiana Karla e Simone Gutierrez. Seria uma forma de comemorar seus 40 anos de idade, completados em 2020. Mas a versão teatral do livro não agradou muito e Gustavo, então, sugeriu um texto original.

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“Quando li, pensei: ‘Cara, é isso!’ Se me tocou, pode tocar outras pessoas”, recorda Mariana. “O texto me emocionou muito, sabe? Estava atravessando um momento de turbulência emocional. Tinha tido as minhas primeiras crises de ansiedade…”. A poucos dias da estreia, em janeiro de 2020, Mariana Xavier levou um tombo, quebrou a perna e se submeteu a uma cirurgia. Para piorar, havia uma pandemia no meio do caminho.

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“As pequenas alegrias da vida”

Por essas e outras, o espetáculo, com direção de Ana Paula Bouzas e Lázaro Ramos, teve que ser adiado por dois anos. Durante os ensaios, Mariana convidou o psicólogo Rossandro Klinjey para conversar sobre saúde mental e esclarecer dúvidas da equipe.

Segundo a atriz, a personagem que mais inspirou cuidado foi Michelle, a adolescente carente que, ao descobrir a traição do namorado, chega a pensar em suicídio.

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A adolescência é, hoje, a faixa etária que corre o maior risco de adoecimento. Muitas vezes, o adolescente tem suas dores invalidadas e, por essa razão, atenta contra a própria vida. ‘Como vamos fazer graça disso?’, pensei. ‘Precisamos tomar muito cuidado!’. Queríamos levar as pessoas a refletir sobre saúde mental, mas, sem disparar nenhum ‘gatilho’ que pudesse prejudicar alguém”, explica a atriz.

E como a atriz Mariana Xavier, hoje com 43 anos, cuida de sua saúde mental?

“Sou uma entusiasta da terapia. Brinco dizendo que devia existir o Bolsa-Terapia. Todo mundo deveria fazer. Alguns, inclusive, deveriam ser obrigados a fazer”, diverte-se. “Se depender de mim, não quero receber alta nunca”, arremata.

Além da terapia, Mariana procura cultivar boas amizades, não descuida do lado espiritual e, ainda, pratica atividades físicas. Outra estratégia de relaxamento e bem-estar é buscar, sem culpa, o que ela chama de “ilhas de prazer”.

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“São esses bons momentos que nos reabastecem para continuar enfrentando os desafios do dia a dia. A peça fala muito disso: descobrir a felicidade nas pequenas alegrias da vida”, filosofa a atriz.

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Espetáculo já foi assistido por 40 mil pessoas

Antes do Ano que Vem estreou no dia 4 de março de 2022, no Teatro Unimed, em São Paulo. De lá para cá, passou por 14 estados e foi assistido por um público estimado em 40 mil pessoas.

“Saí da peça com vontade de abraçar meus pais e de passar mais tempo com meus filhos”, já exclamaram alguns espectadores, ao fim da sessão. “Ah, se fulano tivesse visto essa peça, talvez ainda estivesse entre nós!”, lamentaram outros.

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Todo domingo, depois do espetáculo, o público bate papo com a atriz e um convidado especial. O primeiro da temporada carioca foi a psicóloga Cecília Dassi.

Ex-atriz, ela atuou em novelas como Por Amor, Suave Veneno e O Beijo do Vampiro, entre outras. Um dos temas debatidos na sessão do dia 7 foi o excesso de papéis que as mulheres precisam desempenhar: o de mãe zelosa, de esposa atraente, de profissional bem-sucedida…

“Não é coincidência que todas as personagens da peça sejam femininas. Vivemos numa sociedade que tende a sobrecarregar as mulheres”, lamenta a atriz. “Mas isso não significa que os homens também não adoeçam. Eles adoecem por outras razões: são obrigados a não chorar, a nunca demonstrar fraqueza, a ser o provedor da casa… Ninguém está livre de adoecer mentalmente: homens, mulheres, crianças e adolescentes”.

“O que temos visto, desde que a peça estreou, é que ela entretém, emociona, diverte e conscientiza”, afirma Gustavo Pinheiro. “Se o espectador sair do teatro pensando nas coisas pelas quais vale a pena viver, a missão da peça está cumprida”.

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